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sábado, 15 de junho de 2013

Dilma leva três sonora vaias no Mané Garrincha, na abertura da Copa das Confederações





Por Reinaldo Azevedo

Joseph Blatter, presidente da Fifa, discursou na abertura da Copa das Confederações, no estádio Mané Garricha, em Brasília. O jogo de estreia é Brasil contra o Japão. Estava ao lado de Dilma Rousseff. Tão logo citou o nome da presidente, explodiu uma sonora vaia no estádio.




As autoridades brasileiras, definitivamente, se arriscam em situações assim. Lula, que é Lula — transformado no demiurgo nacional —, foi vaiado em pleno Maracanã, na abertura dos Jogos Pan-Americanos de 2007.

Os petistas podem tentar citar Nelson Rodrigues — “Brasileiro vaia até minuto de silêncio” — ou podem achar que está em curso algum desconforto com o governo. E olhem que o jogo se dá em Brasília, não é?, que tem a renda per capita mais alta do país.

A vaia quer dizer alguma coisa e aponta para 2014? Não dá para saber. As pesquisas indicam que a popularidade da presidente é alta, mas está em queda. Lula, como lembrei, foi vaiado em 2007 e, como se sabe, elegeu sua sucessora. Vamos ver.

Ah, sim: Neymar abriu o placar aos três minutos do primeiro tempo.


15/06/2013

Uso da força em protestos não é ilegítimo nem autoritário



É provável que investigação da PM traga à tona erros cometidos na operação montada para conter protestos em São Paulo

Mas exageros e erros não devem colocar em xeque o direito e o dever policial de zelar pela ordem
Veja.com

  


Conflito entre manifestantes e policia durante protesto contra o aumento das passagens em São Paulo - Eduardo Biermann

Na manhã desta sexta-feira, o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella Vieira, autorizou o início de uma investigação para averiguar se houve excessos da PM durante a última passeata do Movimento Passe Livre na capital do estado.

É provável que a investigação da Corregedoria da PM traga à tona erros cometidos na operação para conter e dispersar os manifestantes. Na internet espalham-se imagens de pessoas que alegam ter sido agredidas de maneira arbitrária. Notoriamente, há déficits no treinamento dos policiais brasileiros.

Uma análise perfunctória dos confrontos de quinta-feira mostra que não foram seguidas à risca diversas recomendações do Código de Conduta para Agentes de Segurança Pública das Nações Unidas, uma espécie de código internacional para ações policiais durante manifestações públicas. Isso não significa, no entanto, que tenha sido ilegítima a ação da PM na marcha de São Paulo.

É uma questão de princípios. “No Estado de Direito, a Polícia tem autorização para usar a força a fim de garantir a ordem e a segurança”, diz Maria Stela Grossi Porto, socióloga e membro do Núcleo de Estudos sobre Violência e Segurança da Universidade de Brasília. "Mais ainda, o uso da força é monopólio dela."

A tentativa de fazer da ação da PM um exemplo de autoritarismo comparável à repressão dos tempos de regime militar no Brasil, ou à ação das polícias de regimes ditatoriais, é um evidente absurdo, uma vez que o país não vive um regime de exceção.

Mais razoáveis seriam comparações com embates ocorridos nos Estados Unidos e na Europa - ou seja, em nações democráticas - em anos recentes. Londres, Madri, Nova York, Toronto são apenas algumas das metrópoles que foram palco de choques entre a polícia e ativistas inspirados por ideais não muito diferentes daqueles abraçados por quem protesta em São Paulo - a rejeição ao "sistema", em algum de seus aspectos particulares ou de maneira genérica.

Em novembro de 2011, por exemplo, durante a desmonte dos acampamentos de manifestantes do Ocupe Wall Street, em Nova York, ao menos 300 pessoas foram presas.

Houve uma larga discussão sobre "uso abusivo da força" e dois oficiais se tornaram emblemas desse hipotético excesso, pelo uso indiscriminado de spray de pimenta.

Eles foram submetidos a sindicâncias e punições, mas nenhum deles sofrera uma ação criminal, como foi decidido em meados de abril deste ano. Em reportagem sobre o caso, o jornal The New York Times ouviu um especialista em direito penal que ressaltou a dificuldade em se processar policiais envolvidos em situações "caóticas" como a de uma manifestação de rua.

"Seria preciso provar, para além de qualquer dúvida razoável, que o polícial usou a força em total desacordo com as suas atribuições", disse o ex-promotor Thomas J. Curran. "Ocorre que o uso da força é parte das suas atribuições." Quando posta em movimento, nenhuma polícia é angelical.

Uso da força — “É muito tênue o limite do que é legítimo e do que não é em situações de multidão", diz Maria Stela Grossi Porto. "Os casos precisam ser sempre analisados individualmente.” Os possíveis exageros e erros da quinta-feira não devem, portanto, colocar em xeque o direito e o dever policial de zelar pela ordem durante uma passeata.

A sua presença é a única maneira de garantir a segurança dos transeuntes, do patrimônio público e, em certas circunstâncias, até mesmo dos manifestantes — uma vez que as marchas costumam reunir um público heterogêneo, como sem dúvida foi o caso nos últimos dias em São Paulo.

