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sábado, 26 de janeiro de 2013

Metas sem planos



EDITORIAL


O Estado de S.Paulo

Diante do risco de mais um ano de paralisia econômica, a presidente Dilma Rousseff mobiliza ministros para pôr o governo em movimento e apela a empresários para investir e ajudar o País a sair do atoleiro. Se a economia continuar derrapando, o desemprego tenderá a subir, advertem porta-vozes do setor empresarial. O alto nível de ocupação, apesar da produção industrial emperrada, é um dos mais importantes ativos políticos do governo e, em especial, da presidente. A abertura de postos na indústria já foi prejudicada. Entre janeiro e novembro, o nível médio de emprego no setor manufatureiro foi 0,2% inferior ao de 2011. Se a política econômica for incapaz de reverter esse processo e impedir a contaminação de outros setores, o projeto de reeleição será prejudicado. Esse risco impõe tarefas dramaticamente urgentes ao governo. A administração terá de mostrar em pouco tempo se conseguirá, afinal, produzir algo mais que voluntarismo e improvisação.

A presidente Dilma Rousseff, segundo informou a repórter Vera Rosa no Estado na segunda-feira, encomendou a um grupo de ministros a definição de metas para 2013 e 2014. Será preciso incluir na lista resultados para os setores de saúde e segurança, para responder a duas das mais importantes queixas dos cidadãos. Ainda segundo a reportagem, ela se encontrou com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o marqueteiro João Santana, antes da conversa com os ministros. Essas informações são especialmente importantes para a avaliação do quadro atual e das possibilidades de uma ação oficial mais eficiente.

Ao cobrar metas para a segunda metade de seu mandato, a presidente reconhece, implicitamente, a carência de um plano de governo. Ela chegou ao Palácio do Planalto, em janeiro de 2011, com vagas promessas de tornar mais eficiente a administração federal e de levar adiante as políticas de inclusão do governo anterior, executadas principalmente por meio da transferência de renda.

A promessa de elevar a qualidade gerencial nunca foi cumprida e provavelmente jamais será. A faxina ministerial imposta pelos fatos - seria impossível negar os escândalos ou tratá-los com panos quentes - esgotou-se na substituição de algumas pessoas. Nem o loteamento entre partidos foi abandonado nem se implantaram novos critérios de eficiência e qualidade.

O palavrório sobre planejamento jamais se concretizou em mudanças práticas. Os planejadores foram incapazes, por exemplo, de conciliar os cronogramas de geração de eletricidade e de construção de redes transmissoras. Grandes parques eólicos continuam sem ligação com o mundo. A Usina de Santo Antônio, no Rio Madeira, já poderia produzir, mas falta ligação com os grandes mercados. A mesma incompetência compromete os demais investimentos. Obras de rodovias do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) avançam a passo de tartaruga. Com planos mal concebidos e mal executados - nem a Petrobrás escapou, nos últimos anos -, os balanços são maquiados com números do financiamento de imóveis.

O ano de 2012 foi de preparação, disse a presidente em discurso no Piauí, num dia de apagão em 33 cidades do Estado. Mas a "preparação" consistiu, de fato, numa colcha de retalhos formada de incentivos fiscais temporários, medidas protecionistas, desoneração da folha de salários de um número crescente de indústrias, redução dos juros e depreciação cambial.

A desoneração - improvisada - é inadequada para vários segmentos da indústria. Além disso, falta uma clara definição sobre as novas condições de financiamento da Previdência. Quanto ao corte dos juros, reflete em parte o voluntarismo presidencial. A taxa básica foi reduzida, mas a inflação continua longe da meta e nada permite prever um recuo significativo até 2014. A "preparação" incluiu o convite ao setor privado para investir na infraestrutura. O resultado ainda será conferido.

O balanço geral é um fiasco. O investimento encolheu, a produção industrial diminuiu e o setor continua incapaz de competir, apesar do cambio depreciado. Resumo: quase 60 anos depois do Plano de Metas de Juscelino, Dilma tenta inventar as metas sem plano.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Começou a campanha



                                              
EDITORIAL

O ESTADO DE S. PAULO


A presidente Dilma Rousseff acaba de fazer o seu primeiro comício para a reeleição. Ao anunciar em cadeia nacional de rádio e TV, na quarta-feira, a entrada em vigor, no dia seguinte (e não mais em 5 de fevereiro), da redução das tarifas de energia elétrica, maior do que a antecipada - 18%, em vez de 16,2%, para os consumidores residenciais e 32%, em vez de 28%, para a indústria -, discursou como se estivesse em um palanque.

A sua fala até que foi breve (8 minutos), mas suficiente para cobrir de lantejoulas as supostas realizações de seu governo, que estariam deixando "para trás" os seus críticos, carimbados rombudamente como "aqueles que são sempre do contra".

Lembrou, na ênfase, nas alegações e no descaso com a realidade, o seu patrono Luiz Inácio Lula da Silva: por pouco não se saiu literalmente com um "nunca antes na história deste nosso país".

Ficou no "hoje podemos ver como erraram feio os que não acreditaram que era possível crescer e distribuir renda", e na apoteose de um Brasil "cada vez maior e imune a ser atingido por previsões alarmistas", tanto que "nos últimos anos o time vencedor tem sido dos que têm fé e apostam no País". O microfone, assim como o papel, aceita tudo.

