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sábado, 15 de setembro de 2012

Mais uma edição histórica de VEJA: Marcos Valério revela segredos do mensalão



“O tumor da corrupção impune assumiu dimensões tão perturbadoras que talvez só possa ser lancetado por um quadrilheiro de grosso calibre ─ alguém como Marcos Valério”.

                              Por Augusto Nunes

Foi esse o fecho do post publicado em 26 de agosto (veja a seção Vale Reprise), que resume num dos parágrafos o que ocorreria se o publicitário vigarista que virou diretor-financeiro da quadrilha do mensalão resolvesse abrir o bico.


“As revelações de Roberto Jefferson abalaram as fundações do governo Lula e devassaram o bordel das messalinas disfarçado de templo das vestais. O teor explosivo das histórias que Valério tem para contar é infinitamente maior. Depois da primeira prisão preventiva, ele avisou mais de uma vez que, se fosse abandonado no barco a caminho do naufrágio, afundaria atirando ─ e tinha balas na agulha tanto para mensaleiros juramentados quanto para Lula”.


Não era blefe, atesta mais uma histórica edição de VEJA. Embora não tenha esgotado seu estoque de segredos, o que Marcos Valério já contou é suficiente para convencer o mais fanático petista de que o mensalão existiu, apertar a corda que envolve o pescoço dos antigos comparsas e devolver o ex-presidente Lula ao olho do furacão que quase o levou para longe do poder em 2005.
As revelações começam já na capa ─

Não podem condenar só os mequetrefes. Só não sobrou para o Lula porque eu, o Delúbio e o Zé não falamos” ─ e se estendem pela reportagem de oito páginas assinada por Rodrigo Rangel. Confiram sete disparos de grosso calibre:


“Lula era o chefe”.
“Dirceu era o braço direito do Lula, o braço que comandava”.
“O Delúbio dormia no Alvorada. Ele e a mulher dele iam jogar baralho com o Lula à noite”.
“O caixa do PT foi de 350 milhões de reais”.
“(Depois da descoberta do escândalo), meu contato com o PT era o Paulo Okamotto. O papel dele era tentar me acalmar”.
“O PT me fez de escudo, me usou como boy de luxo. Mas eles se ferraram porque agora vai todo mundo para o ralo”.
“Vão me matar. Tenho de agradecer por estar vivo até hoje”.


A caixa-preta foi aberta. Só poderá ser fechada por meio da violência. Para impedir que o pior aconteça, basta que as autoridades policiais completem o serviço, o Ministério Público cumpra seu dever e o Judiciário inteiro se mire no exemplo dos oito do Supremo.

Líder do PT diz que denúncias de Valério terão “tratamento corriqueiro”


Para Jilmar Tatto, o empresário está desesperado porque
‘sabe que vai para a cadeia’



SÃO PAULO. O líder do PT na Câmara, deputado Jilmar Tatto, classificou de "ato de desespero" as declarações atribuídas a Marcos Valéria em reportagem da revista "Veja".

Segundo ele, o empresário estaria tentando envolver o nome do ex-presidente Lula no mensalão porque "sabe que vai parar na cadeia".

Ainda de acordo com o deputado, o assunto deve ter um "tratamento corriqueiro" pelo PT.


_ Esse tipo de ação é um ato de desespero de quem está no banco dos réus, de quem sabe que vai ser preso, de quem sabe que vai parar na cadeia _ disse Tatto, referindo-se às condenações de Valério No Supremo Tribunal Federal (STF).

De acordo com Tatto, a direção do partido não deve entrar com uma ação contra as denúncias que teriam sido feitas por Valério.

_ Nem conversei com o presidente do PT (Rui Falcão). Mas, com certeza, esse assunto vai ter um tratamento corriqueiro _ disse.


15/09/12


REVELADOS SEGREDOS EXPLOSIVOS DE VALÉRIO, QUE TEME SER ASSASSINADO




1) Mensalão movimentou R$ 350 milhões;

2) Lula, com Dirceu de braço direito, era o chefe;

3) presidente recebia pessoalmente doadores clandestinos;

4) publicitário se encontrou no Palácio com Dirceu e Lula várias vezes;
5) Delúbio, o tesoureiro, dormia com frequência no Alvorada



Por Reinaldo Azevedo

Vocês já viram a capa da revista VEJA. A reportagem traz informações estarrecedoras.

O publicitário Marcos Valério sabe que vai para a cadeia — e não será por pouco tempo. E está, obviamente, infeliz e revoltado. Acha que será o principal punido de uma cadeia criminosa que tinha, segundo ele, na chefia, ninguém menos do que Luiz Inácio Lula da Silva, então presidente da República — aquele mesmo que, ao encerrar o segundo mandato, assegurou que iria investigar quem havia inventado essa história de mensalão, “uma mentira”…

Reportagem de capa de Rodrigo Rangel, na VEJA desta semana, revela, agora, um Marcos Valério amargo e, como se vê, propenso a falar o que sabe — o que tem feito com alguns amigos.

Só que ele está com medo de morrer. Tem certeza de que será assassinado se falar tudo o que sabe. Acho, no entanto, que ele deveria fazê-lo. Os que podem estar interessados na sua morte temem justamente o que ele não contou — e a melhor maneira de preservar o segredo é eliminando-o.

Que peça proteção formal ao Estado e preste um serviço aos brasileiros.

Na sessão de quinta-feira do Supremo, num dia em que não temeu em nenhum momento o ridículo, o ministro Dias Toffoli — que vinha tendo uma boa atuação até o julgamento do mensalão (ele decida o que fazer de sua biografia!) — ensaiou uma distinção politicamente pornográfica entre “o valerioduto” (cuja existência ele admitiu, tanto que condenou o empresário) e o “mensalão como chama a imprensa”…

Ficou claro que o ministro acha que são coisas distintas, como se o empresário tivesse delinquido, sei lá, apenas por interesse pessoal.

A verdade, assegura Valério, é bem outra.

Abaixo, seguem trechos da reportagem de VEJA. Reputo como o texto jornalístico mais explosivo publicado no Brasil desde a entrevista de Pedro Collor às Páginas Amarelas da VEJA.

Abaixo, uma síntese das sete páginas.

“O CAIXA DO PT FOI DE R$ 350 MILHÕES”
A acusação do Ministério Público Federal sustenta que o mensalão foi abastecido com 55 milhões de reais tomados por empréstimo por Marcos Valério junto aos bancos Rural e BMG, que se somaram a 74 milhões desviados da Visanet, fundo abastecido com dinheiro público e controlado pelo Banco do Brasil. Segundo Marcos Valério, esse valor é subestimado. Ele conta que o caixa real do mensalão era o triplo do descoberto pela polícia e denunciado pelo MP. (…) “Da SM P&B vão achar só os 55 milhões, mas o caixa era muito maior. O caixa do PT foi de 350 milhões de reais, com dinheiro de outras empresas que nada tinham a ver com a SMP&B nem com a DNA”.

