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sábado, 13 de abril de 2013

DILMA PISOU NO TOMATE



Revista Veja


Nos doze meses encerrados em março, a inflação estourou o teto estabelecido pelo próprio governo. A inflação é um animal tinhoso, e só entende uma coisa: aumento dos juros, corte de gastos do governo e aperto no crédito. A presidente não quer tomar essas medidas impopulares, mormente num ano que antecede a eleição presidencial.

Em síntese esse é o gancho da matéria de capa da revista Veja que desta semana que está chegando às bancas neste sábado.

De fato este é o assunto que interessa a todos os brasileiros, menos ao governo petista que meterá sem qualquer remorso a mão no jarro para reeleger a Dilma, mesmo que isso signifique a bancarrota do país.

Quem viveu os anos anteriores à estabilidade da economia implantada pelos governos de Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso sabe o quanto dói viver sob o signo da inflação. A geração que cresceu com a estabilidade, sobretudo a que vive de salário, não faz a mínima ideia do que é viver sob inflação.

Já escrevi em alguma oportunidade aqui no blog que por ironia do destino o Brasil caiu nas mãos do PT justamente quando as contas do país pela primeira vez estavam sob controle e começava a desvanecer a memória inflacionária abrindo espaço para os efeitos virtuosos do Plano Real que fora, por incrível que pareça, alvo do escárnio dos petistas. Sim, pois se dependesse desses semoventes o Brasil continuaria patinando numa economia completamente estagnada.

Ao fazer-se um inventário da última década sob o governo do PT, ver-se-á que nada, absolutamente nada foi feito de novo no país. Nem mesmo a festejada “bolsa família”, que também foi uma herança do governo Fernando Henrique Cardoso. E diga-se de passagem, esses programas sociais só foram possíveis em decorrência da estabilidade da economia trazida pelo Plano Real, algo que seria impensável com o país sob o relho inflacionário.

Em boa hora a revista Veja traz como reportagem especial de sua edição desta semana um assunto que interessa a todos, principalmente àquele contingente de brasileiros menos afortunados que, se submetidos ao torniquete inflacionário, verão erodir da noite para o dia os seus salários.
Vive-se portanto neste momento uma situação de emergência que requer medidas de austeridade sobejamente conhecidas. Como o ano é pré-eleitoral o desastroso governo do PT continuará ampliando o gasto público com a finalidade de reeleger a Dilma a qualquer custo.

A completa ausência da Oposição a par de um empresariado chulé que vive às expensas de caraminguás estatais via BNDES, indica que o governo petista continuará tranquilamente a pilhar os cofres estatais tendo em mira apenas a manutenção do poder a qualquer preço.

O prognóstico dessa histriônica irresponsabilidade é, no mínimo, tenebroso.
Só não é para os comensais desse banquete de abutres, que quando o calo aperta saem da toca. É o caso do mega-empresário Marcelo Odebrecht, que em artigo publicado na Folha de São Paulo rasga elogios ao Lula e seus sequazes. O título do artigo não pode ser mais infame: “Viaje mais, presidente”, quando justifica o patrocínio da empreiteira que preside às viagens de Lula. Odebrech desmancha-se em elogios ao Lula, qualificando-o de “liderança incontestável”.

É que o Apedeuta, agora investigado pela Polícia Federal em decorrência do mensalão, abre as portas das ditaduras africanas e latino-americanas aos interesses dos ditos empresários brasileiros, dentre eles, é óbvio, Odebrecht, que já opera em Cuba, Venezuela e Bolívia, países cujos governos fazem parte do Foro de São Paulo, a organização esquerdista que articula a deletéria ação da rapinante vagabundagem comunista no continente.

E, para completar, é mais do que sabido que o governo do PT viabiliza recursos para diversos países, como Cuba por exemplo, onde a Odebrecht atua.

A sangria do erário, portanto, dá-se também pela drenagem de recursos do BNDES que desaguam nesses países cujos governos integram o Foro de São Paulo e fazem parte do jogo que viabiliza o PT no poder. Basta ver quem são os maiores doadores para as campanhas eleitorais do PT.

Toda essa farra com dinheiro público tem um custo astronômico que, por enquanto, se reflete jocosamente no preço do quilo do tomate.

Isto é apenas o começo de um desastre anunciado chamado inflação.

                       13 de abril de 2013


A rotina dos deputados mensaleiros à espera da prisão João Paulo Cunha, José Genoino, Pedro Henry e Valdemar Costa Neto traçam planos para o futuro, ainda que a cadeia seja o horizonte mais provável


Os deputados João Paulo Cunha, José Genoino, Valdemar Costa Neto e Pedro Henry
(Dida Sampaio/Dorivan Marinho/Vagner Campos/Lindomar Cruz )


Laryssa Borges e Marcela Mattos, Laryssa Borges e Marcela Mattos, Veja de Brasília 
Na próxima semana, quatro meses depois do término do julgamento do mensalão, o Supremo Tribunal Federal (STF) publicará o acórdão detalhando cada argumento dos magistrados na condenação dos 25 políticos, empresários e assessores que participaram do maior escândalo de corrupção do país. Com a formalidade, abre-se o prazo de cinco dias para a apresentação de recursos, ainda que a maior parte dos apelos finais dos condenados seja apenas protocolar. Na prática, o acórdão é o prenúncio de que o cumprimento das sentenças se aproxima - para muitos mensaleiros, a hora de enfrentar a prisão.