Alheia ao pibinho de 2012 e à comparação desfavorável com as taxas de crescimento das economias emergentes, também torceu os fatos sem enrubescer, ao assegurar que "estamos ampliando investimentos na infraestrutura" - cujo montante caiu mais de 20% nos dois últimos anos.

Fez de conta que a ampliação do sistema energético não padece de atrasos perigosos e deficiências cruciais, e minimizou o significado da decisão de recorrer intensivamente à eletricidade de origem térmica, mais cara e poluente, para reduzir o risco de "apagões".

Não fosse a quase estagnação da economia, a oferta de energia dificilmente daria conta da demanda.

Por outro lado, cumprir a promessa de não sangrar o Tesouro para compensar a redução das contas de luz equivalerá à proverbial quadratura do círculo.

Sem falar nos prejuízos causados ao setor elétrico pela medida provisória, sancionada no último dia 14, que autorizou a renovação dos contratos de geração de energia em vias de se esgotar para as empresas que concordassem em baixar as suas tarifas. A Cemig e a Cesp não aceitaram, sobrando para o erário bancar a bondade para os consumidores de Minas Gerais e São Paulo.

Deixando patente o caráter eleitoral do seu show televisivo, Dilma se referiu à questão de forma a deixar mal os governos tucanos desses Estados.

"Espero que, em breve, até mesmo aqueles que foram contrá- rios à redução da tarifa venham a concordar com o que estou dizendo", fingiu exortar, com ar superior.
Dilma, efetivamente, está cheia de si.

Há pouco, segundo o repórter Raymundo Costa, do Valor, disse com todas as letras a um interlocutor: "Meu mandato é de oito anos".

Ele teria ficado perplexo com a determinação da presidente. Com isso, Dilma deixou escancarado o seu confronto com o PT - recentemente vencido por ela - sobre a sucessão de 2014.

À medida que foram se acumulando as suas não realizações, embora ainda não tenham afetado os seus índices de aprovação, que se sustêm no binômio emprego-renda, a eventualidade de uma nova candidatura Lula começou a ganhar corpo no partido. Nos últimos tempos, não foram só empresários os queixosos que procuraram o ex-presidente.

Companheiros fizeram o mesmo, decerto na expectativa de animá-lo a substituir Dilma, que eles ainda mal consideram "uma de nós", na próxima disputa pelo Planalto.

Sem se tornar, ao que se sabe, um movimento estruturado, a versão contemporânea do "queremismo" pró-Vargas de 1945 ganhou espaço político a ponto de induzir o próprio Lula a se pronunciar a respeito.

Fez isso, dias atrás, por intermédio de três colaboradores próximos, abençoando a reeleição de Dilma.

A rigor, quando ela falou em oito anos, deveria acrescentar "com uma eleição no meio".

Mas a mensagem que buscava transmitir era a da legitimidade de suas aspirações ao segundo mandato, reconhecidas ao que tudo indica.

O ano terá de ser de muitos fracassos para que ressurja entre os petistas o "Volta, Lula".

janeiro 25, 2013

Dilma erra ao explorar energia como tema político




 Editorial  -   O Globo

A redução do custo da energia elétrica, especialmente para o setor produtivo, é bem-vinda, pois a população como um todo se beneficiará à medida que as empresas ganhem mais competitividade.

Não faz sentido que esse custo tenha permanecido entre os mais elevados do mundo, tendo o Brasil uma matriz de base hídrica, renovável, e com manutenção relativamente barata.

O consumidor brasileiro de energia elétrica financiou por décadas vários programas, sejam sociais ou relacionados a novos investimentos do setor. Estava mais que na hora de reduzir esses encargos.

O que não é correto é o governo ter transformado a questão da energia, tão séria e delicada para o país, em tema de exploração política.

Desde as eleições gerais de 2002, ocorre esse tipo de exploração, pois o PT fez do racionamento um dos seus principais cavalos de batalha, atribuindo à administração Fernando Henrique Cardoso inteira responsabilidade pelo que tinha acontecido (embora a mobilização da sociedade para evitar consequências mais drásticas de uma eventual escassez de energia elétrica possa ser apontada como uma das iniciativas mais positivas do governo FH ao fim de seu mandato).

Agora, o governo Dilma esteve próximo de provar o mesmo veneno. O lado negativo de ser uma matriz calcada em base hídrica é que, se as chuvas não veem nas quantidades, nos lugares certos e no tempo usualmente esperado, o sistema começa a entrar em risco.

Para que se possa reduzir esse risco, mas sem anulá-lo completamente, o país deve ter também uma parte de sua matriz em base térmica, que pode ser acionada independentemente do regime de chuvas.

No entanto, o acionamento dessa base térmica aumenta o custo da geração de energia elétrica. Diante do nível ainda baixo dos reservatórios das hidrelétricas, é natural que hoje se trabalhe com projeções do custo de energia que incorporem a possibilidade de uso mais prolongado das usinas térmicas.

Isso talvez possa frustrar, em parte, o anúncio da redução das tarifas de energia feito com toda a pompa antes de iniciado, meses atrás, o chamado período úmido.