Isso não está em contradição com a necessidade - também ela permanente - de aprimorar e "civilizar" as forças policiais.

Num ato de rua, ditam os protocolos, a polícia deve seguir três passos: esclarecimento, contenção e repressão. Num primeiro momento, há que se coletar informações sobre o movimento e negociar locais e itinerários com os manifestantes.

Isso foi feito na quinta-feira em São Paulo, e um dos motivos da situação ter fugido ao controle foi a tentativa de alguns líderes da passeata de mudar o trajeto combinado e furar ou contornar o bloqueio policial.

A fase de contenção é preparada para quando a manifestação pode evoluir a um tumulto. Nessa situação, a tropa de choque se posiciona de maneira ostensiva para tentar dissuadir os manifestantes. Entre esse momento e os primeiros atos de repressão, uma série de medidas dussuasórias deve ser empregada.

Segundo José Inácio Cano, do Laboratório de Análise de Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), reclamações sobre o uso abusivo da força policial durante manifestações são comuns no mundo todo.

“É importante que fique claro apenas uma questão: a primeira abordagem policial tem de ser sempre pacífica, a tentativa de ganhar os manifestantes pela conversa, pela negociação.”

Um histórico de manifestações anteriores não deve justificar ações açodadas. “A polícia não pode dar início a uma ação repressiva com base em algo anterior.

Assim como tem o direito de usar a força, o policial é profissional e deve ser treinado para não agir no impulso.”

(des)preparo — “O policial precisa ser melhor treinado, precisa de educação continuada e de socialização. Infelizmente, isso ainda não atinge aquele policial que está na linha de frente”, diz Maria Stela. Uma medida relativamente simples de aprimoramento, testada em outros países e ainda de maneira incipiente no Brasil, é a criação de relatórios diários.

Em linhas gerais, isso significa que o policial, após um dia de trabalho, deve relatar por escrito o que aconteceu e como atuou em cada ocorrência.

“Esse é um caminho eficiente, usado em países estrangeiros, para que o policial reflita sobre seus atos e tenha um retorno sobre se agiu, ou não, corretamente.”



Recomendações da Anistia Internacional

Facilite manifestações públicas pacíficas
É direito legítimo das pessoas se manifestarem publicamente. A função da polícia é facilitar e não coibir a marcha. Em casos de manifestações não violentas, mesmo aquelas que não respeitem às leis, a polícia deve evitar o uso da força. Se inevitável para assegurar a segurança, deve-se usar o mínimo de força necessária.

Proteja manifestações pacíficas
Violações menores da lei, como pequenos danos à propriedade, devem ser investigadas e, eventualmente, responsabilizadas. Elas não devem, entretanto, levar à dispersão da manifestação. A decisão de se dispersar a marcha deve ser tomada com base em princípios de necessidade e proporcionalidade — apenas quando não há outra maneira de se proteger o público de uma onda de violência eminente. Em locais onde minorias tentam transformar uma manifestação pacífica em violenta, os policiais devem proteger os manifestantes pacíficos.

Reduza situações de tensão e violência
A comunicação com a organização do movimento deve criar um vínculo de compreensão mútua e prevenir a violência. Em locais nos quais casos de violência são muito prováveis, a comunicação se torna ainda mais importante. Quando a decisão de dispersar a multidão é tomada, essa ordem deve ser claramente comunicada e deve-se dar tempo suficiente para as pessoas se dispersarem.

Use a força policial apenas para manter a lei
A força não deve ser usada para punir participantes que não cumpriram ordens ou contra aqueles que simplesmente participam da manifestação. Prisões devem ser feitas de acordo com os procedimentos previstos em lei, e não devem ser usadas como mecanismo para evitar a participação na marcha ou como punição.

Minimize os danos, preserve e respeite a vida e proteja aqueles não envolvidos
Armas de fogo não devem ser usadas para dispersar uma multidão. Cassetetes e armas de baixo impacto não devem ser usadas contra pessoas que não são agressivas ou que não apresentam ameaça. Quando o uso dessas armas for necessário, os policiais não devem causar sérios ferimentos e evitar lesionar partes vitais do corpo. Produtos químicos irritantes, como gás lacrimogênio, não devem ser usados em ambientes fechados ou de uma maneira que possa causar danos permanentes.

Seja responsável com a população e o judiciário
Qualquer uso de força durante uma manifestação deve ser motivo de análise e, quando apropriado, de sanções disciplinares e criminais. Reclamações contra a polícia devem ser investigadas de maneira imparcial.


A mentira repetida mil vezes vira verdade!





Mara Montezuma Assaf

Já participei , nos últimos 10 anos, de inúmeras passeatas na Paulista em protestos pacíficos contra a corrupção, contra a mão grande dos políticos, contra os mensaleiros e até a favor das "damas de blanco" e dos presos políticos cubanos , e nunca, nunca mesmo, a mídia nos divulgou com mais de 3 linhas .

