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sábado, 8 de dezembro de 2012

Operação abafa Rose


Diante das ameaças da ex-chefe de gabinete da Presidência Rosemary Noronha, integrantes do PT montam estratégia para acalmá-la e evitar que suas revelações causem mais transtornos para o partido e para o governo
Josie Jeronimo

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Duas semanas depois de sair do conforto do anonimato que lhe permitia operar nos bastidores do poder, a ex-chefe do gabinete da Presidência em São Paulo Rosemary Nóvoa de Noronha, indiciada na Operação Porto Seguro, ainda é um pesadelo para a cúpula petista.
Assustada com a possibilidade de ser abandonada por seus antigos padrinhos, Rose vem emitindo recados nada republicanos para integrantes do governo e do PT.

Em conversas com interlocutores, Rose ameaçou contar “tudo o que sabe” e arrastar novos personagens para o epicentro do esquema desvendado pela PF.

Diante disso, nos últimos dias foi articulada uma verdadeira operação abafa na tentativa de tentar serenar os ânimos da secretária de temperamento explosivo.

O objetivo é evitar que o escândalo gere danos maiores sobretudo para autoridades do governo e para o próprio ex-presidente Lula, com quem Rosemary mantinha uma relação antiga.


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SEMPRE ELE
Presidente do Instituto Lula e assessor do ex-presidente, Paulo
Okamotto esteve no apartamento de Rosemary Noronha na terça-feira 4
Para acalmar a ex-secretária da Presidência em São Paulo, foram escalados personagens de peso da cúpula petista.

Entre eles, Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula, e o ex-ministro Luiz Dulci.

Até o ex-presidente Lula entrou no circuito e conversou com Rose, conforme antecipou na última semana a colunista Mônica Bérgamo.
No Congresso, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) e o deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) foram destacados para fazer o meio-campo com os parlamentares e impedir no nascedouro a instalação de uma CPI.

No campo jurídico, o requisitado advogado Celso Vilardi, parceiro do ex-ministro Márcio Thomaz Bastos em casos de grande repercussão, assumiu o caso.

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A operação abafa foi montada no Instituto Lula, que se transformou numa espécie de gabinete de crise desde a eclosão do escândalo envolvendo Rosemary com a fraude de pareceres em órgãos públicos.

Conforme apurou ISTOÉ, Okamotto foi ao apartamento de Rose, no bairro da Bela Vista, na terça-feira 4.

Assim que a encontrou, Okamotto percebeu que a situação era pior do que ele imaginava.

A ex-secretária da Presidência parecia transtornada. Com os cabelos desgrenhados e alterando o tom de voz, nem de longe lembrava a Rose vaidosa, flagrada na investigação da Polícia Federal trocando influência política por cirurgias plásticas.


Com seu jeito zen, Okamotto disse a Rose que estava falando em nome do ex-presidente Lula e que ela não ficaria desamparada. “Calma, Rose. Segura firme. Não vamos te abandonar”.

No mesmo dia, Okamotto também teve que ouvir as lamúrias do marido de Rose, João Vasconcelos, e de sua filha Mirella Nóvoa de Noronha.

Eles reclamaram que o escândalo destruiu suas vidas.

O diretor do Instituto Lula, o ex-ministro Luiz Dulci, também tentou convencer Rosemary a não explodir. A conversa ocorreu pelo telefone. As investidas aparentemente lograram êxito, ao menos por enquanto.

Até o fim da semana, Rosemary havia adiado os planos de jogar gasolina em uma fogueira que o PT tenta apagar pelas beiradas.

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Em outra ponta, o PT também conseguiu anular a influência que o advogado José Luiz Bueno de Aguiar tinha sobre Rose.

No início do escândalo, Bueno divulgou nota em nome da ex-chefe de gabinete sobre as 24 viagens que ela fez ao Exterior em companhia do presidente Lula.

O PT não gostou da manifestação e interpretou o gesto do advogado como autopromoção. Por isso, articulou rápido a troca do defensor.

O nome de Márcio Thomaz Bastos chegou a ser cogitado, mas o ex-ministro da Justiça ponderou junto à cúpula do PT que a associação de seu nome ao de Rosemary poderia atrapalhar mais do que ajudar, pois ele é conhecido como conselheiro de Lula.

Assim, a escolha pendeu para Vilardi, que caiu nas graças do partido após livrar o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares de uma pena de dois dígitos no julgamento do mensalão.

Delúbio foi condenado a oito anos e 11 meses. Os petistas temiam que o ex-tesoureiro tivesse a maior punição entre os réus do núcleo político.

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Vilardi não adianta detalhes da estratégia de defesa, mas diz que a primeira orientação dada a sua cliente foi o silêncio.

“Assumi o caso agora. Ela não saiu do País. Está em São Paulo, vivendo normalmente. Nesse momento, não pode nem pensar em falar nada.”

Não falar e aparecer o mínimo possível foram os conselhos do advogado a Rose.

Fechada no apartamento do bairro da Bela Vista, onde mora, Rose agora vive longe da vida de mimos e bajulações que tinha à frente do gabinete da Presidência.

Com o rosto estampado em jornais, revistas e televisão, a ex-chefe de gabinete já não sai às ruas sem ser incomodada e cumpre uma espécie de prisão domiciliar voluntária desde que as investigações da Polícia Federal a apontaram como operadora de um esquema de corrupção e tráfico de influência.

Nem os vizinhos e porteiros do prédio a deixam em paz. Em busca de um semianonimato, ela fechou o apartamento. Desde a quarta-feira 5, sumiu dos olhos dos moradores do bairro da Bela Vista.

Convencido de que, ao menos por ora, conseguiu acalmar os nervos de Rose, o governo passou a se dedicar ao Congresso.

A primeira estratégia foi chamar os inimigos para um pacto de cavalheiros e evitar uma CPI.

O próprio Lula procurou o alto comando do PSDB e apelou para o bom-senso. Na conversa, segundo parlamentares do PSDB ouvidos pela IstoÉ, o ex-presidente afirmou que a oposição faz seu papel ao questionar as denúncias de corrupção no governo, mas defendeu a importância de manter a Operação Porto Seguro no âmbito das instituições democráticas, evitando ataques à vida pessoal dos envolvidos.

Os tucanos concordaram e confessaram a Lula que não se sentiriam confortáveis apelando para detalhes da vida íntima de ninguém.

Os oposicionistas avisaram, no entanto, que não pouparão o chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), Luís Inácio Adams, nem qualquer um dos gestores flagrados na investigação.

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Escaldado, o governo mobilizou os parlamentares aliados no Congresso.

No Senado, o líder do governo Eduardo Braga (PMDB-AM) comandou a tropa de choque na audiência pública realizada na quarta-feira 5, para ouvir o ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, e o ministro Adams.