Como em janeiro as chuvas caíram em volume suficiente para elevar o nível dos reservatórios — porém não a ponto de afastar completamente a necessidade de uso prolongado das térmicas —, a presidente Dilma se sentiu encorajada a voltar à exploração política da questão da energia, antecipando a redução de tarifas prometida ao consumidor, e acusando de pessimistas e alarmistas — em um tom apelativo, beirando o sentimento de patriotismo a que governos autoritários militares recorriam com frequência — aqueles que revelam preocupação, não infundada, com o setor.

A redução dos custos da energia é mérito do governo Dilma. E é demérito continuar explorando politicamente a questão, que não se equaciona com bravatas nem com injeções sem fim de dinheiro do Tesouro.
25.1.2013

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Faz 65 dias que Lula foge dos jornalistas. Continuará perseguido por perguntas sem resposta sobre as aventuras de Rose




Por Augusto Nunes

É preciso lembrar aos sem-memória o que não pode ser esquecido, reitera há quase quatro anos a inscrição no alto desta página. Não se pode esquecer, por exemplo, o caso de polícia em que Lula foi envolvido pela primeiríssima amiga Rosemary Noronha.

A Polícia Federal revelou em 23 de novembro do ano passado que a chefe do escritório da Presidência da República em São Paulo era também dirigente da uma quadrilha infiltrada em agências reguladoras que comercializava pareceres técnicos.

Passados mais de dois meses, o ex-presidente a quem Rose se referia como “meu namorado” não deu um único pio sobre o escândalo.

Faz 65 dias que Lula foge de jornalistas. Nesse período, discursou para moradores de rua, fez palestras sobre assuntos que mal conhece, deu conselhos a Fernando Haddad, nomeou-se co-presidente, encontrou tempo até para mostrar que, embora não tenha lido um só livro nem saiba escrever, tem muito a ensinar a intelectuais cucarachas.

Só não falou da chanchada pornopolítica em que se meteu. Confiante na crônica amnésia nacional, deve achar que o filme de quinta categoria vai terminar antes do fim ─ e com a vitória dos vilões. Engano. Até que recupere a voz (e crie coragem), será perseguido por perguntas sem resposta.

Não são poucas. E faltam muitas, adverte o avanço das apurações da Polícia Federal e a coleta dos primeiros depoimentos pelo Ministério Público.

As patifarias já descobertas sugerem que a história está em seu começo. Os inocentes não têm o que temer. Quem tem culpa no cartório não vai escapar pela trilha do silêncio.

O Brasil não pode desviar-se da trilha desmatada pelo desfecho do julgamento do mensalão. As penas impostas pelo Supremo Tribunal Federal transformaram numa espécie a caminho da extinção o brasileiro-condenado-ainda-no-berço-à-perpétua-impunidade.

Todos são iguais perante a lei, ensinaram os ministros.

O ex-presidente não é mais igual que os outros. Não está acima de qualquer suspeita. Nem é inimputável. Nem o fundador do Brasil Maravilha pode transformar urna em tribunal e decidir que um chefe de seita absolvido pelo rebanho não tem contas a prestar à Justiça.

Apesar de tudo, apesar de tantos, o Brasil não é uma Venezuela.

O Código Penal vale para também para Lula.
24/01/2013



PSDB diz que Dilma usou pronunciamento para fazer campanha pela reeleição Presidente do partido afirma que governo usou cadeia de TV e rádio para atacar oposição






O Globo 

BRASÍLIA – O PSDB atacou o pronunciamento em rede de TV e rádio feito pela presidente Dilma Rousseff na noite de quarta-feira, o que eles afirmam ser uso do poder público em favor de “uma candidatura e de um partido político”. Nesta quinta-feira, o partido divulgou nota em que afirma que a presidente usou os oito minutos do pronunciamento para atacar a oposição.

“O conceito de República foi abandonado. A chefe da Nação, que deveria ser a primeira a reconhecer-se como presidente de todos os brasileiros, agora os divide em dois grupos: o “nós” e o “eles”. O dos vencedores e o dos derrotados. Os do contra e os a favor. É como se estivesse fazendo um discurso numa reunião interna do PT, em meio ao agitar das bandeiras e ao som da charanga do partido”, afirmou o presidente do partido, deputado Sérgio Guerra (PE).

Para os tucanos, houve o uso indevido do horário em rede de TV e rádio para “promoção pessoal e política da presidente”, o que seria uma afronta à democracia.

“No governo do PT, tudo é propaganda, tudo é partidarizado. Nada aponta para o equacionamento verdadeiro dos problemas do país ou para uma solução efetiva. Em vez de assumir suas responsabilidades de gestora, fazendo o governo produzir, o que se vê é o lançamento prematuro de uma campanha à reeleição, às custas do uso da máquina federal e das prerrogativas do cargo presidencial”, concluiu o PSDB, na nota.

Provável candidato do partido à Presidência, o senador Aécio Neves também divulgou nota na qual chamou de ‘inaceitável’ o uso feito pelo PT de estruturas do Estado para alcançar seus objetivos político-partidários. “Falou à Nação não a presidente da República, mas um partido político (...) registro meu pesar por este triste marco de quebra do princípio da impessoalidade no exercício da Presidência da República”.