O número de manifestantes , de início expressivo, foi minguando com o passar do tempo, conforme percebemos , desanimados, que nossa voz não repercutia como queríamos, chegando à conclusão de que só o PT e aliados de esquerda teriam "competência" e organização para tomar as ruas com apoio da mídia.

Pois agora estes manifestantes baderneiros e vândalos com espaço garantido até na imprensa internacional, dizem que a PM quer impedi-los de se manifestar...quando o que eles querem é , tão somente, preservar a ordem , garantir a mobilidade aos paulistanos e impedir a devastação por onde passa a turba.

Mas essa afirmação deles está sendo tão divulgada na mídia...que vai acabar tornando a mentira, uma sórdida verdade.

E a mídia tem 100% de responsabilidade nisso!

15.06.2013

Quem são os manifestantes que pararam as grandes cidades do país


De onde vêm, o que querem e como agem os jovens que foram às ruas protestar contra o aumento das passagens do transporte público


ALBERTO BOMBIG
E VINÍCIUS GORCZESKI
Revista Época


Participantes do protesto contra o aumento das tarifas no transporte público de São Paulo (Foto: ÉPOCA)


Quinta-feira à noite na cidade de São Paulo. Bares, restaurantes e casas noturnas costumam fazer de alguns bairros paulistanos referências mundiais de entretenimento noturno, numa prova de que a capital paulista não dorme.

Quando o paulistano não trabalha, está se divertindo. Tal organismo pulsante de luz e vida tem uma medula, a Avenida Paulista. Às 22 horas da última quinta-feira, dia 13, o mais conhecido cordão de asfalto da cidade estava silencioso, tomado por uma fina névoa de gás lacrimogêneo.

Como no início do século passado, cavalos percorriam a via pública em galope desabalado. Talvez como sinal dos tempos, os animais eram comandados por integrantes do Regimento de Cavalaria 9 de Julho da Polícia Militar.

Junto dos batalhões de choque, da Força Tática e da Rota, a cavalaria expulsava quem tentasse passar pela avenida. A Paulista se transformara numa zona militarizada.

A PM reafirmava sua autoridade, após um violento confronto com militantes do Movimento Passe Livre (MPL), que fazia seu quarto protesto contra o aumento da passagem de ônibus na cidade neste mês.


Capa - Edição 786 (Foto: ÉPOCA)
Fotos: O protesto de quinta-feira (13) em São Paulo

Os manifestantes, jovens em sua maioria, haviam chegado à Paulista por volta das 21 horas em três grupos – pelas ruas Augusta, Haddock Lobo e Bela Cintra.

Vinham do centro de São Paulo, empunhando cartazes contra a elevação de R$ 3 para R$ 3,20 nas tarifas de transporte público. Como se comemorassem a conquista de campeonato de seu time do coração, cena comum para o local, entoavam ataques ao prefeito Fernando Haddad (PT), ele mesmo um militante estudantil em seus tempos de aluno de Direito na Universidade de São Paulo, nos anos 1980: “Dança, Haddad, dança aqui até o chão; aqui é o povo unido contra o aumento do busão”.

Motoristas e pedestres assustados tentavam correr dos manifestantes. Carros pegavam a contramão na movimentada avenida, em sinal de pânico.

Dois dias antes, outro protesto deixara um rastro de destruição, com estações de metrô e pontos de ônibus depredados – além de agências bancárias. 

Pouco antes do protesto de quinta-feira, a Polícia Militar de São Paulo, subordinada ao governador Geraldo Alckmin (PSDB), decidira que, em hipótese alguma, permitiria que o protesto chegasse mais uma vez à Paulista.

“Eles (manifestantes) tinham concordado com esse entendimento”, disse Alckmin ao explicar a ação violenta de policiais para interromper o protesto. Se concordaram, mudaram de opinião.

A presença na Paulista foi claramente definida por integrantes do movimento como um objetivo a atingir. Alckmin tomou a decisão de ser duro na repressão em comum acordo com Haddad e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, numa rara união entre autoridades tucanas e petistas.

Juntos, eles também decidiram não recuar em relação ao novo preço da tarifa de transporte, implantado no último dia 2 e válido para ônibus, metrô e trens da capital.

A inusitada parceria dos adversários políticos é um sinal da surpreendente força adquirida pelos protestos e seus organizadores, o Movimento Passe Livre. 

Criado em 2005, por jovens num acampamento do Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, o MPL se diz independente de partidos políticos – mas se escora em alguns.

Organiza-se por meio de redes sociais na internet, e alguns de seus membros defendem princípios anarquistas. Dizem lutar por transporte público gratuito e de qualidade para a população.

Uma das principais bandeiras é a migração do sistema de transporte “privado” para um sistema gerido diretamente pelo Estado, com a garantia de acesso universal a qualquer cidadão, por meio do “passe livre” – o fim de cobrança de tarifa.

O apelo das autoridades para que suas reivindicações sejam apresentadas de modo pacífico, pelos canais democráticos tradicionais, não surtiu efeito até agora.