PT e PMDB se uniram para esvaziar a reunião e deixar a oposição falando sozinha. Durante quase quatro horas de sessão, da ala governista apenas os senadores José Pimentel (PT-CE) e Eduardo Braga se dirigiram a Cardozo e Adams.

Eles usaram o tempo, porém, para elogiar as instituições brasileiras, que, segundo eles, investigam “doa a quem doer” irregularidades na administração pública.

Na mesma quarta-feira 5, Lindbergh Farias (PT-RJ) foi encarregado pela cúpula do PT de articular as bancadas para barrar requerimentos que possam convocar Rosemary a prestar esclarecimentos no Congresso.

Na Câmara, a missão de puxar o freio e chamar os deputados da base para a operação abafa foi dada a Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).

O PT disse a Alves que a atuação no escândalo Rosemary será o teste final de lealdade que o governo precisa para entregar ao PMDB a presidência das duas Casas no próximo ano.

Em fevereiro, o deputado peemedebista será o candidato apoiado pelo PT para comandar a Câmara. O PMDB topou a missão de entrar na operação de blindagem a Rosemary, mas avisa que cobrará a fatura na reforma ministerial prevista para o próximo ano.

Fotos: Pedro Ladeira/Frame; Magdalena Gutierrez/Valor; JosÈ Varella/CB/D.A Press; Adriano Machado/ag. istoé
08.Dez.12

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Para instruir a canalha ignorante. O gênio e o idiota em imagens



Por Reinaldo Azevedo

Esta é a Universidade de Constantine, em Argel, na Argélia. A obra, independentemente do ambiente político que a cerca, que não é bom, é a prova do que pode o gênio humano. Foi projetada por Oscar Niemeyer e é, na minha opinião, um de seus mais belos trabalhos.



Mas…
Mas há os fatos. E não me importo em instruir os ignorantes. As reportagens das TVs e dos portais estão fazendo do “comunismo” de Niemeyer uma dimensão de sua generosidade. Como sabemos, ele achava Stálin um “líder fantástico”.

A partir de 1930, o dirigente soviético promove a coletivização forçada do campo. Isso implicava, como política de estado, a destruição dos “kulaks como classe”, a saber: dos camponeses que ainda eram proprietários de terras. Não, nem se tratava de latifundiários: era gente que produzia para a sua sobrevivência e que vivia da venda do excedente.

O principal alvo foram as terras férteis da Ucrânia. Stálin, o grande humanista de Niemeyer, decretou a expropriação de toda a produção rural e a coletivização da terra. Os camponeses resistiram. Morreram assassinadas ou de fome, nesse período, entre cinco milhões e sete milhões de pessoas. Segundo Niemeyer, “a revolução era mais importante”.

Abaixo, reproduzo um trecho da página 70 do livro “Stálin – A Corte do Czar Vermelho”, do respeitado historiador Simon Sebag Montefiore (Companhia das Letras). Vão se instruir, vagabundos!!! Era este homem que Niemeyer cultuou até o fim da vida como exemplo do humanismo comunista. Depois do texto, algumas fotos.
*
(…)
Em janeiro de 1930, Molotov planejou a destruição dos kulaks, que foram divididos em três categorias: “primeira categoria [...] a ser eliminada imediatamente”; a segunda deveria se aprisionada em campos de trabalho; a terceira, 150 mil famílias, deveria ser deportada. Molotov supervisionava os esquadrões da morte, os trens, os campos de concentração, como um comandante militar. Entre 5 e 7 milhões de pessoas caíram nas três categorias. Não havia maneira de selecionar um kulak (…).

Durante 1930-31, cerca de 1,68 milhão de pessoas foram deportadas para o Leste e o Norte. Em poucos meses, o plano de Stálin e Molotov levara a 2.200 rebeliões envolvendo mais de 800 mil pessoas. Kaganóvicth e Mikoian comandaram expedições ao campo com brigadas de soldados da OGPU e trens blindados como se fossem senhores da guerra. Suas cartas manuscritas a Stalin estão marcadas pela emoção fraternal de sua guerra, pelo aperfeiçoamento humano contra os camponeses desarmados: “Tomando todas as medidas quanto a alimentos e grãos”, relatou Mikoian a Stálin, citando a necessidade de acabar com os “sabotadores”: “Enfrentamos grande resistência [...]. Precisamos destruir a resistência”.

No álbum de fotografias de Kaganóvitch, o vemos indo para a Sibéria com o seu pelotão armado de facínoras de jaqueta de couro interrogando camponeses, investigando suas pilhas de feno, descobrindo os grãos, deportando os acusados e avançando novamente, exausto, caindo no sono entre paradas. “O trabalho de Molotov é realmente duro e muito cansativo”, contou Mikoian a Stálin: “O volume de trabalho é tão vasto que precisa de cavalos-vapor”.
(…)

Voltei
Stálin era tão obcecado pelos campos de concentração que andava com uma caderneta no bolso, que trazia a sua localização, quantidade pessoas etc. A inteligência não é incompatível com a canalhice intelectual. O escritor Máximo Gorki, comunista de carteirinha, visitou alguns em companhia do grande líder.

Abaixo, fotos dos corpos que os homens de Stálin foram deixando por onde passavam no processo de coletivização da agricultura. Retomo depois.











Na foto abaixo, os homens de Stálin em ação nas terras férteis da Ucrânia, com seus comboios que iam sequestrando a produção agrícola. A ordem, a depender da área, era não deixar com os camponeses nem mesmo o suficiente para a sua subsistência. Matá-los de fome era uma determinação. Como é mesmo, Niemeyer: “A revolução era mais importante”.



Aqui, mais uma obra de Niemeyer: a Catedral de Brasília. Por isso separei o gênio do idiota; por isso separei o homem que celebrava a vida do homem que celebrava a morte. Sou um humanista.



Perguntem a Ricardo Boechat o que ele pensa a respeito. Perguntem a outros de sua espécie o que há de grandioso e heroico em tudo isso. Se Niemeyer admirasse Hitler, certamente não tentariam salvar do lixo nem mesmo a sua obra. Stálin só viria a ser superado em cadáveres por outro dos heróis do arquiteto: Mao Tsé-tung. O bigodudo matou uns 40 milhões. O tirano chinês quase dobrou a aposta: 70 milhões.

Ninguém quer tocar no assunto? Eu toco. Vejam de novo a catedral e o que pode o gênio humano. Niemeyer fez uma bela catedral sem acreditar em Deus. Não era preciso crer para ser bom. Niemeyer, no entanto, acreditava em Stálin e seus métodos.

E eu lembrei as duas coisas.
                   07.12.2012

A mão do gato


Editorial do Estadão



As investigações da Operação Porto Seguro, que penetraram a intimidade de Lula ao revelar os desmandos de sua companheira e ex-chefe de gabinete em São Paulo, parecem ter tocado um ponto sensível da onipotência do Grande Chefe, que finalmente acusou o golpe e mobilizou a tropa.