(…)
LULA ERA O CHEFE DO ESQUEMA, COM JOSÉ DIRCEU

Lula teria se empenhado pessoalmente na coleta de dinheiro para a engrenagem clandestina, cujos contribuintes tinham algum interesse no governo federal. Tudo corria por fora, sem registros formais, sem deixar nenhum rastro. Muitos empresários, relata Marcos Valério, se reuniam com o presidente, combinavam a contribuição e em seguida despejavam dinheiro no cofre secreto petista. O controle dessa contabilidade cabia ao então tesoureiro do partido, Delúbio Soares, que é réu no processo do mensalão e começa a ser julgado nos próximos dias pelos crimes de formação de quadrilha e corrupção ativa. O papel de Delúbio era, além de ajudar na administração da captação, definir o nome dos políticos que deveriam receber os pagamentos determinados pela cúpula do PT, com o aval do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, acusado no processo como o chefe da quadrilha do mensalão: “Dirceu era o braço direito do Lula, um braço que comandava”.
(…)



VALÉRIO SE ENCONTROU COM LULA NO PALÁCIO DO PLANALTO VÁRIAS VEZES
A narrativa de Valério coloca Lula não apenas como sabedor do que se passava, mas no comando da operação. Valério não esconde que se encontrou com Lula diversas vezes no Palácio do Planalto. Ele faz outra revelação: “Do Zé ao Lula era só descer a escada. Isso se faz sem marcar. Ele dizia vamos lá embaixo, vamos”. O Zé é o ex-ministro José Dirceu, cujo gabinete ficava no 4º andar do Palácio do Planalto, um andar acima do gabinete presidencial. (…) Marcos Valério reafirma que Dirceu não pode nem deve ser absolvido pelo Supremo Tribunal, mas faz uma sombria ressalva. “Não podem condenar apenas os mequetrefes. Só não sobrou para o Lula porque eu, o Delúbio e o Zé não falamos”, disse, na semana passada, em Belo Horizonte. Indagado, o ex-presidente não respondeu.

(…)

PAULO OKAMOTTO, ESCALADO PARA SILENCIAR VALÉRIO, TERIA AGREDIDO FISICAMENTE A MULHER DO PUBLICITÁRIO


“Eu não falo com todo mundo no PT. O meu contato com o PT era o Paulo Okamotto”, disse Valério em uma conversa reservada dias atrás. É o próprio Valério quem explica a missão de Okamotto: “O papel dele era tentar me acalmar”. O empresário conta que conheceu o Japonês, como o petista é chamado, no ápice do escândalo. Valério diz que, na véspera de seu primeiro depoimento à CPI que investigava o mensalão, Okamotto o procurou. “A conversa foi na casa de uma funcionária minha. Era para dizer o que eu não devia falar na CPI”, relembra. O pedido era óbvio. Okamotto queria evitar que Valério implicasse Lula no escândalo. Deu certo durante muito tempo. Em troca do silêncio de Valério, o PT, por intermédio de Okamotto, prometia dinheiro e proteção. A relação se tornaria duradoura, mas nunca foi pacífica. Em momentos de dificuldade, Okamotto era sempre procurado. Quando Valério foi preso pela primeira vez, sua mulher viajou a São Paulo com a filha para falar com Okamotto. Renilda Santiago queria que o assessor de Lula desse um jeito de tirar seu marido da cadeia. Disse que ele estava preso injustamente e que o PT precisava resolver a situação. A reação de Okamotto causa revolta em Valério até hoje. “Ele deu um safanão na minha esposa. Ela foi correndo para o banheiro, chorando.”

O PT PROMETEU A VALÉRIO QUE RETARDARIA AO MÁXIMO O JULGAMENTO NO STF

O empresário jura que nunca recebeu nada do PT. Já a promessa de proteção, segundo Valério, girava em torno de um esforço que o partido faria para retardar o julgamento do mensalão no Supremo e, em último caso, tentar amenizar a sua pena. “Prometeram não exatamente absolver, mas diziam: ‘Vamos segurar, vamos isso, vamos aquilo’… Amenizar”, conta. Por muito tempo, Marcos Valério acreditou que daria certo. Procurado, Okamotto não se pronunciou.

“O DELÚBIO DORMIA NO PALÁCIO DA ALVORADA”

Nos tempos em que gozava da intimidade do poder em Brasília, Marcos Valério diz guardar muitas lembranças. Algumas revelam a desenvoltura com que personagens centrais do mensalão transitavam no coração do governo Lula antes da eclosão do maior escândalo de corrupção da história política do país. Valério lembra das vezes em que Delúbio Soares, seu interlocutor frequente até a descoberta do esquema, participava de animados encontros à noite no Palácio da Alvorada, que não raro servia de pernoite para o ex-tesoureiro petista. “O Delúbio dormia no Alvorada. Ele e a mulher dele iam jogar baralho com Lula à noite. Alguma vez isso ficou registrado lá dentro? Quando você quer encontrar (alguém), você encontra, e sem registro.” O operador do mensalão deixa transparecer que ele próprio foi a uma dessas reuniões noturnas no Alvorada. Sobre sua aproximação com o PT, Valério conta que, diferentemente do que os petistas dizem há sete anos, ele conheceu Delúbio durante a campanha de 2002. Quem apresentou a ele o petista foi Cristiano Paz, seu ex-sócio, que intermediava uma doação à campanha de Lula.

(…)

EMPRÉSTIMOS DO RURAL FORAM FEITOS COM AVAL DE LULA E DIRCEU

“O banco ia emprestar dinheiro para uma agência quebrada?” Os ministros do STF já consideraram fraudulentos os empréstimos concedidos pelo Banco Rural às agências de publicidade que abasteceram o mensalão. Para Valério, a decisão do Rural de liberar o dinheiro — com garantias fajutas e José Genoino e Delúbio Soares como fiadores — não foi um favor a ele, mas ao governo Lula. “Você acha que chegou lá o Marcos Valério com duas agências quebradas e pediu: ‘Me empresta aí 30 milhões de reais pra eu dar pro PT’? O que um dono de banco ia responder?” Valério se lembra sempre de José Augusto Dumont, então presidente do Rural. “O Zé Augusto, que não era bobo, falou assim: ‘Pra você eu não empresto’. Eu respondi: ‘Vai lá e conversa com o Delúbio’. ”A partir daí a solução foi encaminhada. Os empréstimos, diz Valério, não existiriam sem o aval de Lula e Dirceu.

“Se você é um banqueiro, você nega um pedido do presidente da República?”



15/09/2012

A CAPA DE VEJA – TALVEZ A MATÉRIA MAIS EXPLOSIVA DEPOIS DA ENTREVISTA DE PEDRO COLLOR


Amanhã, quando vocês acordarem, encontrarão aqui algumas informações a respeito.