Condenados por envolvimento no esquema, quatro mensaleiros têm atualmente uma rotina diferente dos demais penalizados no escândalo. Os deputados Valdemar Costa Neto (PR-SP), José Genoino (PT-SP), Pedro Henry (PP-MT) e João Paulo Cunha (PT-SP) detêm mandatos, cujas despesas são bancadas com dinheiro público. Desde que ouviram suas sentenças, os quatro não apresentaram nenhuma proposta de lei, não relataram matérias relevantes e, com exceção de Genoino, não se arriscaram sequer a um discurso em plenário.

Embora tenham optado por submergir, a presença dos mensaleiros nos gabinetes da Câmara acarretaram gastos de quase 2 milhões de reais aos cofres das Casa. Até o mês de março, apenas a gestão dos gabinetes desses deputados movimentou 1,17 milhão de reais. Com contratação de consultorias, pagamento de gasolina e selos postais, foram desembolsados outros 797 717 reais.

Valdemar - No sexto mandato consecutivo na Câmara, Valdemar Costa Neto é, dos quatro deputados mensaleiros, o que mantém as atividades políticas a todo o vapor. Apesar de atuar nos bastidores – ele próprio reconheceu após a condenação nunca ter sido um bom legislador –, continua como homem forte do Partido da República e articulador astuto na barganha por cargos públicos. A aliados, Valdemar confidenciou que não espera a redução de sua pena. Ao todo, foram sete anos e dez meses em regime semiaberto por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Ciente de que terá de acertar as contas com a Justiça, Costa Neto já começou a abrir caminho no PR para que o senador Antonio Carlos Rodrigues (PR-SP) ocupe a secretaria-geral da sigla quando seu afastamento dos quadros do partido for mesmo inevitável. Suplente da atual ministra da Cultura, Marta Suplicy (PT), Rodrigues chegou ao parlamento após um arranjo político com o PT. No ano passado, para forçar o engajamento de Marta na campanha que elegeu Fernando Haddad à prefeitura paulistana, o ex-presidente Lula conseguiu que ela fosse nomeada ministra.

Ex-presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Antonio Carlos Rodrigues tem a missão de defender os interesses da ala paulista do PR ante o fortalecimento do braço fluminense da legenda, capitaneado pelo ex-governador Anthony Garotinho, e do grupo do senador mato-grossense Blairo Maggi.

Valdemar Costa Neto foi o primeiro dos mensaleiros a anunciar publicamente a tática de apelar à Corte Interamericana de Direitos Humanos, na Costa Rica, contra supostos erros processuais do julgamento do mensalão. Mas, para aliados, tem dito que sua intenção é evitar uma “postura Genoino” de enfrentamento ao STF.

Genoino - Ex-presidente do Partido dos Trabalhadores, José Genoino é o parlamentar mensaleiro com perfil mais beligerante entre os condenados. A petistas, afirma “ter direito à indignação”. Penalizado em seis anos e 11 meses por formação de quadrilha e corrupção ativa, ele não fala publicamente sobre o mensalão, mas passa quase todo o dia – chega ao Congresso antes das 8h da manhã – em “articulações políticas”. As “articulações políticas” já haviam sido usadas como argumento central do ex-presidente do PT para tentar se livrar da acusação de partícipe do mensalão. Mas conforme sentenciou a Justiça, a atuação do petista no esquema criminoso foi documentalmente materializada em assinaturas de empréstimos bancários fraudulentos, forjados para camuflar o desvio de dinheiro público usado na compra de apoio político no Congresso.

Mesmo sem votos suficientes para ser eleito deputado – ele chegou ao cargo apenas como suplente –, José Genoino ocupa uma cadeira na poderosa Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, colegiado responsável por analisar previamente a viabilidade de projetos de lei. “Ele fala e discursa na tribuna, mas dá para perceber que não é mais o mesmo. Perdeu um pouco do brilhantismo”, afirma um aliado na bancada do PT.

Genoino teve o apoio do PT para retornar à Câmara, mesmo já condenado no mensalão. Atualmente, tem alardeado que pretende “discutir até o fim da vida” a sentença imposta pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Experiente, relata sentir uma “sensação dura” por ter sido condenado. A correligionários, compara a condenação às dificuldades dos anos em que viveu na clandestinidade durante a ditadura militar. O advogado Luiz Fernando Pacheco, que defende o petista no processo do mensalão, resume o estado de espírito do parlamentar à espera do cumprimento da sentença: “Ele é um cliente preocupado, ansioso com o andamento do processo”.

Com patrimônio declarado de pouco mais de 170 000 reais, Genoino terá de cumprir a pena imposta por participação no mensalão em regime semiberto, podendo trabalhar normalmente durante o dia. Interlocutores arriscam que ele deverá atuar como palestrante enquanto vigorar a pena do mensalão.