Num mesmo dia, três expoentes do lulopetismo apelaram ao melhor argumento de defesa que o PT conhece: o ataque.

O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho; o presidente nacional do partido, Rui Falcão; e o condenado chefe de corruptores José Dirceu entoaram o coro cínico: corrupção havia durante o governo FHC; hoje o que existe é investigação implacável de todas as denúncias.

Mais: os partidos que combatem o governo do PT sofreram mais uma "dura derrota" nas urnas de outubro, por isso, cada vez mais a oposição passa a ser exercida pela "mídia monopolizada e o Judiciário conservador".

Gilberto Carvalho falou em seminário realizado na segunda-feira em Brasília: "As coisas agora não estão mais debaixo do tapete. A PF e os órgãos de vigilância e fiscalização estão autorizados e com plena liberdade para agir. (...)

No governo FHC não havia (autonomia). Agora há". Assim, segundo o raciocínio do amigo de Lula, "pode parecer" que hoje há mais corrupção, mas o que existe "é autonomia e independência das instituições".

A inconformidade irada dos petistas com o julgamento do mensalão pelo STF define claramente o conceito de "autonomia e independência das instituições" cultivado pelo PT.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso reagiu com firmeza ao ataque de Gilberto Carvalho: "Este senhor deveria respeitar o passado e não dizer coisas levianas".

Mencionou o trabalho de reestruturação da PF realizado durante seu primeiro mandato e citou exemplos de ações policiais de ampla repercussão contra poderosos de então, como o senador Jader Barbalho e a governadora Roseana Sarney.

No Rio de Janeiro, durante encontro de prefeitos e vereadores petistas, Rui Falcão seguiu na mesma linha do ministro Carvalho, garantindo que "ninguém mais do que os governos Lula e Dilma combateu mais corrupção e tráfico de influência". Dilma, pelo menos, tem sido implacável com quem é pego com a boca na botija, como sabem vários ex-ministros e a protegida de Lula, Rosemary Noronha. Mas isso, para muitos petistas, tem sentido literal: o feio é ser pego, não é malfazer.

Mas Falcão foi mais longe. Fez questão de dramatizar as dificuldades que o "sistema" impõe ao governo: "Não dá para avançar no Brasil sem uma reforma do Estado que pegue a questão da mídia monopolizada e o Judiciário conservador".

E lamentou: "Não é possível ter mais democracia no Brasil com o atual sistema político-eleitoral, sobretudo se não se conquistar o financiamento público de campanha".

É difícil de entender o presidente do partido que governa o País com 80% de apoio parlamentar, e que está há 10 anos no poder, queixar-se de que "não dá para avançar" e de que a democracia que temos é pouca.

Não há quem discorde de que o Brasil necessita de uma profunda reforma política. Mas o que é que Rui Falcão e seu partido hegemônico fizeram para isso nesses dez anos?

A resposta é pura retórica vazia: tudo é culpa da "oposição real", que "é aquela que reúne grandes grupos que se opõem a um projeto de desenvolvimento independente, que se opõem ao avanço da revolução democrática e que têm, para vocalizar seus interesses, uma certa mídia que tem partido, tem lado, e que permanentemente investe contra nós".

José Dirceu engrossou o coro falando a sindicalistas em Curitiba. Garantiu que mesmo atrás das grades "a luta continua", porque "o poder começa a se deslocar para o outro lado da praça (dos Três Poderes), onde está o Judiciário, e para os grupos de comunicação".

Quando a situação aperta, Lula convoca o velho PT bom de briga. Aquele que em 2002, na campanha presidencial, divulgou um filmete de um minuto criado por Duda Mendonça, em que ratos saem da toca para roer a bandeira do Brasil: "Xô corrupção! Uma campanha do PT e do povo brasileiro".

E o áudio, dramático: "Ou a gente acaba com eles ou eles acabam com o Brasil". Quem diria!
07 de dezembro de 2012

Lya Luft: Uma educação que nos torna medíocres distraídos





Blog do Ricardo Setti

"Queremos, aceitamos, pão e circo, a Copa, a Olimpíada, a balada, o joguinho, o desconto, o prazo maior para nossas dívidas, o não saber de nada sério: a gente não quer se incomodar. Ou pior: nós temos a sensação de que não adianta mesmo"

(Ilustração: Blog do Torcedor)

MEDÍOCRES DISTRAÍDOS

Por Lya Luft

Leio com tristeza sobre quanto países como Coreia do Sul e outros estimulam o ensino básico, conseguem excelência em professores e escolas, ótimas universidades, num crescimento real, aquele no qual tudo se fundamenta: a educação, a informação, a formação de cada um.

Comparados a isso, parecemos treinar para ser medíocres. Como indivíduos, habitantes deste Brasil, estamos conscientes disso, e queremos — ou vivemos sem saber de quase nada? Não vale, para um povo, a desculpa do menino levado que tem a resposta pronta: “Eu não sabia”", “Não foi por querer”.

Pois, mesmo com a educação — isto é a informação — tão fraquinha e atrasada, temos a imprensa para nos informar. A televisão não traz só telenovelas ou programas de auditório: documentários, reportagens, notícias, nos tornam mais gente: jornais não têm só coluna policial ou fofocas sobre celebridades, mas nos deixam a par e nos integram no que se passa no mundo, no país, na cidade.

Alienação é falta grave: omissão traz burrice, futilidade é um mal. Por omissos votamos errado ou nem votamos, por desinformados não conhecemos os nossos direitos, por fúteis não queremos lucidez, não sabemos da qualidade na escola do filho, da saúde de todo mundo, da segurança em nossas ruas.

O real crescimento do país e o bem da população passam ao largo de nossos interesses. Certa vez escrevi um artigo que deu título a um livro: “Pensar é transgredir”. Inevitavelmente me perguntam: “Transgredir o quê?”. Transgredir a ordem da mediocridade, o deixa pra lá, o nem quero saber nem me conte, que nos dá a ilusão de sermos livres e leves como na beira do mar, pensamento flutuando, isso é que é vida. Será? Penso que não, porque todos, todos sem exceção, somos prejudicados pelo nosso próprio desinteresse.

Nosso país tem tamanhos problemas que não dá para fingir que está tudo bem, que somos os tais, que somos modelo para os bobos europeus e americanos, que aqui está tudo funcionando bem, e que até crescemos. Na realidade, estamos parados, continuamos burros, doentes, desamparados, ou muito menos burros e doentes e desamparados do que poderíamos estar. Já estivemos em situação pior ? Claro que sim.

Já tivemos escravidão, a mortalidade infantil era assustadora, os pobres sem assistência, nas ruas reinava a imundície, não havia atendimento algum aos necessitados (hoje há menos do que deveria, mas existe). Então, de certa forma, muita coisa melhorou. Mas poderíamos estar melhores, só que não parecemos interessados.