Na noite de ontem, a presidente anunciou que as contas de luz das famílias brasileiras cairão 18% e as do setor produtivo (indústria, agricultura, comércio e serviços) até 32%, já a partir de hoje. Os percentuais são maiores do que ela divulgara em setembro, também em rede nacional, e o prazo para vigência da medida foi antecipado em 13 dias. Ontem, em tom enfático e desafiador, a presidente classificou de “sem fundamento” as previsões de que o governo não conseguiria reduzir as tarifas de energia e descartou qualquer risco de racionamento energético, afirmando que o sistema brasileiro é “um dos mais seguros do mundo”.

Num pronunciamento de oito minutos, Dilma subiu o tom das críticas aos que duvidaram da queda nas tarifas de energia elétrica e apostaram em racionamento, especialmente após o registro de apagões pelo país e a redução do nível de reservatórios de hidrelétricas com a seca.
24/01/13

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Blindagem oficiosa a Rose lhe dá até direito a entrar e sair do fórum pela garagem para despistar a imprensa






Alerta Total

Por Jorge Serrão

Mesmo indiciada por formação de quadrilha, falsidade ideológica, tráfico de influência e corrupção ativa, Rosemery Nóvoa Noronha continua com privilégios dignos de uma ex-chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo que é a melhor amiga do ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Rose conseguiu permissão especial para entrar e sair pela garagem do Fórum Criminal, sem ser vista pela imprensa, sempre que for prestar depoimentos.

Embora o procedimento seja absolutamente dentro das normas, indica que Rose recebe tratamento especial como investigada na Operação Porto Seguro.

A cada 15 dias, Rose tem a obrigação de se apresentar à juíza Adriana Zanetti, da 5.ª Vara Federal Criminal.

Mas não se sabe se ela entregou à Justiça o Passaporte diplomático que sempre usou nas viagens que fez sozinha ou acompanhando o chefe Lula – que até agora sequer foi convidado a prestar esclarecimentos sobre o comportamento da afilhada e sua relação pessoal ou de “trabalho” com ela.

Nos bastidores petistas e no governo, a orientação é anular ao máximo qualquer exposição de Rose – principalmente no noticiário.

A mídia amestrada pelas grandes verbas oficiais já vem noticiando o mínimo ou nada do Rosegate. Além disso, nenhuma das suspeitas sobre ações de negócios e viagens ao exterior fora da agenda oficial de Rose deverão entrar no processo da Operação Porto Seguro.

A interpretação do privilégio é bem clara. Como Rose ocupou uma posição na escala mais alta do poder, como melhor amiga e pessoa da mais elevada confiança do ex-Presidente da República, a pseudo-lógica da quase anomia vigente no Brasil lhe concede o suposto direito a uma blindagem.

Nada custa lembrar que esta mesma proteção, em nome do interesse do Estado, da segurança nacional ou da conjuntura econômica, serviu, direitinho, para o nome de Lula ser mantido bem longe do escândalo do mensalão – embora, injustamente, toda culpa tenha sido imposta, pela teoria do domínio do fato, a José Dirceu – que era o ministro-chefe da Casa Civil colado em Lula.

A divina amiga do endeusado Lula já prestou depoimentos “bem longe dos olhares profanos da imprensa” nos dias 7 e 21 de janeiro. Apesar de todas as evidências contra ela, Rose sequer foi detida nas primeiras-horas da operação Porto Seguro.

E nem será depois, pois o caso, quando virar processo, deve demorar os costumeiros quase dez anos para ser julgado.

Da primeira instância até os infindáveis recursos ao Superior Tribunal de Justiça e, depois, ao Supremo Tribunal Federal, ao providencial transcorrer de uma década, os eventuais crimes praticados já terão compensado pela lentidão na aplicação da pena.

A defesa de Rosemary alegou que ela vive com trauma da exposição a que vem sendo submetida desde o estouro da Operação Porto Seguro, em 23 de novembro.

Por isso Rose conseguiu o direito a entrada e saída pelas portas dos fundos do Judiciário.

É como se a apadrinhada de Lula fosse um diamante raro que precisa ser protegido dos olhares da mídia e da sociedade, e não como alguém que terá de responder à Justiça como suposta líder de um megaesquema de compra de pareceres técnicos de órgãos federais.

O tratamento especial dispensado a Rose fere qualquer princípio de igualdade, isonomia.

Para que o caso dela não aparecesse como um privilégio, o Judiciário até deu um jeitinho. A Coordenadoria do Fórum Criminal Federal de São Paulo editou a portaria 6/2013.

A regra prevê que qualquer juiz poderá solicitar “o isolamento temporário e extremamente necessário dos acessos e/ou passagens pelos corredores e halls das entradas principais e dos elevadores, com apoio da Seção de Segurança do Fórum e até de reforço policial, a fim de garantir e preservar a integridade física das partes envolvidas nos autos dos processos”.

O texto da portaria também recomenda aos jornalistas que tiverem interesse em fazer imagens na parte interior do fórum com câmera de vídeo, máquina fotográfica ou similares “devem requerer autorização prévia via petição aos respectivos juízos das varas”.