Por Reinaldo Azevedo


Como os sete ministros que perderam o emprego depois da aparição na procissão dos pecadores, mensaleiros graduados ─ e com eles os protetores e os comparsas ─ constatarão em poucas horas que, no Brasil, sábado é o mais cruel dos dias para quem tem culpa no cartório. Não é pouco o que já se sabe sobre o maior dos escândalos. Mas não é tudo, gritam os segredos revelados na reportagem de capa de VEJA. Além de iluminar caminhos que conduzem a catacumbas ainda por devassar, o conjunto de descobertas confirma, detalha e amplia operações criminosas urdidas pela quadrilha desbaratada em 2005.

Demorou sete anos, mas o chefão do bando foi arrastado para o pântano.

E os subcomandantes submergiram de vez.





sexta-feira, 14 de setembro de 2012

'Profanadores da República'



Corruptos são 'profanadores da República', diz ministro



Notícia
FELIPE RECONDO
Agência Estado

A condenação do núcleo operacional do mensalão pelo crime de lavagem de dinheiro levou os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) a classificarem corruptos e corruptores de "profanadores da República", conforme expressão usada pelo ministro Celso de Mello.

"A corrupção é tão preocupante que leva, pela venda, pela desnaturação no exercício na função pública, pelo comércio ultrajante da função pública a mais que uma apatia cívica, leva a um ceticismo cívico",
afirmou o presidente da Corte, o ministro Carlos Ayres Britto.

"Os cidadãos deixam de acreditar na seriedade do poder público", enfatizou Britto.

Decano da Corte, Celso de Mello afirmou que a lavagem de dinheiro, crime que estava sob julgamento ontem, mereceu preocupação especial da comunidade internacional e pode, se permanecer impune, interferir na economia e na democracia do País.

"A preocupação básica - e o atual processo pode lamentavelmente constituir expressão dessa preocupação da comunidade internacional - é impedir que a lavagem de dinheiro, pelos diversos mecanismos utilizados, se valha de agentes e autoridade da República, que penetre na intimidade do aparelho de Estado para, a partir dos ganhos colossais que percebem ao longo da prática criminosa, exercer uma gama extensa de poder político em ordem até mesmo a comandar o Estado", afirmou Celso de Mello.

Os ministros se disseram impressionados com o desvio de R$ 73 milhões do Banco do Brasil, dinheiro que alimentou as empresas do pivô do mensalão, Marcos Valério, por meio de contratos de publicidade.

"Essa operação e a consciência de que aquele serviço (de publicidade) não seria prestado é uma dessas operações que é digna de estudos", afirmou o ministro Gilmar Mendes.

Ele ressaltou que chamou a atenção "a facilidade com que se tira do Banco do Brasil R$ 73 milhões" para "alimentar propósitos políticos ou de outra índole". Na próxima semana, os ministros começam a julgar aqueles que foram os efeitos políticos do mensalão.

O tribunal julgará se o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu se valeu desse aparato para comprar o apoio de parlamentares do PP, PR, PMDB e PTB durante o governo Lula.

Ou se o dinheiro movimentado pelo mensalão e que foi parar nas mãos de parlamentares serviu para o pagamento de despesas de caixa dois de campanha.




13 de setembro de 2012

Os números do Ibope em SP e por que Haddad tem mais motivos para se preocupar do que Serra.





Ou: Tutelado por Lula, Dilma e Marta, petista empaca.

Ou ainda: Esquerdismo é coisa de rico!



Segundo pesquisa Ibope/Rede Globo publicada ontem, Celso Russomanno, do PRB, segue na dianteira na disputa pela Prefeitura de São Paulo, com 35% das intenções de voto. Em duas semanas, ele passou de 31% para 35%.


O tucano José Serra oscilou um ponto para baixo no período e ficou com 19%, e o petista Fernando Haddad também baixou um ponto, ficando com 15%. A margem de erro é de três pontos para mais ou para menos. Num eventual segundo turno, o candidato do PRB venceria o tucano (52% a 22%) e o petista (50% a 25%).


Se Serra (33%) e Haddad se enfrentassem (37%), haveria uma situação de empate técnico. Se os números estiverem certos, o que temos? Segundo o Ibope, nesses 15 dias, Serra parou de cair (a oscilação de um ponto com margem de erro de três é irrelevante), e Haddad parou de subir.


Ainda assim, como é evidente, os dois se encontram num patamar muito inferior ao do líder e não têm muitos motivos para comemorar. Mas por que a situação é pior para Haddad?

Não, não é só porque se situa na margem inferior do empate técnico — muito provavelmente atrás do tucano. Isso poderia estar em curso numa trajetória de ascensão. Mas o que a pesquisa registra é uma possível estagnação. E isso acontece quando dois de seus cabos eleitorais “fortes” entram em campo: a presidente Dilma e a ex-prefeita, agora ministra, Marta Suplicy. Lula, considerado por Marta a encarnação do próprio “Deus”, está na TV desde o início do horário eleitoral.

Na quinta, dia 6, Dilma fez seu pronunciamento de Sete Setembro, no intervalo de “Avenida Brasil”. Na segunda, dia 10, passou a ser uma das estrelas da campanha. O Ibope fez as suas entrevistas entre segunda e quarta, em meio ao “bombardeio Lula-Dilma-Marta”. Não só a candidatura não se moveu como pode ter perdido fôlego.

Espero que o PT se comporte desta vez. A memória não depõe a favor do partido. Em dificuldades em 2006, tentou o dossiê dos aloprados; buscando dar a grande arrancada em 2010, montou um bunker para fazer mais um falso dossiê contra Serra. Que resista, desta feita, à tentação da baixaria. Adiante. Uma próxima pesquisa dirá se há mesmo aí uma tendência. De todo modo, há 15 dias os petistas anunciam uma ultrapassagem, plantando notinhas na imprensa, que se esquece de acontecer.


Sabem que seu próprio tracking (pesquisa telefônica diária) não é nada bom para o seu candidato.

Vamos adiante. No dia 11, escrevi aqui um post intitulado “Russomanno resolveu baratear o progressismo e o conservadorismo. E a imprensa ‘iluminista’ não sabe o que fazer com ele. Bem feito!”. Evidenciei ali como o jornalismo dito “progressista” criou um monstrengo eleitoral chamado Russomanno, que vai para o segundo turno, com chances reais de vencer o adversário. Tomando emprestado, em outro contexto, um mote do querido Diogo Mainardi, escrevo: “acreditem em mim!”. Naquele texto, escrevi isto:

O que se chama “fenômeno” não tem nada de misterioso ou inexplicável, já escrevi aqui. O rapaz que é incapaz de manter um diálogo consequente sobre a cidade, além das frases de efeito, conseguiu se tornar o beneficiário tanto do sentimento de rejeição à gestão Kassab — meticulosamente cultivado pelos supostos bem-pensantes ao longo de quase quatro anos — como da rejeição, vejam que coisa! — ao próprio petismo.