Henry - Presença constante em escândalos políticos, o deputado Pedro Henry (PP-MT) cumpre o quinto mandato parlamentar consecutivo no Congresso, apesar de ter sido condenado a sete anos e dois meses por participação no mensalão. Conhecido entre desafetos como “o homem da lista” – referência a supostas exigências de propina – o parlamentar, penalizado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, anunciou que, quando a sentença for executada, pretende atender como anestesista durante o dia no Hospital Santa Rosa, em Cuiabá. Uma das sobrinhas de Henry é sócia da instituição, e ele próprio foi acusado de beneficiar o hospital com um contrato sem licitação para a realização de cirurgias ortopédicas. Aos sábados, o mensaleiro já perambula pelos corredores e consultórios médicos do Santa Rosa e, ocasionalmente, atende pacientes.

Escanteado nas últimas eleições municipais, Henry perdeu um pouco da influência no sudoeste do Mato Grosso, sua base política, mas continua nomeando aliados sem dificuldade no Executivo local. Atua sem contratempos na secretaria estadual de Saúde, onde indicou os dois últimos secretários. “Este será o último mandato do Pedro Henry. Ele vai pegar o legado político e fazer um trabalho de bastidor”, diz o aliado de primeira hora e secretário-geral do PP em Mato Grosso, Ezequiel Fonseca.

Para manter sua influência sobre os políticos mato-grossenses, Henry já trabalha para eleger no próximo ano o ex-deputado Neri Geller, que atuará em Brasília como preposto do mensaleiro. Para dar continuidade à sua atuação na área da saúde, Pedro Henry prepara ainda a inauguração de um hospital particular em Florianópolis, especializado em cirurgias bariátricas. O irmão dele, o ex-prefeito de Cáceres Ricardo Henry, deverá administrar formalmente a instituição.

No dia a dia da Câmara, Pedro Henry é discreto e não discursa em plenário desde 2009. Também não apresentou nenhum projeto de lei desde 2011. Para evitar o constrangimento de ser cobrado por seus atos, aparece publicamente nas votações apenas para registrar presença ou formalizar o voto. No intervalo entre o início da sessão e o momento de abertura das urnas para votação, prefere ficar recluso em seu gabinete.

João Paulo - Condenado a nove anos e quatro meses de prisão por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e peculato, o deputado João Paulo Cunha (PT-SP) é o quarto mensaleiro que atualmente ocupa uma cadeira no Congresso Nacional. Ele já tentou articular com a cúpula da Câmara para evitar que os mensaleiros percam seus mandatos. Ex-presidente da Casa, Cunha se reuniu com os novos dirigentes para discutir como atrasar o inevitável processo de cassação dos mandatos.

Desde que foi condenado, logo no início do julgamento do mensalão, João Paulo Cunha viu suas pretensões políticas ruírem. Foi obrigado a deixar de imediato a disputa pela prefeitura de Osasco (SP). Cabisbaixo, trancafiou-se em um quarto por quase um mês após o veredicto do Supremo. Hoje tenta concluir o curso de graduação em direito em uma faculdade particular em Brasília. A esperança do mensaleiro é de se beneficiar com a presença em sala de aula. De acordo com a Lei de Execuções Penais, a cada 12 horas de frequência escolar, incluindo a universitária, um dia de pena é abatido.

Nas aulas, Cunha costuma se sentar ao fundo da sala, afastado dos demais alunos e se recusa a debater assuntos da atualidade com os estudantes. “Nunca ouvi a voz dele”, relatou ao site de VEJA um colega de classe. O comportamento é repetido no Congresso Nacional. Apesar de integrar a cobiçada Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), não relata ou apresenta matérias de interesse do público. Na CCJ, faltou em sete das 14 reuniões do colegiado. Nenhuma das ausências foi justificada.

13/04/2013

A terceira vida de Palocci





 Como tem operado o ex-ministro que depois de ser levado duas vezes ao ostracismo volta à cena política com a missão de aproximar o governo de empresários e banqueiros


Por Mário Simas Filho
IstoÉ




Logo depois do Carnaval, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu um recado de um diretor da Fiesp – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo – informando que diversos empresários estariam sendo seduzidos pelo discurso de um estado ágil, enxuto e menos intrometido apresentado pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG) em reuniões com pequenos grupos de industriais. Dias mais tarde, o ex-ministro José Dirceu relatou a Lula, durante um jantar em São Bernardo, uma crescente insatisfação do setor de logística com a gestão da presidenta Dilma Rousseff. Como conhece muito bem a força do empresariado em uma disputa presidencial, Lula resolveu trazer de volta ao tabuleiro um velho bombeiro, tarimbado na prática de apagar os incêndios que costumam colocar o setor produtivo e o PT em lados opostos: Antônio Palocci.

Na primeira semana de março, o ex-ministro, que estava havia quase dois anos longe dos holofotes e raramente mantinha contatos políticos, atendeu ao chamado de Lula. Foi ao Instituto Cidadania, QG lulista em São Paulo, e, depois de conversar por quase três horas com o ex-presidente e dois assessores, aceitou o desafio de mais uma vez aparar arestas entre o partido e os empresários. Palocci passou a fazer semanalmente avaliações da política econômica – tarefa também realizada pelo economista Luiz Gonzaga Belluzzo – e a participar de encontros reservados com empresários e banqueiros. A maioria das reuniões ocorre sem a presença de Lula. “Assim como atuou durante a campanha em 2002, Palocci é uma espécie de avalista da política econômica de Dilma junto ao empresariado”, disse à ISTOÉ um dos assessores de Lula presentes no encontro no Instituto Cidadania. Desde aquele dia, a participação política de Palocci vem aumentando, ainda que só nos bastidores.