Queremos, aceitamos, pão e circo, a Copa, a Olimpíada, a balada, o joguinho, o desconto, o prazo maior para nossas dívidas, o não saber de nada sério: a gente não quer se incomodar. Ou pior: nós temos a sensação de que não adianta mesmo. Mas na verdade temos medo de sair às ruas, nossas casas e edifícios têm porteiro, guarda, alarmes e medo.

Nossas escolas são fraquíssimas, as universidades péssimas, e o propósito parece ser o de que isso ainda piore.

Pois, em lugar de estimularmos os professores e melhorarmos imensamente a qualidade de ensino de nossas crianças, baixamos o nível das universidades, forçando por vários recursos a entrada dos mais despreparados, que naturalmente vão sofrer ao cair na realidade. Mas a esses mais sem base, porque fizeram uma escola péssima ou ruim, dizem que terão tutores no curso superior para poder se equilibrar e participar com todos.

Porque nós não lhes demos condições positivas de fazer uma boa escola, para que pudessem chegar ao ensino superior pela própria capacidade, queremos band-aids ineficientes para fingir que está tudo bem. Não se deve baixar o nível em coisa alguma, mas elevar o nível em tudo.

Todos, de qualquer origem, cor, nível cultural e econômico ou ambiente familiar, têm direito à excelência que não lhes oferecemos, num dos maiores enganos da nossa história.

Não precisamos viver sob o melancólico império da mediocridade que parece fácil e inocente, mas trava nossas capacidades, abafa nossa lucidez, e nos deixa tão agradavelmente distraídos.
07/12/2012

Escândalos não viajam: quando voltar ao Brasil, Lula vai encontrar o caso Rose à espera das explicações que não há







Por Augusto Nunes

“O presidente Lula se sentiu esfaqueado pelas costas”, repetiu nesta quinta-feira Paulo Okamoto, tesoureiro particular e amigo íntimo do palanque ambulante que desligou o serviço de som desde a aparição de Rosemary Noronha no noticiário político-policial.

Se fosse uma facada de verdade, o ataque teria interrompido rudemente o sono sem culpas que só é permitido aos bebês de colo, coisa que Lula deixou de ser há mais de 60 anos, aos homens justos, estirpe a que jamais pertenceu, ou a pecadores desprovidos do sentimento da vergonha.

Mas foi uma facada retórica: Okamoto está querendo dizer que, como sempre, o velho amigo não sabia de nada.

Se não necessita de cuidados médicos, Lula precisa encontrar com urgência explicações que não há ─ o que torna o caso mais aflitivo, talvez até mais perigoso do que o escândalo do mensalão.

“Quando não se sabe o que fazer, melhor não fazer nada”, ensinou dom João VI.

Quando não sabe o que dizer, o animador de comício mais falante do Brasil encomenda um surto de mudez malandra e sai de cena.

Atropelado em 23 de novembro pelas descobertas da Operação Porto Seguro, ordenou a Okamoto que espalhasse a fantasia da faca e caiu fora do palco.

Passados 15 dias, ainda não deu um pio sobre a enrascada em que se meteu ao lado de Rose.

Em duas semanas, recuperou a voz duas vezes, mas para falar de coisas sem parentesco com a fábrica de espantos que instalou no escritório paulista da Presidência da República.

Em 27 de novembro, apareceu no Rio para uma festa da Pirelli. Depois de receber um prêmio entregue pela atriz Sophia Loren, cumprimentou-se por ter promovido a pobres 28 milhões de miseráveis e avisou que “o Brasil não vai desperdiçar o século XXI como fez com o século XX”.

Sobre Rose, nem uma vírgula.

No dia 29, ressurgiu em São Paulo num encontro de catadores de lixo e enfeitou a conversa fiada com cifras ainda mais hiperbólicas.

“Muita gente não quer entender por que se levou 40 milhões de pessoas para a classe média, por que se gerou quase 20 milhões de empregos”, queixou-se. “Neste país, as notícias ruins são manchetes, as notícias boas saem pequenininhas”.

Sobre os quadrilheiros que nomeou a pedido de Rose, nem um suspiro.

Sumido há sete dias, vai passar os próximos 15 longe do cenário dos crimes.

Embarcará hoje rumo ao Qatar e promete voltar ao Brasil perto do Natal, depois de escalas na França, na Alemanha e na Espanha.

Não precisou esconder-se tão longe no inverno de 2005, quando descobriu que o silêncio e o sumiço poderiam livrá-lo do afogamento no pântano do mensalão.

Nesta primavera, a reprise da mágica de picadeiro só serviu para confirmar que é bem menos penoso suportar tempestades entrincheirado no gabinete presidencial.

Um ex-presidente não circula por ruas interditadas aos brasileiros comuns, precedido por batedores e escoltado pela multidão de agentes de segurança.

Não voa no Airbus que se chamava AeroLula nem dispõe de uma frota de helicópteros.

Não emudece impunemente quando lhe dá na telha.

Um ex-presidente não se refugia em palácios e escala algum ministro para lembrar aos jornalistas que o Primeiro Servidor da Pátria tem coisas mais importantes a fazer.

Não adia a hora da verdade com a inauguração de quadras prontas, creches inacabadas ou pedras fundamentais.

Pela primeira vez, Lula viu-se em apuros fora do poder. Pela primeira vez, viu-se acossado por acusações e suspeitas amparadas em fatos e documentos.

Foi ele quem promoveu Rosemary Noronha a autoridade da República, foi ele quem exigiu que Dilma Rousseff mantivesse no cargo a vigarista de estimação, foi ele quem transformou delinquentes em diretores de agências reguladoras, foi ele quem confundiu interesses públicos com prazeres privados.

Cedo ou tarde, e em direito a ditar as regras da entrevista, terá de tentar provar que não tem culpa no cartório.

Não será fácil, advertem numerosos e-mails enviados por Rosemary Noronha aos parceiros de quadrilha.

Num recado sem data a Rubens Vieira, por exemplo, a mulher que se apresentava com “namorada do Lula” orienta o comparsa em campanha por uma diretoria da Agência Nacional de Aviação Civil.

“Vou tentar falar com o PR na próxima 3a.feira na sua vinda a São Paulo. Se vc estiver aqui em São Paulo, posso te colocar no Evento de 3a.feira a tarde pelo menos vc cumprimenta só para ele lembrar de vc, aí eu ataco! Bjokas”.

Às 13 horas de 17 de março de 2009, Rubens ficou sabendo que as coisas andavam muito bem: “O PR falou comigo hoje e disse que na terça-feira, quando voltar dos USA, resolve tudo do seu caso e disse que a Mirelle precisa começar a trabalhar logo. Fiquei Feliz!”

Filha de Rose, Mirelle não demorou a ganhar um empregão na Anac. Nunca começou a trabalhar. São apenas duas amostras. Há mais, muito mais.