Num caso, basta-lhe a) fazer críticas fáceis e erradas à administração; caso vença e ponha em prática tudo o que promete, aí, sim, conheceremos o caos na cidade. No que concerne à rejeição ao petismo, b) basta-lhe exercer o que costumo chamar de “conservadorismo rancoroso e desinformado”, e pronto! A imprensa, esmagadoramente pró-Haddad, não sabe lidar com isso. Algumas das “denúncias” que faz contra Russomanno só contribuem ou para fortalecê-lo para consolidar sua posição. Nem por isso têm de ser evitadas. Apenas registro um fato.


Volto
Leiam estes dados colhidos pela Pesquisa Ibope, segundo o Estadão Online:

A pesquisa mais recente revela que, nas regiões da cidade nas quais candidatos do PT venceram nas últimas três eleições majoritárias (para presidente, governador e prefeito), nada menos que 40% dos eleitores indicam Russomanno como seu preferido. É o dobro da taxa obtida por Haddad. Nas mesmas áreas, Serra tem apenas 10%.


Nas zonas antipetistas, onde o partido perdeu nas últimas três eleições, o candidato do PRB também está na frente, mas com índice menor: 31%. O tucano vem em seguida, com 25%, e Haddad aparece com 12%.”

O “Data Tio Rei” não pesquisa eleitores; pesquisa só a lógica. O eleitorado tradicionalmente petista na periferia não é exatamente “petista”, mas “petizado”, o que é coisa muito diferente. Ser esquerdista, no Brasil, requer certos privilégios de classe que o povo não tem; esquerdismo é coisa de rico. O PT costuma seduzir essas camadas com a sua crítica fácil e suas promessas mirabolantes. Russomanno tem-se mostrado melhor nessas artimanhas. E, como se vê, tomou um naco do eleitorado do partido. Mas também conquistou, já expus os motivos, uma fatia dos paulistanos antipetistas — ainda que com seu conservadorismo mequetrefe.

Em tese (em tese, reitero!), dadas as características dos respectivos eleitorados, Serra tem mais condições de retomar alguns eleitores que desertaram da base do PSDB do que Haddad de retomar alguns que desertaram da base do petismo. No primeiro turno, no entanto, a esta altura do jogo, não é uma tarefa fácil. Os brancos e nulos (13%) e os que não opinaram (6%) somam ainda 19%, o que é muita coisa. Parece que tucanos e petistas sabem que sua principal tarefa agora é impedir que a maioria dessa massa migre para o adversário, consolidando o segundo lugar — e isso explica o acirramento dos embates entre Haddad e Serra.

Quarto cabo eleitoral
E olhem que Haddad tem um quarto cabo eleitoral militante: amplos setores da imprensa paulistana, grandes propagadores do “novo”. Não perceberam que Russomanno surfava justamente na onda da “novidade” — onda que parece ter força para chegar à praia do primeiro turno.

Não há nada decidido, é claro! Uma pesquisa do Datafolha do dia 13 de setembro de 2008 apontava Gilberto Kassab com 21%, Geraldo Alckmin com 20% e Marta Suplicy com 37%. Kassab se elegeu no segundo turno com mais de 60% dos votos válidos.

Uma nota final
O grande fiasco dessa eleição atende pelo nome de Gabriel Chalita. A sua fórmula que parecia mágica — um peemedebista tão sensato que parecesse tucano e tão “do social” que parecesse petista — deu com os burros n’água.


O seu ar beato seduziu pouca gente (6% por enquanto, segundo Ibope), mesmo prometendo ônibus de graça para “estudantes carentes”.

Na próxima, convém prometer tênis de graça, camiseta de graça, cerveja de graça, livros de poesia de graça, graça de graça… Quem sabe dê certo.
14/09/2012

Charge






Chico Caruso

Flagrantes da posse de Marta na Cultura


As fotografias de Orlando Brito  mostram vários momentos da posse da nova ministra da Cultura, Marta Suplicy, no Palácio do Planalto



por Gerson Camarotti
categoria Governo Dilma

Entre as imagens, momentos de descontração da família Suplicy em Brasília, e um momento de reflexão da presidente Dilma Rousseff, cuja expressão facial produziu momentaneamente uma marca sobre os lábios (foto abaixo).







 
  
(Fotos: Orlando Brito)

13/09/12

Mensalão: o operador do esquema vai para a cadeia



Mensalão

Somadas, as penas imputadas a Marcos Valério ultrapassam oito anos, impondo regime fechado; núcleo do Banco Rural também foi condenado
Veja on line
Laryssa Borges e Gabriel Castro

Marcos Valério, o "carequinha": pena será em regime fechado
(Celso Junior/AE)
Após 23 sessões de julgamento do mensalão, o Supremo Tribunal Federal (STF) já condenou o publicitário Marcos Valério de Souza, operador e um dos símbolos do escândalo que assolou o governo Lula, a cumprir uma longa pena trancafiado numa cela.

Valério, o “carequinha” que emergiu após o estouro do mensalão em 2005, cumprirá pena pelos crimes de lavagem de dinheiro, corrupção ativa e peculato.

Até o final do julgamento, ainda responderá pelos crimes de formação de quadrilha e evasão de divisas em dezenas de operações fraudulentas.

Somadas, as penas imputadas a ele ultrapassam oito anos de prisão, o que obriga o cumprimento em regime fechado.

O tempo que ficará trancafiado será muito maior devido aos agravantes - chefiar um núcleo do esquema, por exemplo -, mas esse cálculo só será feito após o término do julgamento, na chamada fase da “dosimetria”.

Além de Valério, classificado ainda na fase pré-julgamento pelo ministro Joaquim Barbosa como “expert em lavagem de dinheiro”, outros réus já julgados na ação penal do mensalão correm o risco de ter de preparar a mudança para um presídio federal.

Os banqueiros Kátia Rabello, José Roberto Salgado e Vinícius Samarane, que colocaram o Banco Rural a serviço do esquema criminoso com empréstimos fraudulentos e administração bancária à margem da lei, já foram apenados por gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro.

As penas mínimas dos dois ilícitos, juntas, chegam a seis anos de reclusão. E eles também podem ser condenados por evasão de divisas e formação de quadrilha.

Os réus João Paulo Cunha, deputado federal, o ex-diretor do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato, e os sócios de Valério, Ramon Hollerbach e Cristiano Paz completam a lista dos já condenados por mais de um crime no julgamento do mensalão e também devem amargar o cumprimento de pena em reclusão.

Elo direto com o núcleo político do escândalo, Marcos Valério deve ter suas atividades ilícitas utilizadas pelo ministro Joaquim Barbosa como argumento na próxima semana para pedir a condenação dos parlamentares que, corrompidos, venderam votos em benefício do governo Lula.

O publicitário mineiro foi apresentado ao PT pelo ex-deputado Virgílio Guimarães, que levou o operador do esquema criminoso diretamente ao então tesoureiro petista, Delúbio Soares.