O ativismo do MPL envolve ação direta, na rua. “A única maneira é parar o trânsito”, diz a estudante de letras da Universidade de São Paulo (USP) Raquel Alves, de 20 anos, militante do MPL.

“Infelizmente, o vandalismo e a violência são necessários, para que apareça na mídia. Se saíssemos em avenidas gritando musiquinha, ninguém prestaria atenção.”

O MPL se inspira nos movimentos de jovens que nos últimos anos tomaram espaços públicos no Oriente Médio, na Europa e nos Estados Unidos.

A ampla maioria dos militantes já nasceu num regime democrático, portanto não precisa lutar pela democracia, como os militantes da Primavera Árabe. Assemelham-se mais aos americanos do Occupy Wall Street ou aos envolvidos nos tumultos que marcaram capitais europeias, como Londres ou Madri em 2011.

Todos protestam em meio ao que chamam de “crise do capitalismo”.

O antropólogo anarquista David Graeber, um ex-professor da Universidade Yale que se transformou em guru dessa juventude, afirma que o Occupy Wall Street se caracterizava pela recusa de lideranças tradicionais.

Por oposição a partidos políticos ou organizações hierarquizadas – chamadas, no jargão dos ativistas, de “verticais” –, ele postulava um movimento sem hierarquia – “horizontal”.

O protesto começou num pequeno parque no distrito financeiro de Manhattan e chegou a mobilizar milhares de pessoas que, inicialmente, culpavam o sistema financeiro pela crise econômica.

Protestos eram marcados pela internet. Decisões eram tomadas em assembleias. Havia liberais e todo tipo de esquerdista. Analistas viram no Occupy Wall Street uma espécie de ressurgimento de ideais anárquicos, tanto na forma de organização como na rejeição às instituições.

Embora seja diferente na forma, o MPL guarda semelhanças, na atitude, com essa nova linhagem de ativistas do século XXI. “Os jovens não estão apáticos como em décadas anteriores”, diz Gabriel Medina, coordenador de Juventude da prefeitura de São Paulo.

Ex-coordenador da Juventude do PT, até há pouco tempo próximo ao MPL.

O aumento das passagens em São Paulo e no Rio de Janeiro deveria ter acontecido no início do ano. Foi adiado seis meses, para atender a um pedido da presidente Dilma Rousseff, preocupada com a alta dos preços.

Quando veio, ficou abaixo da inflação. Desde o aumento da tarifa de 2011, a inflação foi de 15,5%, o que justificaria um aumento maior que os 6,7% de São Paulo. Desde 2003, a inflação acumula alta de 81,7% – ante 88,2% de aumento da tarifa em São Paulo e 182,5% no salário mínimo.

Os números não sensibilizaram o MPL, cuja cartilha de protestos mistura técnicas das recentes ocupações no exterior a preceitos clássicos de guerrilha urbana.

Entre os manifestantes presos pela PM na última semana, alguns portavam coquetéis molotovs e até facas. “Fechar as ruas com fogueiras e barricadas não fomos nós que inventamos”, disse a ÉPOCA o manifestante Marcelo (nome fictício).

“Somos de um grupo de anarquistas e punks e pegamos carona para protestar contra tudo o que está aí”, afirmou mais tarde, logo após depredar um ônibus.

A passeata de quinta-feira partiu do Theatro Municipal, no centro histórico paulistano. A organização estava sob a liderança de Mayara Longo Vivian, de 21 anos, uma estudante de geografia da USP.

Ela usava três celulares ao mesmo tempo para definir os rumos do protesto.

ÉPOCA testemunhou Mayara receber uma notícia: o grupo decidira seguir até o Parque do Ibirapuera, em vez de encerrar o protesto no local definido com a PM: a Praça Roosevelt. “Nós (o MPL) somos cerca de 15 pessoas.

Não temos controle de tudo. Como estava pacífico, percebemos que daria para ir até lá (Ibirapuera)”, disse Mayara, um dia depois do protesto. Não deu. Após uma frustrada tentativa de negociação com a PM, a tropa de choque lançou bombas de efeito moral e gás lacrimongêneo.

Os confrontos que se seguiram deixaram dezenas de feridos, entre eles jornalistas, atingidos por bombas e balas de borracha lançadas por policiais.  

Os integrantes do MPL negam ter líderes. Planejar os protestos e falar com a imprensa são funções restritas a um pequeno grupo, que não revela onde se reúne. “É mais presencialmente do que pela internet”, diz Mayara.

As decisões centrais são repassadas aos demais e divulgadas por meio de redes sociais na internet. Apesar de se dizer apartidários, vários de seus adeptos do MPL defendem ideias revolucionárias e de esquerda. Na última manifestação, havia dezenas de representantes de partidos políticos, como PCO, PSTU ou PSOL. 


Na quinta-feira, ações semelhantes tomaram os centros do Rio de Janeiro e de Porto Alegre. No Rio, o elo com o MPL é feito por meio da central sindical Conlutas, ligada ao PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado).