Nos próximos 15 dias, a viagem poupará o ex-presidente de cobranças constrangedoras.

Mas escândalos não viajam, nem ficam menores se os protagonistas fingem que não o enxergam.

Quando voltar ao Brasil, Lula encontrará à sua espera o caso Rose.

A assombração estará do mesmo tamanho.

Ou maior.

07/12/2012

'A nação não aguenta mais'




'A nação não aguenta mais', afirma Barbosa sobre julgamento

Presidente do Supremo debatia proposta do revisor para reduzir multas.

Barbosa pediu para Lewandowski ser breve: 'Está na hora de acabar'.

Mariana Oliveira
Do G1, em Brasília


O
presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, afirmou durante a 51ª sessão do mensalão nesta quinta-feira (6) que o julgamento "está na hora de acabar". Iniciado em agosto, o julgamento já dura quatro meses.
"A nação não aguenta mais. Está na hora de acabar, está na hora. Como diriam os ingleses: Let´s move on [Vamos seguir em frente]", disse Barbosa, também relator do processo do mensalão, durante diálogo em que pedia celeridade ao revisor do processo, Ricardo Lewandowski.

Naquele instante, o revisor propunha um novo método para definição das multas aos 25 condenados no processo do mensalão.

Lewandowski sugeriu que a pena de multa tivesse um "critério objetivo". Segundo ele, poderia ser o mesmo adotado para a definição das penas de prisão.
Por exemplo, um réu que obteve pena de 3 anos e 6 meses em um crime com pena de 1 anos a 8 meses. Seria feito, então, um cálculo matemático para a multa ser equivalente. Isso reduziria as multas.

No caso do deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP), por exemplo, a multa passaria de 450 dias-multa para 165 dias-multa - de R$ 1,08 milhão para R$ 396 mil.

Barbosa, então, interrompeu a apresentação da proposta e afirmou que a discussão sobre as multas levaria muito tempo. "Se examinar uma por uma a situação de cada um dos réus, pouco importando se o voto de Lewandowski prevaleceu ou não, vamos passar a fevereiro", disse o relator.

"Parece exagerado agora, no final, o tribunal vir a se debruçar sobre operações matemáticas", declarou o presidente do Supremo.
Lewandowski argumentou que um critério específico reduziria o número de recursos por parte dos advogados de defesa.

"Se adotarmos o critério objetivo, reduziria o trabalho de julgar embargos infringentes", disse.

"Os advogados estão aí para isso, eles ganham para isso", rebateu Barbosa.

Celso de Mello, ministro com mais tempo de corte, ressalvou, então, que Lewandowski não estava apresentando uma proposta formal a ser deliberada na corte, apenas estava reformulando seu próprio voto.
O revisor disse que, como o julgamento era "histórico", era preciso que os critérios fossem objetivos. "Esses votos vão ficar para a história, para corrigir eventual incoerência. Queria deixar bem explicitado no meu voto critério objetivo trifásico", disse.
Noutro momento, depois disso, Lewandowski queria prosseguir com a argumentação e perguntou a Barbosa: "Quantos minutos vossa excelência me dá? Dez minutos?".

Barbosa, então, pediu que o revisor fosse "o mais breve possível".


Ao final, o ministro Marco Aurélio Mello disse que não haver pressa no julgamento. "Não estamos correndo contra o relógio. Não pode haver pressa nessa fase importantíssima e nem na conclusão desse julgamento. Devemos marchar com a mais absoluta segurança", afirmou.
A discussão sobre revisão de multas foi adiada para a semana que vem, e a sessão, interrompida para que o presidente Joaquim Barbosa comparecesse ao velório do arquiteto Oscar Niemeyer.
PendênciasApós decidir na quarta (5) que não reduzirá as penas de prisão para os condenados, a corte ainda precisa definir se ajustará as multas fixadas aos réus, se os deputados condenados devem perder os cargos de forma automática e se os condenados devem ser presos imediatamente ao final do julgamento.
No fim da sessão de quarta (5), o ministro com mais tempo de atuação no Supremo, Celso de Mello, afirmou que, em razão dos temas de "magnitude" a serem debatidos, o julgamento só deve ser concluído na semana que vem.

Ainda conforme o ministro, a questão sobre ajuste de multas deve tomar menos tempo do plenário.

"De qualquer maneira, temos dois temas constitucionais dessa magnitude, perda de mandato e a questão da prisão, que não poderão e nem serão debatidas numa só sessão", afirmou Celso de Mello.
Em quatro meses de análise da ação penal, desde 2 de agosto, o STF analisou a conduta dos 37 réus, condenou 25 e fixou punições para cada um dos culpados.
Ainda poderá haver definição sobre se detalhes de cumprimento das penas, como o local dos presídios, serão definidos pelo relator, ministro Joaquim Barbosa, ou se o caso será enviado para um juiz de primeira instância.
Barbosa já disse que enviaria para um juiz de primeiro grau, mas há dúvidas sobre se ele poderá delegar a questão a outro magistrado.

Na quarta, Celso de Mello diz que Joaquim Barbosa terá que decidir.

Veja abaixo como ficaram as penas para os condenados no processo do mensalão.

PENAS FIXADAS PELO STF PARA RÉUS CONDENADOS NO PROCESSO DO MENSALÃO *
Réu
Quem é
Pena de prisão
Multa
Marcos Valério "Operador" do mensalão 40 anos, 2 meses e 10 dias R$ 2,72 milhões
Ramon Hollerbach Ex-sócio de Valério 29 anos, 7 meses e 20 dias
R$ 2,79 milhões
Cristiano Paz Ex-sócio de Valério 25 anos, 11 meses e 20 dias R$ 2,533 milhões
Simone Vasconcelos Ex-funcionária de Valério 12 anos, 7 meses e 20 dias R$ 374,4 mil
Rogério Tolentino Ex-advogado de Marcos Valério 8 anos e 5 meses R$ 312 mil
José Dirceu Ex-ministro da Casa Civil 10 anos e 10 meses R$ 676 mil
José Genoino Ex-presidente do PT 6 anos e 11 meses R$ 468 mil
Delúbio Soares Ex-tesoureiro do PT 8 anos e 11 meses R$ 325 mil
Kátia Rabello Ex-presidente do Banco Rural 16 anos e 8 meses R$ 1,5 milhão
José Roberto Salgado Ex-vice-presidente do Banco Rural 16 anos e 8 meses R$ 1 milhão
Vinícius Samarane Ex-vice-presidente do Banco Rural 8 anos, 9 meses e 10 dias R$ 598 mil
Breno Fischberg Sócio da corretora Bônus Banval 5 anos e 10 meses R$ 572 mil
 