Protesto indevido
A petralhada usa um argumento estúpido nas redes sociais para tentar minimizar os efeitos negativos da antipremiação concedida a Lula, por voto popular virtual, no último domingo: o Troféu Algemas de Ouro 2012.

Os fanáticos seguidores do anti-homenageado chefão da Rosemary alegam que Altamir Tojal, que é ligado ao PSDB e ao Instituto Millenium, foi o responsável pelo movimento 31 de julho que deu a “honraria” a Lula e organiza passeatas contra o PT.

A grande pergunta a se fazer aos petralhas é: por acaso a presença ou não do Tojal no evento tira os méritos do dourado algemado virtual?

23 de janeiro de 2013

Cordão do encarnado




O ex-presidente Luiz Inácio da Silva usurpa o poder de suas criaturas, é o que se diz sobre seus movimentos de interferência explícita no governo Dilma Rousseff e nos primeiros acordes da administração Fernando Haddad na Prefeitura de São Paulo


Dora Kramer
O Estado de S.Paulo

O ex-presidente Luiz Inácio da Silva usurpa o poder de suas criaturas, é o que se diz sobre seus movimentos de interferência explícita no governo Dilma Rousseff e nos primeiros acordes da administração Fernando Haddad na Prefeitura de São Paulo.

Lula é alvo de toda sorte de críticas por desenhá-los como meras marionetes e tentar exercer de fato um poder que de direito não possui.

Não foi eleito, portanto não tem razão para se reunir com a equipe de Haddad para "traçar diretrizes". Não recebeu delegação presidencial para atuar como coordenador e, no entanto, age como se fosse a eminência mais nítida do governo federal.

Isso é o que parece; não necessariamente é o que acontece.

Primeiro, porque Dilma e Haddad detêm o poder de direito, estão lá sentados nas cadeiras que lhes couberam por candidaturas ungidas pelo criador e corroboradas pelo eleitor. Isso ninguém lhes tira.

Segundo, porque têm a perfeita noção de que estão à frente de duas importantes trincheiras de um projeto partidário cujo condutor é Lula. Estão - todos os participantes dessa "marcha" - pouco ligando para essas formalidades que assombram analistas da cena política. Querem mais é que o chefe suba ao palco. Quanto mais o ex-presidente exercita suas artes de atrair todas as atenções, menos o PT precisa tratar de seus problemas com a ética e com (a falta de) resultados concretos de sua gestão federal. O debate nacional se desvia dos problemas reais para uma questão surreal.

É como disse o ex-secretário geral da Presidência Luiz Dulci: "A movimentação de Lula é natural e desejável para o PT".

Até semana passada, crescia o debate sobre inflação, investimentos, fornecimento de energia, maquiagem de dados das contas governamentais, PIB pífio, excesso de interferência estatal na economia, reclamações de políticos e empresários, construção de alternativas eleitorais para 2014.

Até a reunião com a equipe de Haddad para produzir fotografia passível de gerar análises sobre a interferência de Lula, o PT ainda enfrentava rescaldo do julgamento do mensalão, graças à iniciativa da juventude petista de promover "jantar vaquinha" para ajudar a pagar as multas dos condenados. Como se José Dirceu, por exemplo, precisasse de auxílio para juntar R$ 676 mil.

Até então Lula estava calado, fugindo de jornalistas por lavanderias de hotel para não comentar as acusações contra sua protegida Rosemary Noronha e o depoimento de Marcos Valério à Procuradoria-Geral da República, que ensejou pedido de abertura de investigação contra o ex-presidente no esquema posto a nu pelo Supremo Tribunal Federal.

Nos últimos dias a pauta mudou: são os encontros de Lula com secretários, aconselhamentos de Lula para Dilma mudar o rumo do governo, anúncios de reuniões dele com ministros, a caravana de Lula País afora, a conversa de Lula com a presidente nesta sexta-feira, o papel de Lula como articulador da base no Congresso, a inadequação da conduta de Lula, enfim, uma virada de agenda com Lula ao centro em seu mais confortável papel.

Critica-se o ex-presidente por não "desencarnar"do cargo como havia prometido, levantam-se bandeiras em defesa da autonomia de Dilma, aceitam-se versões de que ela estaria desolada com essa interferência e, assim, cumpre-se exatamente o roteiro que interessa a Lula, ao Planalto e ao PT: fazer do ex-presidente o centro de tudo, privilegiando o acessório (as andanças dele) em detrimento do principal (as questões éticas e administrativas em aberto).

O truque não é novo, mas continua eficaz porque há quem caia nele: por vontade ou falha de percepção. Resta conferir o efeito da realidade adiante sobre o prazo de validade desse tipo de dom de iludir a quem se dispõe a ceder às artimanhas do ilusionismo.


                                              23.01.13


terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Um cidadão acima de qualquer suspeita



São abundantes os indícios que ligam Lula a um conjunto de escândalos.

O que está faltando é o passo inicial que tem de ser dado pelo Ministério Público: a investigação das denúncias

Por Marco Antonio Villla
O Globo


Luís Inácio Lula da Silva se considera um cidadão acima de qualquer suspeita. Mais ainda: acha que paira sobre as leis e a Constituição. Presume que pode fazer qualquer ato, sem ter que responder por suas consequências.