Em 25 de março, o ex-ministro participou ao lado de Lula de um evento fechado no hotel Mercury, em São Paulo, onde foram discutidas a política de juros e a questão do crescimento da inflação e seus possíveis reflexos para a eleição do próximo ano. Também estavam presentes os professores Marco Aurélio Garcia e Luiz Dulci. O objetivo do encontro era buscar uma linguagem comum para a defesa do governo Dilma junto ao empresariado. Outra missão foi dada a Palocci logo na primeira semana de abril. Na sexta-feira 5, um grupo de empresários ligados à indústria de base se reuniu com o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. Na avaliação feita pelo governo o encontro foi péssimo e serviu apenas para que os empresários criticassem o governo e o que classificaram como “amarras impostas pelo estilo Dilma de administrar”. Na semana seguinte, Palocci entrou em campo. Por mais de três horas ele se reuniu com representantes da Abdib (Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústria de Base) para tentar aplacar o mal-estar. Segundo um dos presentes, durante o encontro Palocci chegou a adiantar a um grupo de empresários as medidas que o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, tomaria para investir no setor industrial ainda em 2013.

No início de abril, Palocci se encontrou com empresários
da indústria de base para desfazer mal-estar do setor
como presidente do BC, Alexandre Tombini


No PT, as novas movimentações de Palocci foram inicialmente aplaudidas. O presidente nacional do partido, deputado Rui Falcão, chegou a participar de alguns encontros com o ex-ministro e tem ciência de que Palocci é o melhor interlocutor petista do governo com a iniciativa privada. O problema é que, com o aval de Lula, nas últimas semanas o ex-ministro passou a avançar em outras áreas, o que tem incomodado alguns setores do partido. “Ele é o único que pode em pouco tempo reaproximar os empresários do governo”, disse um dos assessores do Instituto Cidadania a um prefeito petista na segunda-feira 8. “Mas o Lula precisa delimitar o espaço, porque Palocci é um trator”, completou. Na quarta-feira 3, durante sete horas o ex-ministro esteve reunido com Falcão, Lula e a presidenta Dilma no hotel Unique, em São Paulo. Na pauta estava a sucessão estadual e dois possíveis candidatos ao governo paulista participaram de parte do encontro: Aloyzio Mercadante, ministro da Educação, Luiz Marinho, prefeito de São Bernardo. De acordo com um dos presentes, durante a reunião Lula pediu abertamente sugestões a Palocci para iniciar uma estratégia capaz de atrair banqueiros para o projeto petista em São Paulo. Em uma conversa reservada, porém, o ex-presidente teria pedido ao ex-ministro que sondasse junto aos banqueiros qual dos pré-candidatos petistas seria aceito com maior entusiasmo. Em 2010, apenas 7% dos recursos da campanha de Dilma vieram dos grandes bancos.

Essa é a terceira vez que Lula tira Palocci das fronteiras de Ribeirão Preto, no interior paulista, para lhe dar musculatura política e projeção nacional. Em 2002, quando a possibilidade de o ex-sindicalista chegar ao poder ainda assombrava as elites, Palocci foi um dos principais responsáveis pela carta aos brasileiros – documento que acalmou o empresariado, já que nela o PT e Lula se comprometiam a cumprir os contratos estabelecidos. Durante a campanha, o médico que militou em grupos de esquerda e que como prefeito promoveu uma gestão marcada pelas privatizações fez a interlocução com os empresários. No Ministério da Fazenda, Palocci conduziu uma política ortodoxa, impondo um arrocho capaz de fazer inveja a qualquer tucano. Era o homem mais poderoso da Esplanada dos Ministérios, mas caiu depois de flagrado em uma mansão de Brasília onde lobistas de Ribeirão Preto promoviam animadas festinhas. Para tentar se defender recorreu a um método pouco republicano: quebrou o sigilo bancário de um caseiro. Abatido, voltou para Ribeirão Preto e permaneceu na penumbra política até a eleição de 2010. Depois de escolher Dilma como candidata, Lula trouxe Palocci novamente à luz, para mais uma vez avalizar o PT junto à elite econômica e financeira. O sucesso da missão fez dele um poderoso ministro da Casa Civil e homem forte do governo. Em junho de 2011, menos de seis meses depois de retornar à corte, caiu novamente. Dessa vez por não conseguir explicar a multiplicação de seu patrimônio através de uma empresa privada de consultoria.

Com as novas atribuições, a empresa vem sendo tocada por um sobrinho do ex-ministro, André da Silva Palocci, e os negócios em Ribeirão Preto foram delegados a Galeno Amorim, um dos seus homens de confiança. De forma bem mais discreta do que as anteriores, Palocci parece estar pronto para agarrar a chance de começar uma terceira vida com dimensão nacional.