Enivaldo Quadrado Sócio da corretora Bônus Banval 5 anos e 9 meses R$ 28,6 mil
João Cláudio Genu Ex-assessor parlamentar do PP 7 anos e 3 meses R$ 520 mil
Jacinto Lamas Ex-tesoureiro do extinto PL (atual PR) 5 anos R$ 260 mil
Henrique Pizzolato Ex-diretor do Banco do Brasil 12 anos e 7 meses R$ 1,316 milhão
José Borba Ex-deputado federal do PMDB Pena restritiva de direitos (proibição de exercer cargo público bem como mandato eletivo pela mesma duração da pena privativa de liberdade substituída, ou seja, 2 anos e 6 meses) e 300 salários mínimos (no valor vigente à época do crime – R$ 240), que somam R$ 72 mil, em favor de entidade pública ou privada sem fins lucrativos. R$ 360 mil
Bispo Rodrigues Ex-deputado federal do extindo PL 6 anos e 3 meses R$ 696 mil
Romeu Queiroz Ex-deputado federal do PTB 6 anos e 6 meses R$ 828 mil
Valdemar Costa Neto Deputado federal do PR (ex-PL) 7 anos e 10 meses R$ 1,08 milhão
Pedro Henry Deputado federal pelo PP 7 anos e 2 meses R$ 932 mil
Pedro Corrêa Ex-deputado pelo PP 9 anos e 5 meses R$ 1,132 milhão
Roberto Jefferson Ex-deputado pelo PTB 7 anos e 14 dias R$ 720,8 mil
Emerson Palmieri Ex-secretário do PTB Pena restritiva de direitos (proibição de exercer cargo público bem como mandato eletivo pela mesma duração da pena privativa de liberdade substituída, ou seja, 4 anos) e 150 salários mínimos, no montate vigente à época do crime, de R$ 260, no valor de R$ 39 mil, em favor de entidade pública ou privada sem fins lucrativos. R$ R$ 247 mil
João Paulo Cunha Deputado pelo PT 9 anos e 4 meses R$ 370 mil

* As penas e multas ainda podem sofrer ajustes, para mais ou para menos, até o final do julgamento.
Veja abaixo a relação de todos os condenados e absolvidos e as acusações a cada um:
RÉUS CONDENADOS
- Bispo Rodrigues (lavagem de dinheiro e corrupção passiva)
- Breno Fishberg (lavagem de dinheiro)
- Cristiano Paz (corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha)
- Delúbio Soares (corrupção ativa e formação de quadrilha)
- Emerson Palmieri (lavagem de dinheiro e corrupção passiva)
- Enivaldo Quadrado (formação de quadrilha e lavagem de dinheiro)
- Henrique Pizzolatto (corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro)
- Jacinto Lamas (lavagem de dinheiro e corrupção passiva)
- João Cláudio Genu (formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e corrupção passiva)
- João Paulo Cunha (corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro)
- José Borba (corrupção passiva)
- José Dirceu (corrupção ativa e formação de quadrilha)
- José Genoino (corrupção ativa e formação de quadrilha)
- José Roberto Salgado (gestão fraudulenta, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, formação de quadrilha)
- Kátia Rabello (gestão fraudulenta, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, formação de quadrilha)
- Marcos Valério (Corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e formação de quadrilha)
- Pedro Corrêa (formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e corrupção passiva)
- Pedro Henry (lavagem de dinheiro e corrupção passiva)
- Ramon Hollerbach (corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e formação de quadrilha)
- Roberto Jefferson (lavagem de dinheiro e corrupção passiva)
- Rogério Tolentino (lavagem de dinheiro, corrupção ativa, formação de quadrilha)
- Romeu Queiroz (lavagem de dinheiro e corrupção passiva)
- Simone Vasconcelos (lavagem de dinheiro, corrupção ativa, evasão de divisas, formação de quadrilha)
- Valdemar Costa Neto (lavagem de dinheiro e corrupção passiva)
- Vinícius Samarane (gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro)

ABSOLVIÇÕES PARCIAIS (réus que foram condenados em outros crimes)
- Breno Fischberg (formação de quadrilha)
- Cristiano Paz (evasão de divisas)
- Jacinto Lamas (formação de quadrilha)
- João Paulo Cunha (peculato)
- José Borba (lavagem de dinheiro)
- Pedro Henry (formação de quadrilha)
- Valdemar Costa Neto (formação de quadrilha)
- Vinícius Samarane (formação de quadrilha e evasão de divisas)

RÉUS ABSOLVIDOS
- Anderson Adauto (corrupção ativa e lavagem de dinheiro)
- Anita Leocádia (lavagem de dinheiro)
- Antônio Lamas (lavagem de dinheiro e formação de quadrilha)
- Ayanna Tenório (gestão fraudulenta, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e formação de quadrilha)
- Duda Mendonça (lavagem de dinheiro e evasão de divisas)
- Geiza Dias (lavagem de dinheiro, evasão de divisas e formação de quadrilha)
- João Magno (lavagem de dinheiro)
- José Luiz Alves (lavagem de dinheiro)
- Luiz Gushiken (peculato)
- Paulo Rocha (lavagem de dinheiro)
- Professor Luizinho (lavagem de dinheiro)
- Zilmar Fernandes (lavagem de dinheiro e evasão de divisas)

                        06.12.2012


Beija-mão de Barbosa no velório de Niemeyer



Por força do cerimonial ou precaução, o fato é que os ministros petistas presentes ao velório do corpo de Oscar Niemeyer foram todos bater cabeça para o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa.



Ah, se Lula visse...
Joaquim Barbosa
Joaquim Barbosa
 
 

‘The Economist’ defende demissão de Mantega e da equipe econômica




Revista afirma que excesso de intervenção do governo afastou investidores
RIO – Diante do resultado decepcionante do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no terceiro resultado, a revista The Economist subiu o tom contra as intervenções do governo brasileiro na economia e afirmou que a presidente Dilma Rousseff deveria demitir o ministro da Fazenda, Guido Mantega e substituir sua equipe econômica.

A publicação afirmou, em editorial intitulado “Um colapso da confiança”, que Dilma “parece acreditar que o estado deve direcionar as decisões sobre investimento privado”, citando as medidas recentes em relação aos bancos – em que o governo estimulou, por meios dos bancos públicos, a redução dos juros – e ao sistema elétrico, cujas novas regras estão causando controvérsia.

“A preocupação é que a própria presidente é a ‘interventora-chefe’. Mas ela insiste que é pragmática. Se for, ela deveria demitir o sr. Mantega, cujas previsões sempre otimistas causaram a perda da confiança dos investidores, e nomear uma nova equipe capaz de reconquistar a confiança nos negócios”, afirmou a revista, lembrando que o crescimento do PIB do terceiro trimestre, de 0,6%, foi a metade do previsto por Mantega.

Apesar dos esforços do governo, não só em relação aos bancos e elétricas, mas de “outros fornecedores de infraestrutura”, a revista destacou que o investimento teve queda nos últimos cinco trimestres, chegando a apenas 18,7% do PIB, contra 30% no Peru em 2011 e 27% no Chile e na Colômbia.