Os tentáculos do publicitário nas repartições da República foram verificados ainda na intermediação dele para que a banqueira Kátia Rabello pudesse se reunir com o então todo-poderoso ministro da Casa Civil José Dirceu e negociar diretamente benefícios da liquidação do Banco Mercantil, de Pernambuco.

Esses fatores serão cruciais para os ministros comprovarem a ligação entre o publicitário e parlamentares que, a partir de propinas, venderam seus votos no Congresso.

13/09/2012

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Tumultos do “Inverno Árabe” se espalham; abriu-se a Caixa de Pandora




 Manifestantes invadem embaixada dos EUA no Iêmen (Foto: Mohamed al-Sayaghi/Reuters)

“Inverno Árabe”

                                 Por Reinaldo Azevedo

O texto abaixo está na VEJA.com, com informações das agências France-Presse e EFE. Nesta noite ou nesta madrugada, voltarei ao assunto. Publiquei na manhã desta quinta um post sobre o que chamo desde abril do ano passado de “Inverno Árabe”, referindo-me à expansão de várias modalidades de fundamentalismo, sob o manto de uma dita “primavera”.

Não caiam na conversa de que tudo isso foi motivado por um “filme”, sobre os quais se têm informações obscuras. Os israelenses e os judeus, claro!, são apontados como os suspeitos de sempre. O filme é mero pretexto. Não por acaso, as “revoltas” tiveram início num… 11 de setembro, dia em que o embaixador americano na Líbia foi assassinado.

Ao apoiar a “Primavera Árabe”, os EUA abriram a Caixa de Pandora. Como no mito, só a esperança ficou presa ao fundo.
*
Dois dias após o embaixador dos Estados Unidos ser morto na Líbia como resultado de uma revolta causada contra um filme anti-islamita americano, a onda de revolta atinge cada vez mais países islâmicos. Na sede diplomática americana em Sanaa, capital do Iêmen, confronto entre policiais e manifestantes deixou pelo menos um morto e diversos feridos. Além do Egito, onde os protestos continuam, há registro de distúrbios no Irã e no Iraque. Postos diplomáticos em outros países estão em alerta.

No Cairo, os protestos foram promovidos pelo segundo dia seguido. Uma manifestação diante da embaixada dos Estados Unidos resultou em confronto entre policiais e manifestantes. A população respondeu às tentativas das forças de segurança de dispersar o grupo atirando pedras, garrafas e coquetéis molotov contra os oficiais. Dados das autoridades locais apontam que pelo menos 13 pessoas ficaram feridas.

O presidente do Egito, Mohammed Mursi, disse nesta quinta-feira que condena qualquer difamação ao profeta Maomé, mas assegurou que fará o necessário para garantir a segurança das embaixadas e dos turistas estrangeiros em seu país, afirmando também que o povo egípcio é “civilizado e rejeita tais atos ilícitos”.


Mursi disse que, em conversa por telefone com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, pediu o fim deste tipo de comportamento ofensivo ao Isão. Segundo ele, o mandatário americano assegurou que as ações são obra de uma “minoria” que não representa a nação.


Iêmen
Em Sanaa, centenas de manifestantes revoltados com a representação de Maomé como um aproveitador mulherengo que abusava de crianças e incitava matanças no filmeInnocence of Muslims (A Inocência dos Muçulmanos) conseguiram entrar na embaixada americana, mas foram dispersados pela polícia, que fez disparos para o alto e lançou jatos d’água para afastar o grupo. Fontes apontam que os invasores gritavam palavras em defesa de Maomé e tinham como objetivo atear fogo em alguns automóveis estacionados no local. Uma testemunha citada pelo The New York Times disse que a bandeira americana foi queimada, sendo substituída pela iemenita. O número de pessoas feridas não foi revelado.

O porta-voz da representação diplomática do Iêmen em Washington, Mohammed Albasha, disse que seu governo condena o ataque e que irá “honrar as obrigações internacionais para assegurar a segurança dos diplomatas”.

Irã
Em Teerã, quase 500 pessoas participaram de um protesto perto da embaixada da Suíça – que representa os interesses dos Estados Unidos no Irã – contra o filme. Mais de 200 policiais e bombeiros conseguiram impedir a aproximação dos manifestantes da sede diplomática. Os funcionários diplomáticos foram retirados do local por precaução. Os manifestantes gritavam frases como “Morte aos Estados Unidos” e “Morte a Israel”.


Iraque
No Iraque, centenas de simpatizantes do radical xiita Moqtada al-Sadr, que comanda uma milícia que combate a presença americana no país, protestaram na cidade de Najaf, a cerca de 150 quilômetros da capital Bagdá. Assim como em Teerã, eles gritavam frase de ódio contra o filme, os Estados Unidos e Israel. Najaf, uma das principais localidades sagradas dos xiitas, abriga o mausoléu de Ali, figura central desta corrente religiosa.

Em razão dos protestos, Obama já havia declarado, na quarta-feira, que os Estados Unidos irão elevar imediatamente a segurança de seus diplomatas em todo o mundo.

“Eu ordenei à minha administração que forneça todos os recursos necessários para apoiar a segurança de nossos funcionários na Líbia, e para aumentar a segurança de nossos postos diplomáticos em todo o planeta.” Outros postos diplomáticos ao redor do mundo declararam alerta recentemente, como Armênia, Burundi, Kuwait, Filipinas, Sudão, Tunísia e Zâmbia.

YouTube
O governo da Indonésia, país de maior população muçulmana do planeta, solicitou nesta quinta-feira ao site YouTube o bloqueio do filme que provocou manifestações de violência contra americanos no mundo muçulmano.


“Este filme é, sem dúvida alguma, um insulto para uma religião e provocou indignação entre os muçulmanos da Indonésia”, disse o porta-voz do ministério da Informação e Comunicações, Gatot Dewa Broto.

O governo do Paquistão bloqueou o acesso ao site ontem para evitar uma onda de protestos no país onde uma grande porcentagem da população segue a religião de uma forma extremista.

O filme
Innocence of Muslimssegundo as primeiras informações, teria sido produzido no sul da Califórnia – financiado com doações de judeus – por uma americano de origem israelense, identificado pelo Wall Street Journal como Sam Bacile. A obra provocou manifestações de repúdio em vários países após representar o profeta Maomé como um trapaceiro sem caráter e com fortes instintos sexuais. Para o islamismo, qualquer frepresentação do profeta Maomé é considerada uma forma de pecado, passível de altas punições dependendo do país onde a religião é praticada.

As revoltas tiveram início no Egito e na Líbia, onde o diplomata Christopher Stevens e dos outros três americanos morreram em um ataque ao consulado do país na cidade de Bengasi.


O governo líbio reconheceu que perdeu o controle da situação. Segundo o vice-ministro do Interior, Wanis al Sharf, as forças de segurança líbias foram incapazes de interromper os manifestantes que atacaram o consulado.