Colaborou Josie Jerônimo


13.Abr.13

Inflação salga alimentos básicos como farinha de mandioca e feijão







PEDRO SOARES
DO RIO

Folha de São Paulo

Na casa do aposentado Luiz Carlos da Fonseca, 58, só ele vai ao supermercado. A cada mês, diz, compra a mesma lista de produtos. Mas os gastos aumentam, e a culpa, na sua percepção, é dos preços dos alimentos.
"Há um ano, fazia a compra do mês com R$ 450. A despesa foi subindo cada vez mais, e, no mês passado, cheguei a gastar R$ 700."


O ex-garagista, pai de quatro filhos e morador do subúrbio carioca de Del Castilho, controla todo o orçamento da família. "Minha mulher é muito gastona", justifica.
Fonseca sentiu no bolso a alta persistente dos alimentos desde o fim do ano passado, intensificada neste primeiro trimestre --quando a alimentação no domicílio subiu 5,58%, quase o triplo da inflação média pelo IPCA no período (1,94%).
A Folha fez um levantamento com os 146 produtos alimentícios pesquisados pelo IBGE em 11 capitais e regiões metropolitanas do país e constatou que 117 deles, ou 80%, ficaram mais caros no trimestre passado.
E os reajustes não foram nada modestos: 5 produtos tiveram alta maior do que 50%, 13 tiveram reajuste maior que 20% e 33 superaram 10%. Só 29 ficaram mais baratos.



William Mur/Editoria de Arte/Folhapress




No topo da lista, aparecem hortaliças e frutas como tomate (o campeão, com 60,9%), repolho (58,15%), açaí (55,66%), cebola (54,88%) e cenoura (53,3%).

Outros aumentos de destaque são de produtos típicos e básicos do prato do brasileiro, como batata (38,11%), farinha de mandioca (35,18%), feijão-carioca (22,85%) e mandioca (22,18%).


SEM FARINHA

Fonseca, adepto do hábito de anotar todas as despesas, reparou nos preços mais altos. "Eu pagava menos de R$ 2 pelo quilo da farinha de mandioca, que não faltava lá em casa. No mês passado, estava a R$ 7. Simplesmente não comprei." O aposentado diz ainda que, diante do preço salgado do tomate (R$ 9 o quilo), levou só três frutos.
Segundo Priscila Godoy, economista da Rosenberg & Associados, o clima desfavorável e as quebras de safra explicam os reajustes. Pesou ainda, afirma, o custo maior dos fretes com a nova lei que determina a troca de motoristas em viagens longas e os dois aumentos recentes do preço do diesel.
Um pequeno alívio veio de alguns produtos da cesta básica, que já vinham em queda e mantiveram a tendência após a desoneração promovida pelo governo no início de março. "Não sentimos ainda nenhum impacto da queda dos preços dos produtos desonerados."
Entre os itens que tiveram isenção tributária estão o arroz e as carnes, cujos preços caíram 2,28% e 0,62%, respectivamente, no primeiro trimestre. Ambos integram a refeição básica do brasileiro.
Angela Maria Ribeiro, dona de casa, diz que nos supermercados da zona oeste do Rio, onde mora com a família, os preços subiram antes da medida do governo de cortar tributos da cesta básica. "Tudo ficou mais caro. O arroz, o açúcar e o óleo de soja. Quando veio o desconto, os preços ficaram na mesma."
A expectativa de analistas é que, a partir de maio, comece a haver redução do preço dos alimentos.

Variação de preços de todos os itens de alimentação no domicílio no acumulado do primeiro trimestre, em %