Isso porque os antigos motores da economia brasileira – os preços em alta das commodities e o consumo interno – estão arrefecendo. A revista diz que, para passar do modelo de crescimento baseado em consumo para o de crescimento baseado em investimento, será necessário reduzir o custo Brasil, “uma combinação de burocracia, impostos altos, crédito caro, infraestrutura em frangalhos e câmbio sobrevalorizado que faz o país ser dolorosamente caro para negociar”.

“O Banco Central pode ficar tentado a reagir aos números mais recentes com outro corte de juros.

Seria um erro.

Em vez disso, o governo deveria redobrar os esforços para cortar o custo Brasil, por exemplo, atacando as leis trabalhistas – e portanto deixando os espíritos animais do setor privado rugirem”.


O artigo termina citando possíveis impactos dos resultados econômicos fracos na disputa eleitoral de 2014. Lembra que Fernando Henrique Cardoso foi recompensado por ter reduzido a inflação, e Lula se beneficiou das políticas que tiraram milhões da linha de pobreza.

Quanto a Dilma, The Economist diz que ela parece acreditar que o emprego pleno e a alta dos salários serão suficientes para assegurar a reeleição, mas estes “dependem de crescimento renovado” e podem não convencer os eleitores.

6/12/12

A privataria petista


 
Escrito por Leonardo Bruno
Artigos - Governo do PT
MSM


Rosemary Nóvoa de Noronha, surpreendida com a abordagem da Polícia Federal, ameaçou ligar para o “chefe” dos policiais. Queria dar uma “carteirada”. Percebe-se a petulância da favorita de Lula. Como uma matrona da fazenda, queria dar pito na jagunçada.

Durante os dois mandatos presidenciais de FHC, a propaganda petista inventou uma denominação pejorativa para criticar as privatizações da telefonia, das fornecedoras de energia, das siderúrgicas e outras empresas estatais: a privataria. Foi disseminada a falsa idéia de que privatizar empresas estatais ou terceirizar serviços públicos seria uma espécie de crime de lesa-pátria contra o Estado e a comunidade. Tal ideia, propagada por parte da mídia e pelos formadores de cultura, como universidades e escolas, acabou impregnando a mente da população.

Na prática, porém, as ações do governo foram perfeitamente legítimas. Não havia nada contra a lei em privatizar, já que o Estado e a sociedade ganham em níveis de eficiência e recursos. O governo privatiza e terceiriza para melhorar os serviços à comunidade. E a telefonia é uma concessão pública, como várias outras atividades pelas quais a iniciativa privada realiza serviços públicos. Mas inventou-se a lenda de que as privatizações foram ruins.

Será?

O serviço de telefonia só foi democratizado por causa das vendas de telecomunicações. Na época das estatais, só ricos tinham telefones e celulares. Pagava-se tão caro por uma linha como por um carro. Atualmente os celulares são um artigo comum de qualquer classe social.

Graças às empresas privadas.

Graças às privatizações.

Siderúrgicas falidas hoje são bem mais produtivas. E a Embraer, que estava no vermelho quando era estatal, virou uma empresa brasileira de renome internacional.

Contudo, existe um outro tipo de privatização que é inimigo do poder público. Não é o ônus da iniciativa privada em assumir funções públicas e atos eficientes, em favor da comunidade.

É justamente o contrário, a usurpação descarada do bem público, quando o Estado é usado como bem privado, aos caprichos de partidos, camarilhas, quadrilhas e grupos de poder. Neste aspecto, como nenhum outro partido, o PT conseguiu instalar uma verdadeira “privataria”, no sentido mais corrupto e ilegal do termo. Estatais, ministérios, cargos públicos, tudo virou propriedade do PT. Os bandoleiros socialistas transformaram a corrupção endêmica num direito adquirido.

Dilma Rousseff não deu um carguinho de ministério para comprar o apoio da senadora Marta Suplicy, para dar força à campanha do petista Fernando Haddad à Prefeitura de São Paulo?

O ex-presidente Lula não comprou algumas alminhas através destes mesmos cargos? Roberto Mangabeira Unger dizia que o governo Lula era o mais corrupto da história nacional.

No entanto, certas pessoas têm preço. Tempos depois, Unger aceitou um cargo no mesmo governo que ele declarou corrupto.

E o jornalista da Globo Franklin Martins?

Não virou também ministro, por serviços prestados ao jornalismo chapa vermelha?

E o Mensalão?

Estatais, cargos, prerrogativas, dinheiro do contribuinte, tudo usado em favor de uma quadrilha particular. Ou seja, os bens de um país inteiro nas mãos de uma minoria.

Porém, mais outro caso de corrupção surge na seara política petista.

A descoberta de um novo esquema de propinas, envolvendo a Advocacia Geral da União e o Escritório do Gabinete da Presidência da República em São Paulo, abre novas portas aos esquemas escusos da privataria petista.

Há algumas cenas curiosas deste caso, que refletem até que ponto o PT se apropriou do Estado brasileiro.

Dilma Rousseff, ao ser informada de um novo escândalo, extinguiu o cargo atribuído à Rosemary Nóvoa de Noronha, pessoa muito próxima do ex-presidente Lula e uma das envolvidas no esquema de corrupção. E mandou fechar o escritório da Presidência.

Em artigo publicado no Mídia Sem Máscara, o jornalista Percival Puggina foi muito feliz em observar como o dinheiro público é jogado na lata do lixo, para favorecer pessoas incompetentes e insignificantes. Para que servia, afinal, o cargo de dona Rosemary?

Aliás, para que a Presidência da República necessitaria de um escritório num dos bairros mais caros de São Paulo? Tudo indica que era para fazer esquemas e engordar os bolsos dos companheiros.

Outra cena estarrecedora
encontrada no local do crime: uma foto do ex-presidente Lula chutando uma bola de futebol, na parede da sala do escritório.

A pergunta que não quer calar é: o escritório era realmente do Estado ou do PT?

O que o ex-presidente Lula estaria fazendo num lugar que é, teoricamente, uma repartição pública?

O Ministério Público de São Paulo pode se revoltar contra crucifixos ou louvações a Deus nas cédulas de real, mas parece fechar os olhos para o culto idolátrico do ex-presidente.



Outro lance, igualmente perverso, reflete a psicologia do PT no governo.

Rosemary Nóvoa de Noronha, surpreendida com a abordagem da Polícia Federal, ameaçou ligar para o “chefe” dos policiais.

Queria dar uma “carteirada”. Percebe-se a petulância da favorita de Lula. Como uma matrona da fazenda, queria dar pito na jagunçada. Para os petistas e seus comparsas, os policiais federais não são funcionários públicos, sujeitos a uma legalidade democrática, dentro de um Estado de Direito.