13/09/2012

Pesquisa diferente


A pesquisa tucana



Por Lauro Jardim
O tracking do PSDB destoa – e muito – das pesquisas das últimas pesquisas do Ibope e Datafolha.

Ontem, por exemplo, registrava 25% para Celso Russomanno, 22% para José Serra e 12% para Fernando Haddad.



Fotógrafo surpreende Marta Suplicy mostrando acusações contra seu próprio suplente “evangélico” e “homofóbico”




Na capa do jornal Correio Braziliense desta quinta-feira, brilha novamente um fotógrafo, que apanhou a mensagem da tela do iPad da senadora Marta Suplicy, que acaba de trocar o apoio ao ex-ministro Fernando Haddad pela vaga de ministra da Cultura.

. A mensagem é a segunda mensagem indecente que Marta Suplicy passa em menos de 48 horas, já que a primeira foi a negociata de transação política.

. As fotos mostram Marta Suplicy com a senadora Lídice da Mata, ambas do PT.

A agora ministra exibe um e-mail que denuncia seu suplente, Antonio Carlos Rodrigues, do PR de SP, como “evangélico” e “homofóbico”, o que o impediria de assumir a relato4ria de projeto de lei que criminaliza a homofobia.

O PLC 122, denominado Projeto Anti-Homofobia tramita no Congresso desde 2011.

Marta tirou o projeto da gaveta e assumiu a relatoria, que irá para seu suplente, o senador Rodrigues.
13 de setembro de 2012

Toma lá dá cá



Marta, Sarney e Dilma durante a posse

Notícia
O Estado de S.Paulo

Nesse nada edificante episódio da nomeação de Marta Suplicy para o Ministério da Cultura é difícil saber quem fica pior na foto:

a presidente Dilma, que não teve o menor escrúpulo de ceder à pressão de Lula e tratar uma pasta que deveria ter importância estratégica como mera moeda de troca num cambalacho político-eleitoral;

a própria Marta, cuja máscara de mulher de princípios caiu quando chegaram em seu preço e ainda teve a insolência de fazer cara de surpresa;

ou Fernando Haddad, que não se poupou do papel ridículo: "Quem conhece a presidente Dilma sabe que com ela não existe esse tipo de toma lá dá cá".

Negar evidências incômodas e salvar aparências convenientes é como que impulso natural dos políticos, que por deformação profissional usam as palavras menos para revelar do que para dissimular a verdade.


Mas nada consegue escamotear o fato de que entregar a Cultura à astuciosamente rebelde Marta foi a maneira que Lula encontrou, e "sugeriu" à presidente da República que colocasse em execução, de matar dois coelhos com uma só cajadada: comprar o apoio da ex-prefeita à candidatura de Fernando Haddad e minar o aval do PR à de José Serra, presenteando com uma cadeira no Senado um dos líderes dessa legenda, o vereador paulistano Antonio Carlos Rodrigues, suplente de Marta.

Não é de hoje que Dilma Rousseff se rendeu à pressão do lulopetismo e entregou-se por inteiro às práticas que fazem a má fama da chamada classe política.

Não há por que, portanto, estranhar que tenha cumprido com tanta presteza a determinação de seu mentor.

Não foi a primeira nem será a última vez.

Não se pode deixar passar em branco, no entanto, a circunstância de que nesse cambalacho eleitoral serviu como moeda de troca um Ministério que deveria ser tratado com mais respeito por qualquer governo que leve a sério o pleno desenvolvimento do país a longo prazo.

Cultura, porém, está claro que é a última das prioridades para o petismo, cujo líder máximo entende que fazer apologia da ignorância é uma maneira de proteger os pobres da sanha predadora das elites perversas.
Não há outra explicação - além, é claro, da habitual incompetência gerencial - para o fato de que os mais importantes projetos que Lula anunciou ainda como presidente, como a nova Lei Rouanet e o tão decantado Vale-Cultura, permaneçam até hoje em sono profundo nas gavetas federais.

Marta Suplicy, por seu turno, está cada vez mais parecida com ela mesma. Galgou o primeiro plano da política ao eleger-se prefeita de São Paulo em 2000, derrotando Paulo Maluf no segundo turno.

Ao longo de quatro anos de administração, marcada por obras importantes da área social, construiu com dedicação e esmero a imagem de uma autossuficiência arrogante que acabou lhe valendo elevados índices de rejeição entre os paulistanos.

Como consequência, logrou a proeza de não se reeleger: foi derrotada por José Serra, em 2004.

Em 2006 perdeu para Aloizio Mercadante nas prévias do PT para escolha do candidato a governador.

Em 2008 perdeu para Gilberto Kassab a eleição para prefeito de São Paulo.

Em 2010 elegeu-se senadora.

No ano passado Marta estava mais uma vez empenhada em sua candidatura à Prefeitura paulistana quando Lula interveio para impor o nome de Fernando Haddad.

A reação da senadora não poderia ter sido pior: fez beicinho e todos os tipos de malcriações, que chegaram ao clímax quando Lula abraçou Maluf nos jardins da casa deste.

Era a própria imagem da indignação diante de uma manobra política "inaceitável".

Tudo jogo de cena: lá está ela hoje tomando posse no Ministério da Cultura e fazendo comício e passeata em São Paulo ao lado de Haddad e de seus companheiros malufistas.
Finalmente, Fernando Haddad.

Levado pela mão, de um lado, pelo chefão, e de outro pela presidente que promete "sintonia" com a futura administração paulistana, desfruta de um por enquanto débil movimento ascendente nas pesquisas de intenção de voto e finge não ver o que até as pedras sabem:

"Se tivesse a ver com a minha campanha, (a nomeação de Marta) teria sido feito muitos meses antes.

Quem conhece o estilo da presidenta Dilma sabe que não é assim que ela funciona".

Então, tá.

13 de setembro de 2012


O Circo



Todo circo tem que ter palhaço, pois circo sem palhaço é sorriso sem graça

Todavia, os tribunais devem ser sérios

E devem ser sérios porque não se faz justiça sem seriedade de procedimentos

Por Sebastião Ventura Pereira da Paixão Jr

Ocorre que o julgamento da Ação Penal 470 – batizada marcialmente de “mensalão” – tem servido de palco para atos até então impensáveis. Confesso que estremeci quando escutei a defesa de Delúbio Soares reconhecer, em alto e bom som, o uso de dinheiro ilícito. Simplesmente não acreditei no que estava a escutar. Afinal, creio que “nunca antes na história deste país” o plenário da Suprema Corte havia passado pelo constrangimento de ouvir calado uma confissão categórica do meretrício da atividade político-partidária brasileira. Eis aí, a raiz de tudo que estamos a presenciar.