Simula ignorar as graves acusações que pesam sobre sua longa passagem pela Presidência da República. Não gosta de perguntas que considera incômodas. Conhecedor da política brasileira, sabe que os limites do poder são muito elásticos. E espera que logo tudo caia no esquecimento.

Como um moderno Pedro Malasartes vai se desviando dos escândalos. Finge ser vítima dos seus opositores e, como um sujeito safo, nas sábias palavras do ministro Marco Aurélio, ignora as gravíssimas acusações de corrupção que pesam sobre o seu governo e que teriam contado, algumas delas, com seu envolvimento direto.

Exigindo impunidade para seus atos, o ex-presidente ainda ameaça aqueles que apontam seus desvios éticos e as improbidades administrativas. Não faltam acólitos para secundá-lo. Afinal, a burra governamental parece infinita e sem qualquer controle.

Indiferente às turbulências, como numa comédia pastelão, Lula continua representando o papel de guia genial dos povos. Recentemente, teve a desfaçatez de ditar publicamente ordens ao prefeito paulistano Fernando Haddad, que considerou a humilhação, por incrível que pareça, uma homenagem.

Contudo, um espectro passou a rondar os dias e noites de Luís Inácio Lula da Silva, o espectro da justiça. Quem confundiu impunidade com licença eterna para cometer atos ilícitos, está, agora, numa sinuca de bico.

O vazamento do depoimento de Marcos Valério – sentenciado no processo do mensalão a 40 anos de prisão - e as denúncias que pesam sobre a ex-chefe do gabinete da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Noronha, deixam Lula contra a parede. O figurino de presidente que nada sabe, o Forrest Gump tupiniquim, está desgastado.

No processo do mensalão Lula representou o papel do traído, que desconhecia tratativas realizadas inclusive no Palácio do Planalto – o relator Joaquim Barbosa chamou de "reuniões clandestinas" -; do mesmo modo, nada viu de estranho quando, em 2002, o então Partido Liberal foi comprado por 10 milhões, em uma reunião que contou com sua presença.

Não percebeu a relação entre o favorecimento na concessão para efetuar operações de crédito consignado ao BMG, a posterior venda da carteira para a Caixa Econômica Federal e o lucro milionário obtido pelo banco.

Também pressionou de todas as formas, para que, em abril de 2006, não constasse do relatório final da CPMI dos Correios, as nebulosas relações do seu filho, Fábio Luís da Silva, conhecido como Lulinha, e uma empresa de telefonia.

No ano passado, ameaçou o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes. Fez chantagem. Foi repelido. Temia o resultado do julgamento do mensalão, pois sabia de tudo. Tinha sido, não custa lembrar, o grande favorecido pelo esquema de assalto ao poder, verdadeira tentativa de golpe de Estado.

A resposta dos ministros do STF foi efetuar um julgamento limpo, transparente, e a condenação do núcleo político do esquema do mensalão, inclusive do chefe da quadrilha – denominação dada pelo procurador-geral da República Roberto Gurgel – sentenciado também por corrupção ativa, o ex-ministro (e todo poderoso) José Dirceu, a 10 anos e 10 meses de prisão. Para meio entendedor, meia palavra basta.

As últimas denúncias reforçam seu desprezo pelo respeito às leis. Uma delas demonstra como sempre agiu. Nomeou Rosemary Noronha para um cargo de responsabilidade. Como é sabido, não havia nenhum interesse público na designação.

Segundo revelações divulgadas na imprensa, desde 1993 tinham um "relacionamento íntimo" (para os simples mortais a denominação é bem distinta). Levou-a a mais de duas dúzias de viagens internacionais – algumas vezes de forma clandestina -, sem que ela tenha tido qualquer atribuição administrativa.

Nem vale a pena revelar os detalhes sórdidos descritos por aqueles que acompanharam estas viagens. Tudo foi pago pelo contribuinte. E a decoração stalinista do escritório da presidência em São Paulo? Também foi efetuada com recursos públicos.

E, principalmente, as ações criminosas dos nomeados por Lula - para agradar Rosemary – que produziram prejuízos ao Erário, além de outros danos? Ele não é o principal responsável? Afinal, ao menos, não perguntou as razões para tais nomeações?

Se isto é motivo de júbilo, ele pode se orgulhar de ter sido o primeiro presidente que, sem nenhum pudor, misturou assuntos pessoais com os negócios de Estado em escala nunca vista no Brasil. E o mais grave é que ele está ofendido com as revelações (parte delas, registre-se: e os 120 telefonemas trocados entre ele e Rosemary?).

Lula sequer veio a público para apresentar alguma justificativa. Como se nós, os cidadãos que pagamos com os impostos todas as mazelas realizadas pelo ex-presidente, fossemos uns intrusos e ingratos, por estarmos "invadindo a sua vida pessoal."

Hoje, são abundantes os indícios que ligam Lula a um conjunto de escândalos. O que está faltando é o passo inicial que tem de ser dado pelo Ministério Público Federal: a investigação das denúncias, cumprindo sua atribuição constitucional.

Ex-presidente, é bom que se registre, não tem prerrogativa de estar acima da lei. Em um Estado Democrático de Direito ninguém tem este privilégio, obviamente. Portanto, a palavra agora está com o Ministério Público Federal.