São capangas, paus mandados de um chefe em Brasília, apaniguados do Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Desde que o PT se tornou governo, o Ministério da Justiça serve de advocacia privada do partido. Márcio Thomaz Bastos, o criminalista, fez escola em Brasília...

Quanta insolência, não é mesmo? A Polícia Federal descobriu mais uma falcatrua do PT!

Como eles se atrevem a invadir a intimidade de um escritório da Presidência, já que é uma propriedade privada do partido? Só faltou chamar o outro “chefe”, o ex-presidente Lula.

Como sempre, Lula é o último a saber. Ainda que todos os seus contatos, indicações e amigos próximos sejam incrivelmente corruptos e descarados, ele, coitado, é sempre uma pessoa ingênua e desinformada. Também é “vítima” da enganação.

O problema é que Lula, o suspeito, quando cai na realidade, foge da situação. Já caiu fora do país. Em 2007, ele também deu uma sumida quando o avião da TAM explodiu em Congonhas, São Paulo, e quando a ANAC se encontrava atochada em corrupção.

O ex-presidente ficou caladinho lá, encastelado na Versalhes de concreto, esperando algum resultado satisfatório para se safar.

Não é mera coincidência a de que no governo de Dilma Rousseff, a ANAC seja mais uma vez envolvida em bandalheiras, ameaçando a segurança dos brasileiros nos aeroportos.

Agora dá pra entender as motivações do PT contra as privatizações de estatais. Os petistas querem que o Estado controle tudo, justamente porque não vão perder a boquinha, a mamata governamental.

Eles são o próprio Estado. Lula ou Dilma são versões caricaturais e republicanas de Luís XIV.

E Dona Rosemary Nóvoa, como parte da máquina absolutista da corrupção, já deu o recado aos policiais: L´État C´est moi!

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

EM NOME DA ROSE



Maria Lucia Victor Barbosa

O julgamento do mensalão trouxe para surpresa de muitos algo surpreendente: pela primeira vez mandachuvas foram condenados. Mais impressionante estar entre eles José Dirceu, o “capitão do time” no primeiro mandado de Lula da Silva e que mesmo tendo perdido o cargo e depois o mandato de deputado federal, graças a Roberto Jefferson, continuou a dispor de enorme poder de mando dentro e fora do PT.

Esse acontecimento inédito se deveu ao relator, ministro Joaquim Barbosa, o que lhe granjeou admiração e respeito de parte da sociedade. Ele foi seguido pela maioria de seus pares, com exceção dos ministros Lewandowski e Toffoli que atuaram como advogados de defesa dos companheiros do PT. Não se pode também deixar de mencionar a atuação firme corajosa do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que se tornou alvo da sanha vingativa do PT.

Com relação ao ministro Joaquim Barbosa se pode imaginar a profunda dor que seu prestígio causou a Lula da Silva. Não só porque ele se sentiu traído, visto que havia nomeado o ministro e pensava que o STF era mais uma de suas capitanias hereditárias, mas, principalmente, porque o descomunal ego do ex-presidente deve ter sido tremendamente abalado diante de alguém que lhe fez sombra entre cidadão esclarecidos.

Como no conto infantil Lula deve ter perguntado ao espelho mágico: “Espelho meu, existe no momento homem mais querido do que eu”? E o espelho respondeu: “Sim, majestade, o ministro Joaquim Barbosa”.

Para ser como gosto, politicamente incorreta, traço um paralelo entre Lula da Silva e o ministro Joaquim Barbosa, completamente diferentes em termos de caráter, sendo sua única semelhança a origem humilde:

Lula da Silva fez questão de continuar iletrado e é um velhaco que tudo conseguiu apenas com muita sorte e lábia. Joaquim Barbosa estudou, trabalhou e se tornou o homem honrado e competente que conseguiu salvar o STF das garras da quadrilha enquistada no Executivo pelo PT. Com relação ao primeiro me envergonho de ser brasileira. O segundo me inspira justo orgulho pelo meu país.

É vergonhoso, por exemplo, observar que o governo foi de tal modo loteado e corrompido por Lula da Silva, via seu então primeiro-ministro, José Dirceu, que volta e meia explode mais um tremendo escândalo de dimensões nunca antes havidas nesse país. Como disse jocosamente José Simão, colunista da Folha de S. Paulo, “escândalo no PT é como caixa de lenços de papel: você puxa um e vem logo três”. “Você nunca consegue puxar um só”.

Assim, enquanto o julgamento vai terminando vem à tona o caso de Rosemary Nóvoa de Noronha, chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo, um cabide de emprego e um gabinete das sombras de onde Lula exercia comodamente seu terceiro mandato sem precisar ir à Brasília.

A bancária e sindicalista, Rose, também de muita sorte, trabalhou durante doze anos com o chefe da quadrilha do mensalão, José Dirceu. Neste período, como indica a Operação Porto Seguro da Polícia federal, ela fez um curso completo, com mestrado e doutorado na arte de obter vantagens e indicar trambiqueiros, falsificadores, achacadores, vendedores de facilidades, enfim, companheiros corruptos que passaram a ocupar altos cargos. Nada, porém, Rosemary conseguiria se não fosse sua intimidade com aquele a quem chamava carinhosamente de tio, de Luiz Inácio, de PR.

Em nome da Rose as portas se abriam, não tanto pela “madame”, mas por ordem do “tio” sempre solícito em atender aos pedidos de sua Marquesa de Garanhuns. Os jornais e revistas estão cheios de detalhes das tramoias, das fraudes, das negociatas da Marquesa e de seus protegidos e seria repetitivo enumerá-las. Ressalve-se, porem, a sordidez a que chegaram os labirintos escuros e tortuosos da administração publica.

Lula da Silva anda desaparecido, mas mandou dizer que o seu caso com Rose é assunto particular. Deve até se sentir orgulhoso e se comparar a presidentes que também tiveram amantes. Mas, ao que se sabe, outros presidentes não nomearam nem acobertaram corruptos para satisfazer os desejos de suas outras mulheres.

Se o caso fosse apenas particular Lula poderia ter presenteado Rose com joias caras, carros de luxo, apartamentos suntuosos. Afinal, o “pobre operário” deve estar podendo bancar tudo isso. Mas preferiu mandar a conta para o povo, pois quem paga a corrupção governamental somos nós.

Enquanto não acontece outro escândalo petista um fato importantíssimo não tem tido a relevância que merece. Refiro-me ao fracasso da expansão econômica. A previsão de um PIB, em 2012, que talvez não chegue a 1%, nos coloca de novo na rabeira dos Brics e configura o biênio perdido de Dilma Rousseff. O governo camufla a inflação, altera os dados, falsifica as informações. Inutilmente, pois a realidade acontece, independente da propaganda. E como é pesada a herança maldita de Lula da Silva e de sua sucessora, Dilma Rousseff.
Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga
mlucia@sercomtel.com.br
www.maluvibar.blogspot.com.br


05/12/2012