O fato é que não temos partido autêntico no Brasil. Talvez o último tenha sido o extinto Libertador, partido pequeno e verdadeiro e verdadeiro porque pequeno. Criado em 1928 por Assis Brasil, os libertadores tinham inspiração nos ideais superiores do inigualável Gaspar Martins. Sabedores de que a política alta se fazia com impessoalidade e desambição, o PL era um partido de ideias e de princípios e não de pessoas e interesses. Com a morte do bom e velho Assis, coube a Raul Pilla envergar a nobre bandeira, vindo, mais tarde, a entregá-la a Paulo Brossard que, com brilho e coragem, imprimiu uma aguerrida pugnacidade diplomática na firme luta pelo restabelecimento da lei e da liberdade. Sabidamente, o Movimento de 64, ao escutar o eco do arbítrio, implodiu com o embrião partidário que ali florescia com frutos, após a dura invernada do Estado Novo. Nesse contexto, o fim dos partidos marcou uma viagem sem volta ao mundo do autoritarismo, trazendo consigo anomalias institucionais que ainda deixam cicatrizes profundas na democracia nacional.

Lá se vão mais de 20 anos de redemocratização, e o país ainda espera um autêntico projeto de nação. Com a chegada do PT ao governo, foi visto que os discursos cândidos de outrora não passavam de orações sem fé. No poder, o novo oficialato abandonou a virtude e se abraçou no vício com religioso fervor, vindo a cometer aquilo que o Procurador-Geral da República, no fiel desempenho de sua nobre função, classificou de “o mais atrevido e escandaloso caso de corrupção e desvio de dinheiro público registrado no Brasil”. Não faço juízo de valor; apenas registro o fato. Porém, o fato registrado dispensa maiores comentários.

Infelizmente, a política virou um grande espetáculo profano. O valor das ideias foi substituído pela força do dinheiro. Não é de estranhar, portanto, que, ao invés de um bom doutrinador, os partidos precisem hoje da mágica de um marqueteiro safo. Com isso, é possível dar tintas a faces opacas, inventando sorrisos fúteis para tristes fins. Diante de tantas cores de mentira, a plateia não sabe onde está a pureza da verdade. No final, fica a dúvida: os palhaços seriam eles ou somos nós?

Sebastião Ventura Pereira da Paixão Jr é advogado e especialista do Instituto Millenium.

O guerrilheiro de festim conspira com a família entrincheirado na casa da mãe



 
Por Augusto Nunes

José Dirceu anda espalhando que está preparado para o pior.

Acha que será condenado pelos ministros do Supremo Tribunal Federal, e receberá sem surpresa até a notícia de que vai dormir na cadeia.

O ex-chefe da Casa Civil acusado de acumular a chefia da quadrilha do mensalão segue convencido de que não existem provas suficientes para puni-lo.

Mas descobriu que a opção pelo castigo é “uma tendência da corte”.

Em linguagem clara: Dirceu começou a ensaiar o papel de injustiçado por um “julgamento político”.
À exceção de Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski no caso do mensaleiro João Paulo Cunha, até agora todos os ministros votaram amparados nos autos do processo, no Código Penal, em teorias expostas com clareza e nos fatos expostos no extraordinariamente sólido relatório de Joaquim Barbosa.

O guerrilheiro de festim sabe disso.


Se acreditasse no que anda recitando, já estaria fardado de comandante e convocando para a luta as milícias do partido e as tropas dos movimentos sociais.

Em vez disso, voltou a entrincheirar-se na casa da mãe em Passa Quatro.

Se lhe restou algum juízo, já está combinando com a família o que cada parente deverá levar-lhe nas visitas dominicais.


12/09/2012

A engenharia da desordem




Cachorro mordido de cobra tem medo de lingüiça
 
Por Olavo de Carvalho
Diário do Comércio


Todo mundo sabe que a base eleitoral do ex-presidente Lula, bem como a da sua sucessora, está nas filas de beneficiários das verbas do Fome Zero.


Embora a origem do programa remonte ao governo FHC, o embrulhão-em-chefe conseguiu fundi-lo de tal maneira à imagem da sua pessoa, que a multidão dos recebedores teme que votar contra ele seja matar a galinha dos ovos de ouro.
No começo ele prometia, em vez disso, lhes arranjar empregos, mas depois se absteve prudentemente de fazê-lo e preferiu, com esperteza de mafioso, reduzi-los à condição de dependentes crônicos.

O cidadão que sai da miséria para entrar no mercado de trabalho pode permanecer grato, durante algum tempo, a quem lhe deu essa oportunidade, mas no correr dos anos acaba percebendo que sua sorte depende do seu próprio esforço e não de um favor recebido tempos atrás.

Já aquele cuja subsistência provém de favores renovados todos os meses torna-se um puxa-saco compulsivo, um servidor devoto do “Padim”, um profissional do beija-mão.

O político que faz carreira baseado nesse tipo de programa é, com toda a evidência, um corruptor em larga escala, que vive da deterioração da moralidade popular.

É impossível que o crescimento do Fome Zero não tenha nada a ver com o da criminalidade, do consumo de drogas e dos casos de depressão.

Transforme os pobres em mendigos remediados e em poucos anos você terá criado uma massa de pequenos aproveitadores cínicos, empenhados em eternizar a condição de dependência e extrair dela proveitos miúdos, mas crescentes, fazendo do próprio aviltamento um meio de vida.

Mas o assistencialismo estatal vicioso não foi o único meio usado pela elite petista para reduzir a sociedade brasileira a um estado de incerteza moral e de anomia.
Na mesma medida em que se absteve de criar empregos, o sr. Lula também se esquivou de dar aos pobres qualquer rudimento de educação, por mais mínimo que fosse, para lhes garantir a longo prazo uma vida mais dotada de sentido.

Durante seus dois mandatos o sistema educacional brasileiro tornou-se um dos piores do universo, uma fábrica de analfabetos e delinqüentes como nunca se viu no mundo.

Ao mesmo tempo, o governo forçava a implantação de novos modelos de conduta – abortismo, gayzismo, racialismo, ecolatria, laicismo à outrance etc. --, sabendo perfeitamente que a quebra repentina dos padrões de moralidade tradicionais produz aquele estado de perplexidade e desorientação, aquela dissolução dos laços de solidariedade social, que desemboca no indiferentismo moral, no individualismo egoísta e na criminalidade.

Por fim, à dissolução da capacidade de julgamento moral seguiu-se a da ordem jurídica: o novo projeto de Código Penal, invertendo abruptamente a escala de gravidade dos crimes, consagrando o aborto como um direito incondicional, facilitando a prática da pedofilia, descriminalizando criminosos e criminalizando cidadãos honestos por dá-cá-aquela-palha, choca de tal modo os hábitos e valores da população, que equivale a um convite aberto à insolência e ao desrespeito.

Só o observador morbidamente ingênuo poderá enxergar nesses fenômenos um conjunto de erros e fracassos.

Seria preciso uma constelação miraculosa de puras coincidências para que, sistematicamente, todos os erros e fracassos levassem sempre ao sucesso cada vez maior dos seus autores.