Tomate 60,9
Repolho 58,15
Açaí (emulsão) 55,66
Cebola 54,88
Cenoura 53,3
Batata-inglesa 38,11
Farinha de mandioca 35,18
Inhame 33,28
Anchova 27,74
Coentro 25,62
Feijão - carioca (rajado) 22,85
Mandioca (aipim) 22,18
Feijão - macassar (fradinho) 21,47
Laranja - pera 19,44
Banana - prata 18
Mandioquinha (batata-baroa) 17,98
Banana-da-terra 17,77
Alface 16,59
Abóbora 16,11
Couve 15,95
Goiaba 14,08
Maracujá 13,36
Brócolis 13
Ovo de galinha 12,13
Farinha de trigo 12,02
Morango 11,93
Frango em pedaços 11,48
Tilápia 11,44
Abacaxi 10,83
Manga 10,71
Ervilha em conserva 10,51
Couve-flor 10,24
Feijão - mulatinho 10,22
Cheiro-verde 9,97
Pão de forma 9,21
Cação 9,11
Patê 9,09
Corvina (peixe) 8,42
Dourada (peixe) 8,05
Presunto 7,62
Azeite de oliva 7,56
Atum em conserva 7,34
Vermelho (peixe) 7,31
Frango inteiro 7,07
Melancia 7,02
Manteiga 6,15
Macarrão 6,12
Cavalinha (peixe) 5,97
Doce de frutas em pasta 5,82
Merluza (peixe) 5,67
Tangerina 5,58
Leite de coco 5,58
Hambúrger 5,4
Farinha vitaminada 5,21
Milho-verde em conserva 5,17
Bolo 4,8
Coco ralado 4,79
Salame 4,74
Feijão - preto 4,72
Massa semipreparada 4,63
Sardinha em conserva 4,51
Biscoito 4,46
Café solúvel 4,41
Salsicha em conserva 4,38
Pão doce 4,29
Pescada 4,28
Atomatado (molho de tomate) 4,23
Quiabo 4,21
Salmão 4,21
Pão francês 3,87
Farinha de arroz 3,81
Salsicha 3,28
Chocolate e achocolatado em pó 3,26
Carne de porco salgada e defumada 3,21
Sal e condimentos 3,15
Margarina 3,11
Amido de milho 3,09
Leite condensado 3,06
Pão de queijo 3,03
Queijo 3,01
Tempero misto 2,91
Azeitona 2,86
Pepino em conserva 2,84
Leite em pó 2,78
Fermento 2,75
Balas 2,7
Palmito em conserva 2,67
Maionese 2,63
Iogurte e bebidas lácteas 2,59
Fubá de milho 2,58
Alho 2,5
Leite longa vida 2,49
Camarão 2,48
Chá 2,27
Carne de porco 2,07
Peito (corte de carne bovina) 2,05
Carne de carneiro 1,99
Mortadela 1,97
Refrigerante e água mineral 1,96
Caldo concentrado 1,83
Uva 1,83
Sopa desidratada 1,8
Laranja - baía 1,7
Sorvete 1,69
Carne em conserva 1,27
Vinagre 1,27
Linguiça 1,26
Outras bebidas alcoólicas 1,23
Suco de frutas 1,17
Banana - d'agua 1,15
Banana - maçã 0,49
Café moído 0,49
Cerveja 0,31
Caranguejo 0,26
Flocos de milho 0,25
Carne-seca e de sol 0,24
Mamão 0,03
Sal -0,03
Contrafilé -0,08
Maçã -0,12
Pá (corte de carne bovina) -0,26
Costela (corte de carne bovina) -0,54
Alcatra (corte de carne bovina) -0,68
Lagarto redondo (corte de carne bovina) -0,8
Chocolate em barra e bombom -0,86
Cavala (peixe) -0,87
Fígado -1,14
Chã de dentro (corte de carne bovina) -1,15
Acém -1,3
Lagarto comum (corte de carne bovina) -1,33
Patinho (corte de carne bovina) -1,48
Castanha -1,57
Creme de leite -1,89
Músculo -2,11
Arroz -2,28
Pera -2,36
Óleo de soja -2,66
Sardinha -2,83
Tucunaré (peixe) -2,97
Açúcar cristal -3,87
Açúcar refinado -4,77
Filé-mignon -4,81
Serra (peixe) -5,57
Limão -8,14
Pimentão -17,57
Abacate -21,31


13/04/2013

quarta-feira, 10 de abril de 2013

'Ministro do STF não polemiza com réu', diz Fux sobre declaração de Dirceu




MÔNICA BERGAMO
COLUNISTA DA FOLHA

O ministro Luiz Fux declarou, por meio da assessoria de imprensa do STF (Supremo Tribunal Federal), que não responderá à acusação do ex-ministro José Dirceu de que foi assediado moralmente por ele.

"Ministro do STF não polemiza com réu", afirmou Fux.

Condenado a mais de dez anos no julgamento do mensalão, Dirceu contou em entrevista à Folha e ao UOL que Fux o "assediou moralmente" quando fazia campanha para ingressar no STF.


Alan Marques/Folhapress
O ministro do STF Luiz Fux


Ele conta que a reunião entre ambos ocorreu num escritório de advocacia de conhecidos comuns. Ao relatar esse encontro, Dirceu faz uma acusação grave. O ex-ministro afirma não ter perguntado "nada" [mas Fux] "tomou a iniciativa de dizer que ia me absolver".

Num outro trecho da entrevista, segundo Dirceu, "ele [Fux], de livre e espontânea vontade, se comprometeu com terceiros, por ter conhecimento do processo, por ter convicção".

O ex-ministro afirma ainda que Fux "já deveria ter se declarado impedido de participar desse julgamento [do mensalão]".

No início de 2011, Fux foi nomeado pela presidente Dilma Rousseff para o STF. Durante o julgamento do mensalão, votou pela condenação de Dirceu --que acabou sentenciado a de dez anos e dez meses de reclusão mais multa.

REPERCUSSÃO

Além do próprio Fux, o único ministro do Supremo a se manifestar sobre as declarações do ex-ministro foi Marco Aurélio Mello. Para ele, as acusações de Dirceu desgastam a Corte, mas não têm a capacidade de prejudicar o resultado do julgamento.

"É tudo muito lamentável, como eu disse ontem [sobre o episódio da tensa reunião entre o presidente Joaquim Barbosa e os presidentes de entidades de juízes]. Desgasta o Supremo", disse Marco Aurélio. "Mas não fragiliza o julgamento [do mensalão], porque não se trata de um argumento jurídico. Pelo contrário. Ele [o ministro Fux] foi um dos mais rigorosos", completou.

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que acusou Dirceu pelos crimes do mensalão, disse ter recebido as declarações com "absoluto descrédito".

"Recebo com absoluto descrédito. O ministro Luiz Fux é um magistrado com uma longa carreira pela honorabilidade, correção e seriedade, o que não é precisamente o caso do ex-ministro [José Dirceu]", afirmou Gurgel.