Ela patrocina greves e tem dado dor de cabeça a petistas, tucanos e peemedebistas. O PSTU ajudou a convocar o protesto no centro do Rio, que tomou a avenida Rio Branco. Os manifestantes gritavam slogans contra o governador Sérgio Cabral e o prefeito Eduardo Paes, do PMDB. O governador Alckmin diz não acreditar na independência do MPL. “É uma minoria, que faz trabalho político.”

Até a semana passada, o Palácio do Planalto pouco sabia sobre o MPL. A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) não antecipara à Presidência da República que poderiam ocorrer novas manifestações, muito menos com tamanho grau de virulência.

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, determinou que a Polícia Federal acompanhasse o caso. A presidente Dilma preferiu ficar distante. O MPL promete mais barulho.

Se suas ações não forem motivadas apenas pelo aumento das passagens de ônibus, ela talvez tenha de rever sua decisão. 




Este texto faz parte da edição de ÉPOCA desta semana. Na revista que chega às bancas no fim de semana, saiba mais sobre esses jovens.
14/06/2013


Descoberta a origem de mais um grupo que ajuda a tocar o terror em São Paulo



Por Reinaldo Azevedo

Ai, ai… As coisas vão ficando cada vez mais divertidas. Nos distúrbios de rua, especialmente em São Paulo, a gente nota a presença ostensiva de bandeiras amarelas.

Vejam
.




Há ali a assinatura de um “movimento”, que tem página na Internet: chama-se “Juntos”. O endereço é juntos.org.br. Mais uma vez, fui fazer a divertida brincadeira de saber quem e o dono do registro.

Tchan, tcha, tcham!




Sim, trata-se de Luciana Genro, militante do PSOL, filha do governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT).

Ela anda um tanto afastada da política por razões de saúde, mas o vereador Pedro Ruas, de Porto Alegre, dá toda força à turma e a substitui com sobras. O “Juntos” é uma espécie de movimento social do PSOL. No “Quem somos”, eles se revelam (em vermelho):

“Juntos! é um movimento nacional de juventude. Surgiu no início de 2011 em São Paulo e vem conquistando a simpatia de jovens de todo o Brasil. Surgimos em um novo momento no mundo. O mar da história está agitado, já diria Maiakovski. Representamos uma nova geração de lutadores dispostos a construir um mundo radicalmente novo. Juntos! é a juventude em movimento pela educação de qualidade, em defesa do meio ambiente, contra o preconceito e por uma sociedade com igualdade e liberdade para todos.

Juntos! construímos o nosso I Encontro Nacional que deu o ponta-pé inicial pra nossa empreitada de organizar as lutas onde quer que estejam.

Juntos! é a juventude dos indignados: dos tunisianos, egípcios, espanhóis, chilenos. Somos aqueles que estão sem emprego, sem educação, sem cultura, sem casa, mas também sem medo de lutar! Somos aqueles que estão em defesa da Amazônia nos atos contra a construção de Belo Monte e contra o novo código (anti-)florestal! Somos aqueles que estão nas lutas contra toda forma de preconceito, seja de genêro, etnia, idade, credo. Somos aqueles que estavam nas Marchas da Liberdade, das Vadias, no #ForaRicardoTeixeira, contra a corrupção, nas paradas LGBT. Somos aqueles que #TomamosAsRuas e lutamos por uma #DemocraciaRealJá!


Voltei
Como se vê, para que alguém pertença ao “Juntos”, basta que tenha uma causa, qualquer uma, e que se indigne com alguma coisa. Boa parte dos “revolucionários” modernos, estes que promovem a baderna em várias cidades brasileiras, com destaque para São Paulo e Rio, não têm mais, a exemplo de seus congêneres do passado, Karl Marx como referência.

O marxismo, já afirmei aqui algumas vezes, é difícil. A leitura da teoria propriamente dita é chata. É diferente do Marx divertido de “O 18 Brumário” ou de “A Ideologia Alemã” — ainda assim, também esses livros são ignorados.

A “moçada” que está nas ruas tem pressa demais para se ater a textos de referência. Bastam-lhes as opiniões dos amigos no Facebook e algumas irresponsabilidades daquele professor “bacana” de história que os incita ao ativismo.

Teoria pra quê?

Mesmo os vermelhos que tentam organizar a turma (PSOL, PCO e congêneres), lembrou um amigo ao telefone nesta sexta, estão menos para Marx do que para uma mistura, assim, de Paul Lafargue, que escreveu um panfletozinho chamado “O Direito à Preguiça”, com Bakunin, o anarquista.

Ao mesmo tempo em que parecem rejeitar o estado, exigem que ele se comporte como o grande provedor.

Tempos de obstipação ideológica!

Tenho combatido, desde o primeiro dia, como evidenciam os textos que estão em arquivo, certo esforço que anda por aí de emprestar aos violentos distúrbios de rua — promovidos principalmente por jovens de classe média alta (as roupas o denunciam) — um alcance mais profundo, como se fossem eventos da superfície a denunciar um movimento de placas tectônicas da sociedade brasileira. Será mesmo?