Tudo isso parece loucura, mas é loucura premeditada, racional. É uma obra de engenharia.

Se há uma obviedade jamais desmentida pela experiência, é esta: a desorganização sistemática da sociedade é o modo mais fácil e rápido de elevar uma elite militante ao poder absoluto.

Para isso não é preciso nem mesmo suspender as garantias jurídicas formais, implantar uma “ditadura” às claras.

Já faz muitas décadas que a sociologia e a ciência política compreenderam esse processo nos seus últimos detalhes.

Leiam, por exemplo, o clássico estudo de Karl Mannheim, “A estratégia do grupo nazista” (no volume Diagnóstico do Nosso Tempo, ed. brasileira da Zahar).

A fórmula é bem simples: na confusão geral das consciências, toda discussão racional se torna impossível e então, naturalmente, espontaneamente, quase imperceptivelmente, o centro decisório se desloca para as mãos dos mais descarados e cínicos, aos quais o próprio povo, atônito e inseguro, recorrerá como aos símbolos derradeiros da autoridade e da ordem no meio do caos. Isso já está acontecendo.

A ascensão dos partidos de esquerda à condição de dominadores exclusivos do panorama político, praticamente sem oposição, nunca teria sido possível sem o longo trabalho de destruição da ordem na sociedade e nas almas.
Mas também não teria sido possível se o caos fosse completo.

O caos completo só convém a anarquistas de porão, marginais e oprimidos.

Quando a revolução vem de cima, é essencial que alguns setores da vida social, indispensáveis à manutenção do poder de governo, sejam preservados no meio da demolição geral.

Os campos escolhidos para permanecer sob o domínio da razão foram, compreensivelmente, a Receita Federal, o Ministério da Defesa e a economia.

A primeira, a mais indispensável de todas, porque não se faz uma revolução sem dinheiro, e ninguém jamais chegará a dominar o Estado por dentro se não consegue fazer com que ele próprio financie a operação.
A administração relativamente sensata dos outros dois campos anestesiou e neutralizou preventivamente, com eficiência inegável, as duas classes sociais de onde poderia provir alguma resistência ao regime, como se viu em 1964: os militares e os empresários.
Cachorro mordido de cobra tem medo de lingüiça.

 12 de setembro de 2012

O totalitarismo veste Armani





A expressão PIG, criada por Paulo Henrique Amorim, prontamente acolhida pelo totalitarismo de terno Armani e seus exércitos, só se explica pela dificuldade de conviver com a crítica, com a oposição, com a fiscalização da imprensa livre, com um judiciário independente e, portanto com a própria democracia


Por Percival Puggina
Artigos - Governo do PT
MSM


O velho totalitarismo tornou-se mestre do disfarce.

Durante alguns anos, se fez de morto.

Ganhou sapato novo.

E chegou ao poder no dia 1º de janeiro de 2003.

Hoje, desfila de terno Armani.

Se você, leitor, é daqueles que ainda imaginam o totalitarismo parado numa esquina, maltrapilho, barba por fazer, banho por tomar, distribuindo panfletos contra os patrões e seu "sistema", engana-se.

O totalitarismo está no poder e sua panfletagem se dá pela web.

Conta com um exército de blogueiros e editores de jornais eletrônicos que fazem a mesma coisa de antes com eficiência muito maior.

A velha tática da infiltração para aparelhamento, que outrora ocorria de baixo para cima, agora é feita desde cima, onde há dinheiro à vontade.


Totalitarismo por quê? talvez esteja se perguntando o leitor destas linhas. Afinal, dirá, o regime é democrático, há eleições e as regras do jogo político são cumpridas. De fato, mas cuidado com os disfarces. Não espere o totalitarismo, depois dos vexames que passou mundo afora, exibindo ao público toda sua hórrida nudez. Tampouco o imagine entrincheirado numa encosta de morro, brincando de Fidel Castro e Che Guevara. Nada disso. Renovado, tornou-se sutil. Para reconhecê-lo, é necessário estar atento aos detalhes, observar suas principais afeições políticas, verificar quais são os governantes aos quais dedica seus abraços mais calorosos, o que diz nos fóruns onde solta o verbo, ler as leis que patrocina e o desapreço que manifesta ao cristianismo, à família e à economia de mercado.

Poderia desfiar exemplos, contar casos acontecidos em debates de que participei ou assisti. No entanto, meu assunto aqui diz respeito a algo novo, a uma recente evidência do que estou afirmando. Todos sabemos o quanto a manipulação do vocabulário serve aos projetos totalitários. Nada era menos republicano, democrático e popular do que as repúblicas democráticas e populares nascidas no século 20. Na política, o domínio do vocabulário serve esplendidamente à construção da hegemonia e carimba o passaporte do Príncipe para o poder. Gramsci percebeu isso e, aludindo a Machiavel, disse que o novo príncipe é o partido. Pois bem, se o leitor for atento ao que se fala nos blogs e sites de relacionamento para onde convergem milhões de pessoas no país, por certo já deparou com a palavra PIG. Se não sabe o que é isso, eu traduzo. PIG, que também significa "porco" em inglês, é a sigla de Partido da Imprensa Golpista, expressão criada pelo jornalista Paulo Henrique Amorim para designar a mídia de oposição ao governo.

Ora, ora, caros leitores. Se o jogo político está sendo jogado em conformidade com as regras. Se os quartéis estão parados como água de poço tampado. Se não há um único projeto de impeachment tramitando no Congresso Nacional. Se a oposição, escangalhada, em vão procura um líder. Se nenhum movimento de massa faz aquilo que o Partido dos Trabalhadores era useiro e vezeiro nas suas campanha de Fora Sarney, Fora Collor, Fora FHC. Onde, raios, estão os sinais de golpe? A expressão PIG, criada pelo Amorim, prontamente acolhida pelo totalitarismo de terno Armani e seus exércitos, só se explica pela dificuldade de conviver com a crítica, com a oposição, com a fiscalização da imprensa livre, com um judiciário independente e, portanto, com a própria democracia. Voilá! - conforme queríamos demonstrar. Nem precisaria rejeitar tudo isso junto para ser totalitário. A palavra PIG, por fim, me remete às páginas policiais, onde, cotidianamente, se leem matérias sobre crimes passionais cometidos por pessoas que não suportam não serem amadas. Os totalitários tampouco conseguem conviver com quem não lhes presta veneração.

***

Gato por lebre

Alguém já viu, na propaganda da candidata do PCdoB em Porto Alegre, alguma vez, o símbolo da foice e do martelo? Alguma vez, em destaque, o nome do próprio partido? Eu não vi. O foco está sempre posto no nome da candidata, na letra "M" e no número 65. Por que será?

E quando algum dos outros candidatos vai apontar para essa escandalosa ocultação que a candidata faz de sua ideologia?

08 Setembro 2012