A mesma restrição é adotada pelo presidente da AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros), Nelson Calandra, que minimizou as acusações. "Eu não posso acreditar que um juiz prometa, sem ver os autos, que vai absolver alguém. O que pode ter ocorrido em um dialogo é que, se não houver prova para condenação, se a prova for no sentido de absolver, qualquer um de nós absolve alguém que está sendo julgado. Acho que é a dor de alguém que acabou condenado criminalmente e dá uma entrevista expondo uma figura pública, que é o ministro Fux", disse.

Entre os advogados de réus do mensalão, apenas o defensor de Marcos Valério, Marcelo Leonardo, comentou a entrevista de Dirceu e disse que ficou "estarrecido".

"Estou estarrecido com essa entrevista do José Dirceu e também com aquela que foi dada pelo ministro Fux à Folha, na qual relatou o contato com o ex-ministro", disse Leonardo.

O advogado referiu-se à reportagem publicada pela Folha em dezembro passado na qual Fux admitiu que encontrara Dirceu quando estava em campanha para o STF. Na oportunidade Fux negou ter prometido a absolvição do ex-ministro.



Marlene Bergamo/Folhapress
O ex-ministro José Dirceu concede entrevista aos jornalistas da Folha Fernando Rodrigues e Mônica Bergamo
10/04/2013

Dirceu ataca Fux, compromete Dilma gravemente e diz que vai recorrer a corte internacional contra julgamento, o que é pura fantasia para tentar melar o jogo. E ainda faz ameaça velada. Dilma está prestes a indicar novo ministro para o STF


                          Por Reinaldo Azevedo

É estupendo!
Há muitos dias tenho tratado aqui com sarcasmo a absurda campanha que a imprensa, ou quase toda, move contra o deputado Marco Feliciano (PSC-SP). Campanha, sim, de caráter fascistoide!

Os nossos luminares do teclado ainda não aprenderam que a democracia não proíbe ninguém de dizer besteira. Enquanto isso, a vergonha na cara fica por aí, esfaimando…

José Dirceu, aquele condenado por corrupção ativa e formação de quadrilha — o chefe dela, segundo a Procuradoria-Geral da República — concede uma entrevista à Folha e ao UOL em que, claro!, diz ser inocente.

Repete  a acusação que gente ligada a ele já havia feito, segundo a qual o ministro Luiz Fux, antes ainda de ser nomeado, havia prometido inocentá-lo caso ganhasse uma vaga no Supremo.

Em entrevista, Fux já admitiu o encontro, mas nega que tenha prometido um voto favorável. Dirceu diz também que vai, recorrer à “Comissão Internacional de Direitos Humanos” (seja lá o que for isso) e, ora vejam!, faz uma ameaça nem tão velada assim caso Lula seja mesmo processado por alguns crimes do mensalão.

O que o PT pretende fazer, não fica claro. Mas parece ser coisa grande. Será que vão botar os tanques na rua? Cercar o Supremo com os tontons-maCUTes? Não sei. Leiam trechos. Volto em seguida;
* Folha/UOL – Como foi seu encontro com Luiz Fux? José Dirceu - Eu não o conhecia, eu fui assediado moralmente por ele durante mais de seis meses para recebê-lo. Como foi esse assédio? Através de terceiros, que eu não vou nominar. Eu não queria [recebê-lo]. Quem são esses terceiros? São advogados, não são lobistas. Eu o recebi, e, sem eu perguntar nada… Porque ele [hoje] dizer para a sociedade brasileira que não sabia [na época do encontro] que eu era réu do processo do mensalão é tragicômico. Soa ridículo, no mínimo, né? Como o ministro do STJ [cargo ocupado na época por Fux] não sabe que eu sou réu no processo? E ele tomou a iniciativa de dizer que ia me absolver. Textualmente. (…) Como é que o sr. se sentiu quando o ministro Fux votou pela sua condenação? Depois dos 50 anos que eu tenho de experiência política, infelizmente eu já não consigo me surpreender. A única coisa que eu senti é a única coisa que me tira o sono. Nem a condenação me tira o sono porque tenho certeza que eu vou revertê-la. (…) A sua defesa vai apresentar recursos [para reverter a condenação]. O sr. tem esperança? Vai apresentar. Depois do transitado em julgado, vamos para a revisão criminal. E vou bater à porta da Comissão Internacional de Direitos Humanos. Não é que fui condenado sem provas. Não houve crime, sou inocente; me considero um condenado político. Foi um julgamento de exceção, político. (…) Se o ex-presidente Lula não tem nada com isso, por que Marcos Valério é recebido por Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula e um de seus assessores mais próximos? Boa pergunta para ser dirigida ao Paulo Okamotto. Eu nunca tive nenhum contato com Marcos Valério. Nem antes nem depois. E o Lula não tem nenhuma preocupação. Conheço os fatos, ele não tem nada a ver com isso. Absolutamente. A não ser que se queira, agora, dar um golpe que não conseguiram dar antes. Quer dizer, transformar o Lula em réu na Justiça brasileira. A não ser que se vá fazer esse tipo de provocação ao PT e ao país, à nação brasileira.
Voltei
O mais escandaloso na entrevista de José Dirceu é que ele deixa claro que a nomeação de Fux foi decidida no ambiente em que o então ministro do STJ prometeu inocentá-lo caso conseguisse a vaga no Supremo. Ele diz, claro!, não saber se tal promessa pesou na indicação.