São Paulo tem 11,5 milhões de habitantes; o Rio, 5,5 milhões. O movimento contra o reajuste da passagem de ônibus deve ter reunido pouco mais de 5 mil pessoas na primeira cidade — 0,05% da população — e de 2 mil na segunda: 0,04%.

É mais do que o suficiente para provocar o caos. Aliás, a depender da leniência da polícia ou da violência dos que protestam, dá para provocar um desastre na cidade com muito menos gente do que isso. Basta que dois ou três malucos resolvam se deitar no meio da avenida, sem que ninguém os tire de lá, e pronto!

Mas por que o transporte virou uma espécie de fetiche? Por que essa luta “pegou” — ainda que nesse universo restrito de uns poucos milhares numa cidade de muitos milhões — e conta, segundo pesquisas, com o apoio de boa parte da população. Porque, se formos pensar, de todos os serviços públicos, é aquele cujo pagamento é mais visível.

É diário — ainda que não forma de cartão. E também é o que rende menos satisfação. A educação pública até o ensino médio é uma lástima, mas é gratuita. A saúde, idem, idem. Boa ou má, não se paga de modo perceptível por segurança pública. Há outros serviços oferecidos por concessionárias que causam satisfação imediata: é o caso da energia elétrica ou da telefonia.

Mesmo havendo reclamações às pencas, o fato é que o serviço está disponível na esmagadora maioria das vezes.

Com o transporte público, a coisa é diferente. O serviço nas grandes cidades é mesmo precário, ainda que tenha melhorado muito (falo de São Paulo, que conheço) nos últimos 20 anos. Tanto é um ponto nevrálgico que Fernando Haddad transformou a questão numa bandeira de campanha. E foi eleitoralmente bem-sucedido.

Que o seu “bilhete mensal” fosse só uma tramoia de marketing, isso era evidente. Bastava refletir um pouco. Mas a tese seduziu muita gente, especialmente jornalistas.

Assim, é fácil entender que um movimento que se oponha à elevação do preço da passagem — e que prega, na verdade, tarifa zero — conte com a simpatia de muita gente.

Nada de bom
Não há nada de bom, reitero o que escrevi na manhã de ontem, nesse movimento. Ao contrário. Assistimos ao casamento do estado-babá com o estado prevaricador. Os “lafarguistas” brasileiros estão tentando transformar num valor, numa cláusula pétrea do caráter nacional, o “direito à preguiça”, ao “almoço grátis”. Querem que o estado forneça de camisinha a aborto, tudo graciosamente — tratar-se-ia, asseguram, de “direitos”.

E tem sido esse o mais permanente sinal das ditas políticas de inclusão social, que tendem a criar, dada a forma como se exercem, clientelas políticas.

E qual a causa da violência? Ora, a experiência indica que os “oprimidos” — ou aqueles que falam em seu nome — têm assegurado o direito à transgressão. Não tem sido assim com o MST e com os índios, por exemplo?

Mas vai mudar

A partir de segunda, no entanto, a pauta deve sofrer uma torção. O PT decidiu aderir às manifestações de rua, mudando a sua agenda, que é ruim para Fernando Haddad. Em vez de protesto contra a elevação da tarifa, os alvos serão a Polícia Militar e o governo de São Paulo.

Ontem, a vastíssima rede do PT na Internet, incluindo os blogs e sites sujos financiados pelo governo federal, por gestões petistas e por estatais, entraram firme no apoio ao protesto de segunda.

O PT tem experiência nisso. Sua ala sindical deve ir à rua, inclusive para tentar impedir que a coisa degenere para a violência.

Ingênuo ou espontâneo, esse movimento nunca foi, como este post prova mais uma vez. Ele só se dava um tanto à margem do petismo. Mas, agora, o partido decidiu deglutir o processo.


15/06/2013

sexta-feira, 14 de junho de 2013

O Medo de chamar Corrupto de Ladrão






Fôlego do governo brasileiro está acabando, diz FT


Jornal britânico argumenta que deterioração fiscal está minando a capacidade do Brasil de promover
estímulos ao crescimento

veja.com

Dilma Rousseff: 300 bilhões em estímulos sem crescimento do PIB (Ueslei Marcelino/Reuters)

O fôlego financeiro do governo brasileiro para tentar acelerar a economia está cada vez menor. O alerta foi feito pelo jornal britânico Financial Times em reportagem nesta sexta-feira.

Ao citar o novo programa de estímulo à compra de eletrodomésticos anunciado esta semana pela presidente Dilma Rousseff, a reportagem diz que as opções da equipe econômica estão diminuindo diante de contas públicas que mostram deterioração.

"Anunciado com alarde pela presidente Dilma Rousseff, o programa 'Minha Casa Melhor' é visto pelos economistas como mais um estímulo fiscal em uma economia em dificuldades.

A preocupação é que a iniciativa ocorre depois de dois anos e 300 bilhões de reais em programas fiscais que falharam consistentemente em tentar reavivar o crescimento", diz a reportagem.

"Isso tem feito alguns economistas se perguntarem quantos programas desse tipo o Brasil pode pagar antes que se esgotem as opções."