Marco Antonio Villa é historiador e professor da Universidade Federal de São Carlos

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Ex-presidente Lula é eleito a personalidade mais corrupta de 2012



‘Algemas de Ouro’ também premiou o senador cassado Demóstenes Torres e o governador Sérgio Cabral

Eleição foi marcada por fraude eletrônica na votação

Perfis falsos no Facebook direcionaram 38% dos votos para candidatos ligados a PSDB e DEM



Renato Onofre
o globo




O Troféu Algemas de Ouro 2012, premiou os politicos Demóstenes Torres, Sergio Cabral e Lula, representados por integrantes mascarados do Movimento 31 de julho


Leo Martins -  Agência O Globo


RIO - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) começou 2013 vencendo mais uma eleição. Entre as personalidades mais corruptas de 2012, Lula ganhou com 65,69% dos 14.547 votos válidos o Troféu Algemas de Ouro. Em segundo lugar, com 21,82%, ficou o ex-senador Demóstenes Torres (sem partido) seguido pelo governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB), com 4,55%. Ironicamente, a segunda edição da premiação organizada pelo Movimento 31 de Julho foi marcada pela fraude. Os organizadores detectaram a utilização de um programa de votação automática que criou perfis falsos no Facebook, que direcionou 38% do total de votos (23.557) para candidatos ligados ao PSDB e ao DEM.

A premiação, que aconteceu na tarde deste domingo no Leblon, Zona Sul do Rio, foi marcada pela descontração. Em clima de carnaval, com máscaras representando os candidatos que disputaram o Algemas de Ouro 2012, os manifestantes elogiaram a atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) na condução do julgamento do mensalão e lembraram os feitos “históricos” de cada concorrente. Além de Lula, Demóstenes e Cabral, estavam no pleito o senador Jader Barbalho (PMDB-PA); os deputados federais Eduardo Azeredo (PSDB-MG) e Paulo Maluf (PP-SP); o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, e sua ex-companheira de Esplanada, Erenice Guerra; o ex-governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido); e o empresário Fernando Cavendish.

— Depois de eleger poste, o ex-presidente Lula mostra que ainda tem fôlego para ganhar mais eleições daqui para frente. Foram três candidatos que fizeram jus à premiação. Todos eles se destacaram nas páginas do jornal, mas o ex-presidente se sobressaiu. No ano passado, ele foi responsável por um dos momentos mais lamentáveis da história brasileira ao tentar chantagear um ministro do Supremo. Acho que por sua atuação em 2012, e nem quero lembrar de Valérios e Rosemarys, ele mereceu esse troféu e o cheque simbólico de R$ 153 milhões — afirmou Marcelo Medeiros, coordenador do Movimento 31 de Julho.

No último dia 9, os organizadores comunicaram à imprensa e à rede social Facebook — plataforma utilizada para computar os votos — a tentativa de fraude. A denúncia partiu dos próprios eleitores da enquete que perceberam que parte das escolhas foram feitas por perfis falsos, recém-criados no ambiente virtual.

— Não é militância. Se fossem militantes, era válido. O que detectamos foi uma organização criada para fraudar a disputa. Coincidentemente, os votos sempre eram para candidatos da oposição do governo petista e Cabral — explicou Medeiros, que prometeu mudanças na plataforma de computação dos votos na próxima eleição.

Lula está fora das eleições de 2014 e de 2018, diz ex-ministro



Lula está fora das eleições de 2014 e de 2018, diz ex-ministro
Paulo Vannuchi, também diretor do Instituto Lula, afirma que atuação do ex-presidente será focada na manutenção de alianças políticas

Daiene Cardoso e Gustavo Porto Agência Estado

O ex-ministro da Secretaria de Direitos Humanos e diretor do Instituto Lula, Paulo Vannuchi, negou nesta segunda-feira, 21, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha a intenção de se candidatar à sucessão presidencial nas eleições gerais de 2014.

"Na disputa federal, ele (Lula) vai gastar toda a energia para a manutenção da aliança entre PT, PMDB e PSB", disse o ex-ministro, avaliando que a aliança teria sofrido arranhões pelas tensões provocadas pelo processo municipal de outubro do ano passado.

Sobre o pleito de 2018, o ex-ministro também descartou a possibilidade de Lula vir a disputar o pleito. E disse que ouviu de Lula que ele não pretende disputar a última eleição da década e que não se opõe a uma candidatura de aliados do PT.

Na avaliação do ex-ministro, Lula poderia ser o candidato só em caso de uma "crise institucional", o que no seu entender está fora de cogitação.

O diretor-presidente do Instituto, Paulo Okamotto, também descartou a participação de Lula na sucessão presidencial. "A nossa candidata em 2014 chama-se Dilma Rousseff. Vamos trabalhar pela sua eleição, para que a gente continue neste governo extraordinário que, apesar das dificuldades, pode fazer muita coisa pelo Brasil", disse.

O ex-ministro refutou ainda que haja uma crise entre Lula e a presidente Dilma Rousseff, afirmando que ela será a candidata em 2014.