Ora… Então José Dirceu, um dos capas-pretas do PT, principal réu do mensalão, recebe um candidato ao Supremo que promete inocentá-lo, e esse homem é, de fato, indicado para o cargo, e devemos acreditar que uma coisa não tem nada a ver com a outra?
O ódio de Dirceu é tão grande que ele não se importa em confessar que a escolha de um ministro para o Supremo obedeceu aos mais baixos interesses. Não se pensava, então, no país, mas em livrar a cara de um poderoso chefão petista.

A entrevista, é evidente, estoura na porta do gabinete de Fux, mas compromete ainda mais a presidente Dilma Rousseff. Trata-se de um verdadeiro escândalo.
Insônia
Fux que se cuide. Eu detestaria ser objeto da insônia de José Dirceu, e o ministro, segundo confessa o próprio condenado, povoa as noites mal dormidas do chefão. Que ele não seja do tipo que perdoa, isso a gente já sabe…
Num país, digamos, razoável, tanto Fux como Dilma estariam obrigados a divulgar notas oficiais nesta quarta-feira. Ele tem de dizer se Dirceu mente ou fala a verdade quando sustenta que recebeu uma promessa de voto; ela tem de deixar claro que princípio orientou a escolha de Fux.
Fantasias de Dirceu
Dirceu decidiu enrolar o público com algumas fantasias. Não sei que diabo vem a ser “revisão criminal” nesse caso. Ele está se referindo aos embargos infringentes? Nem mesmo está claro se eles são cabíveis ou não no caso. Eu entendo que não. A Lei 8.038, vejam aí a íntegra, disciplina justamente os julgamentos nos tribunais superiores — também no STF. E não trata de “embargos infringentes” — vale dizer: da possibilidade de haver um reexame da decisão da maioria. Essa lei é de 1990.

Na prática, ela tornou sem efeito o Artigo 333 do Regimento Interno do STF, que prevê os tais embargos. Os advogados de defesa até podem vir com essa história. Suponho que os ministros do Supremo, responsáveis que são, dirão o óbvio: um artigo de um regimento interno, mesmo do Supremo, não pode mais do que a lei. Vamos ver.
A “Comissão Internacional de Direitos Humanos”, de que ele fala, deve ser a Comissão Interamericana de Direitos Humanos — à qual ele já havia dito que não recorreria… Pelo visto, mudou de ideia.

É pura conversa mole.

Recorrer à comissão por quê?

Ele teve, por acaso, cerceado seu direito de defesa?

Ainda que recorresse e ainda que seu pleito fosse acolhido, é bom Dirceu ler a Constituição Brasileira. A instância máxima da Justiça é o Supremo Tribunal Federal.

E ponto!

Esses petistas são mesmo curiosos. Quando a questão de Belo Monte foi parar na Comissão e depois na Corte Interamericana de Direitos Humanos, os petistas deram de ombros e ainda acharam uma ingerência indevida na política interna brasileira.
Melar o jogo
Os mensaleiros e alguns de seus advogados ainda não desistiram de tentar melar o jogo. Essa entrevista de José Dirceu vem coordenada com uma tentativa de Márcio Thomaz Bastos de impedir a publicação do acórdão do julgamento. São esforços para tentar colar em todo o processo a pecha de “julgamento de exceção”.
Lula e a ameaça
Vejam lá como Dirceu se refere à possibilidade de que Lula se torne réu num dos processos do mensalão. Diz que será uma “provocação ao PT, ao país, à nação brasileira”.

Se Lula atropelar sem querer um gato, esse gato será atropelado pela nação brasileira. Quando mantinha relações especiais e ancilares com uma funcionária da Presidência da República, quem comparecia para os eventos era a “nação brasileira”.

Assim, caso se torne réu, ré, então, será a nação brasileira.

É uma besteira, mas também é uma ameaça.
Tenho cá as minhas desconfianças se Dirceu, no fundo, não torce por isso. Caso Lula também se torne réu, ele se perfila ao lado do outro, um tantinho mais popular, e se diz também uma “vítima”.
Eis aí. Um quadro dirigente de um dos maiores partidos políticos do país, que está no poder há 10 anos, revela que ministro foi nomeado para o Supremo depois de lhe prometer um voto, força a mão para desmoralizar o tribunal e ainda faz ameaças veladas aos órgãos de investigação do estado.

E os bananas ficam por aí perseguindo um deputado porque, no fim das contas, não gostam de suas opiniões.
LEMBREM-SE: DILMA ESTÁ PRESTES A INDICAR UM NOVO MINISTRO DO SUPREMO.

Há dias, a presidente esteve com o tributarista Heleno Torres. Torres já afirmou sobre o julgamento do mensalão o que segue em vermelho:
“O Tratado do Pacto de San José proclama direito de recorrer da sentença a juiz ou tribunal superior. Por tudo isso, no final, a Corte Interamericana terá que anular esse julgamento, sob pena do seu absoluto descrédito”.


10/04/2013