Segundo o FT, iniciativas do governo "estão comendo o superávit primário, geram preocupação dos economistas e contribuíram para a Standard & Poor's piorar a perspectiva da nota brasileira para negativa".

A reportagem cita especialmente o efeito sobre o superávit primário, cuja meta é equivalente a 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB). Ao lembrar que o governo realizou "manobras contábeis" para melhorar o resultado das contas públicas, o jornal cita que o superávit primário real do ano passado foi de 2,4% do PIB e deverá cair para 1,5% do PIB este ano. "

Com uma eleição presidencial no próximo ano, o governo deve gastar mais, o que poderia reduzir o esforço fiscal ainda mais, para 0,9% em 2014", diz o texto.

Analistas ouvidos pelo diário alertam que, no caso brasileiro, superávits primários inferiores a 1,5% do PIB têm como efeito o aumento da dívida líquida do setor público.

A reportagem diz ainda que "há rumores de que a presidente Dilma Rousseff anunciará nesta sexta-feira medidas fiscais".


(Com Estadão Conteúdo)

Passe livre, fascismo e oportunismo político



Sobre o tal “Movimento Passe Livre”, vale destacar dezesseis pontos:

Por Marco Antonio Villa

1. não é o que pode ser chamado de movimento social, sociologicamente falando;

2. é um ajuntamento de pequenos grupos ultra-esquerdistas sem qualquer importância política;

3. tem uma prática típica de grupos fascistas, são eleitoralmente inexpressivos;

4. como a eterna crítica ao capitalismo – que vive uma “crise terminal”, falam isso desde o final do século XIX – não se materializa na “revolução”, necessitam construir um móvel de luta para não perder o apoio das “suas bases”;

5. o desemprego e a crise econômica – presentes na Europa – aqui são irrelevantes, portanto a “mobilização” tem de buscar outro móvel de luta;

6. a passagem de ônibus virou um eficaz instrumento para as lideranças desses grupelhos dar satisfação às suas inquietas “bases”, cansadas de ouvir discursos revolucionários, negadores da democracia (chamada depreciativamente de “burguesa”), sem que tivessem o que chamam de prática revolucionária;

7. para estes grupelhos, o vandalismo é um excelente instrumento de propaganda. Eles se alimentam do saque, da violência e da destruição do patrimônio público e privado;

8. o poder público não sabe agir dentro da lei para conter os fascistas. Ou se omite, ou age como eles (ou da forma como eles querem);

9. agir com energia, dentro dos limites legais, é a forma correta de conter os fascistas;

10. e o óbvio: é nestes momentos que as lideranças políticas são testadas.

11. É evidente a tentativa de emparedar o governador do estado. O prefeito – sempre omisso – não está na linha de fogo;

12. Não há qualquer relação destas manifestações com aquelas dos anos 1960, 1970 (quando vivíamos no regime militar), das Diretas ou do impeachment do Collor (1992). Hoje vivemos em um regime de amplas liberdades;

13. A liberdade de manifestação é garantida pela Constituição, assim como a de ir e vir. Os fascistas são contra as duas. Tem ódio da Constituição, que para eles é “burguesa” e liberdade de ir e vir é contra o “Estado socialista” que eles defendem (Coréia do Norte, Cuba , etc);

14. Se tivessem sincero desejo de se manifestar, não faltam praças em SP;

15. O “movimento” está desesperadamente procurando um cadáver;

16. E como bem disse um comentário, este movimento não vale vinte centavos.

13/06/2013

Ópera de um vintém

Não se fazem mais revoluções como antigamente

Como escreveu no Facebook uma velha amiga jornalista, agora se luta por 10 centavos no preço da passagem de ônibus.

Os sonhadores de 68, além de se transformarem em personagens de filme de Bertolucci, não queriam menos do que tudo: virar aquela sociedade de cabeça para baixo para criar outra no lugar.

É bem verdade que não deu certo, e pouco coisa restou dos sonhos de então. Mas a estética das manifestações dos estudantes franceses foi tombada pelo intangível patrimônio histórico da memória como marca registrada do espírito de uma época.

As sucessivas e intrincadas “primaveras” do mundo árabe, que fizeram os nossos explicadores derramarem rios de tinta para tentar chegar às raízes, mais a tomada das praças dos países europeus em crise e os “occupy” nos EUA contra os excessos dos malabarismos financeiros de Wall Street, devem ter despertado o espírito revolucionário adormecido de alguns dos nossos jovens rebeldes sem causa.

De repente, uma causa: um aumento de 20 centavos no preço das passagens de ônibus, tão rotineiro e previsível como o sol depois da chuva , serviu como pretexto para levar à rua um pouco de fogo, pedras e sangue, sacrificando a livre movimentação de pessoas, com alguns arroubos de selvageria e vandalismo contra o patrimônio público e privado.

Foto: Leandro Moraes / UOL

Causa nobre: passe livre, catracas abertas, transporte mais barato para o povo.

Mais barato ou - por que não ?- de graça.

A grande utopia da humanidade continua sendo o almoço grátis.