"Eu nunca vi um nível de entrosamento como o desses dois (Lula e Dilma)", afirmou Vannuchi, que participou nesta segunda de encontro com intelectuais da América Latina, promovido pelo Instituto Lula, em São Paulo.

Ao falar de política, Vannuchi aproveitou para alfinetar o pré-candidato do PSDB à Presidência da República, senador Aécio Neves (MG), afirmando que ele "não é candidato para valer" em 2014. "Ele é (candidato) em 2018. A construção (da candidatura) agora é disputar para perder."

Vannuchi revelou que o ex-presidente proibiu que seus assessores próximos falassem sobre a candidatura dele ao governo do Estado de São Paulo. Sobre a entrevista do marqueteiro João Santana, que levantou essa possibilidade, Vannuchi falou que já teve uma conversa com o publicitário e que o marqueteiro deixou claro a importância do peso político de Lula em uma sucessão estadual.

O ex-ministro declarou que Lula iniciará uma série de viagens pelo País, mas, assim como outros assessores do ex-presidente, negou que elas sejam uma reedição da caravana da cidadania. A intenção, segundo Vannuchi, é de se reunir com segmentos e grupos sociais, como trabalhadores rurais, para discutir questões mais pontuais.
21 de janeiro de 2013


domingo, 20 de janeiro de 2013

Foi-se a esperança de Lula e dos lulistas: Dilma confirma que disputa a reeleição em 2014. Quanta ingratidão!!!




Por Reinaldo Azevedo

Pois é… Lá se foram as últimas esperanças dos lulistas. A presidente Dilma Rousseff confirmou que vai mesmo disputar a reeleição em 2014. Bem, nunca duvidei disso. Os fanáticos do lulocentrismo é que mantinham as esperanças. Há no partido quem veja isso como uma espécie de ingratidão. Pode até ser que um oposicionista ou outro fizesse votos de que Dilma quebrasse a cara, mas fiquem certo de uma coisa: ninguém mais do que Lula torcia, e torce ainda, por isso… Não virá nenhum grande sacolejo até 2014. Se a oposição não demonstrar que pode ser melhor do que ela e se não transformar em linguagem política as ruindades do governo, Dilma fica até 2018.

Lula terá de se contentar com o PT. Há a banda que torce para que dispute o governo de São Paulo. Imbatível? Sei lá. Ele nunca venceu uma eleição no colégio eleitoral do estado. Vai que dispute e perca… O Demiurgo encontraria um fim melancólico. Não creio que ceda à tentação, mas nunca se sabe…

Escrevi ontem um longo texto a respeito. Consta que, em fevereiro, ele começa a percorrer o país, numa reedição de suas caravanas. Os seus fanáticos dizem que vai defender “seu legado”. Imaginei que Dilma já o fizesse… Leiam o que informa Fernando Krakovics no Globo.

Em sua terceira conversa desde o início de novembro com o presidente do PSB e pré-candidato à Presidência da República em 2014, governador Eduardo Campos (PE), na última segunda-feira, a presidente Dilma Rousseff afirmou categoricamente que é candidata à reeleição. O socialista, que tenta viabilizar sua própria candidatura, mas continua na base de apoio ao governo, não se posicionou em relação ao eventual apoio à reeleição de Dilma. Comprometeu-se apenas a ajudá-la a fazer uma boa administração neste ano de 2013.

Setores do PT gostariam que o ex-presidente Lula fosse candidato em 2014, já que Dilma mantém uma relação mais distante com o partido. Essa opção também funciona como uma espécie de garantia caso algo vá mal no governo. Já a presidente tem evitado falar publicamente sobre o assunto porque não quer antecipar o debate eleitoral, o que poderia prejudicar sua administração.

Integrantes do PSB e interlocutores de Eduardo Campos contaram que, na conversa de segunda-feira, no Palácio do Planalto, Dilma afirmou que será candidata à reeleição e pediu apoio do presidente do partido para atravessar 2013, principalmente por causa da crise econômica e da necessidade de retomar o crescimento do país. A informação foi divulgada pela agência Reuters, e confirmada pelo GLOBO.

“O PSB é fundamental para nós (governo). Se você é candidato ou não, não altera”, teria dito a presidente para Campos, de acordo com interlocutores do pernambucano. “Eu vou para a reeleição”, teria afirmado a presidente, sem ter de volta o compromisso de apoio de Eduardo Campos.

O tom da conversa foi uma saia-justa para Campos. Ele ainda não sabe se realmente será candidato, porque, para isso, precisa costurar apoios e analisar o cenário político e econômico, para ver se tem alguma chance. O presidente do PSB não quer entrar em uma aventura, mas também não quer excluir seu nome do processo.

Enquanto isso, os socialistas continuam no governo Dilma, ocupando dois ministérios, Integração Nacional e Portos. “Nossa estratégia hoje é que o Eduardo não pode dizer que é candidato e também não tem como dizer que não é. E ele também não quer se expor”, disse uma pessoa próxima de Campos.

Depois da conversa de quase duas horas, o presidente do PSB deixou o Planalto repetindo o discurso de apoio ao governo federal, mas sem se comprometer com as eleições de 2014. Ele disse que antecipar o debate eleitoral não interessa ao desenvolvimento do país.
(…)


19/01/2013