Supostamente o maior prejudicado pelo aumento, ou por outra, o que seria o maior beneficiário da reivindicação, ficou à margem dos protestos: o povo, que não foi ouvido nem cheirado por quem resolveu agir e depredar em seu nome.

Não só não foi ouvido nem consultado, como acabou sendo a maior vítima dos transtornos provocados pelos tumultos.

Política pura, e das menores. Os idealizadores e autores dos “protestos”, pequenos grupos, ONGs e partidos minúsculos de extrema-esquerda, muito mais do que o objetivo de facilitar a vida das pessoas que andam de ônibus, têm o claro objetivo de dificultar a vida dos governantes a quem se opõem, em suas peculiares visões do que sejam direita ou esquerda.

Não faltou quem protestasse contra quem chamou os vândalos de vândalos, em contraposição ao adjetivo de “ativistas”, usado para qualificar os manifestantes turcos.

No seu incurável reducionismo intelectual, acreditam ser possível comparar um movimento nascido das profundezas da alma turca, contra o crescente autoritarismo do governo Erdogan e o processo de islamização de uma sociedade tradicionalmente secularizada, com um movimento de banal agit-prop de fins eleitorais.

Até a qualidade dos sonhos e das primaveras já foi melhor.

Sandro Vaia é jornalista. Foi repórter, redator e editor do Jornal da Tarde, diretor de Redação da revista Afinal, diretor de Informação da Agência Estado e diretor de Redação de “O Estado de S.Paulo”.
É autor do livro “A Ilha Roubada”, (editora Barcarolla) sobre a blogueira cubana Yoani Sanchez.
E.mail: svaia@uol.com.br


14 de junho de 2013

Vagabundos roubam quase três horas do meu dia. Estão com a vida ganha! Ou: Mal-estar da civilização é uma pinoia!



É impressionante!

Por Reinaldo Azevedo

O debate de que participei no Rio (ver nota anterior) começou às 15h30 e terminou pouco depois das 17h.

O avião pousou em Congonhas às 19h20. Com folga, poderia estar em casa às 20h. Acabo de chegar: 22h45.

Os delinquentes roubaram duas horas e meia do meu dia — e, certamente, do de milhões de outros paulistanos.

Na madrugada, volto ao assunto. Andei acompanhando a coisa pelo celular.

Boa parte da imprensa aplaude surdamente — às vezes, nem tão surdamente — gente que sai por aí incendiando e depredando. Há jornalistas feridos.

É claro que é lamentável e é claro que eventuais excessos têm sempre de ser coibidos. Comprovados, têm de ser punidos.

Mas policial não é obrigado a saber quem é quem não é jornalista. No meio de um confronto, também não me parece prudente enfiar a câmera na cara de um soldado.

Há cretinismos de todos os tipos. Já se especula até sobre, sei lá, um certo mal-estar da civilização, que também empurraria os delinquentes para as ruas.

Mal-estar de quê?

Por quê? O caso é bem outro. Na madrugada, volto ao assunto.

O nome do atual mal-estar no Brasil é impunidade e estímulo permanente ao desrespeito à lei. Ou não ouvimos um ministro de Estado, Gilberto Carvalho, a dizer que a presidente Dilma Rousseff dera uma ordem para que não se cumprisse determinação da Justiça?

Ah, sim: a predição daquele tal promotor do Ministério Público Estadual de São Paulo se cumpriu, não é? Não foi ele quem disse que, sem baixar os preços, o “protagonismo voltaria para os manifestantes”? Ele chama o que aconteceu de protagonismo.

Os incendiários não estão só nas ruas. Também os há nos gabinetes. José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça, sabe disso. Ele ofereceu “ajuda” ao governo de São Paulo…

Ajuda, é?

De José Eduardo Cardozo?

Então tá.


…estão na rua só pra te ver!!!

”Ah, Reinaldo, ele está em viagem!” Desde quando isso impede uma declaração? Os petistas estão doidos para jogar a batata quente no colo de Geraldo Alckmin. Tanto é assim que José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça e pré-candidato do PT ao governo de São Paulo, já se ofereceu até para… fazer campanha eleitoral antecipada!!!
13/06/2013

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Por que a Polícia Militar não foi instruída para evitar o parto de outro dia de cão?







Por Augusto Nunes

A Polícia Militar nem precisa mobilizar a área de inteligência para saber onde e quando vão começar o desmonte da ordem pública, a propagação de congestionamentos inverossímeis, a revogação do direito de ir de milhões de brasileiros e a erupção de selvagerias que transformam em terra sem lei a maior metrópole da América Latina.




O próprio Movimento Passe Livre cuida de divulgar o dia, a hora e o local da próxima manifestação convocada pelos pastores da violência.

Agentes infiltrados e sherloques fantasiados de rebeldes são coisa de antigamente.

Foram aposentados por um punhado de páginas na internet.

Se é assim, por que nesta quinta-feira a PM não ocupou as imediações do Teatro Municipal antes das 5 da tarde, hora marcada para o início da sequência de absurdos disfarçados de atos de protesto contra o aumento nas tarifas de transporte urbano?

Por que a PM, em vez de interromper a gestação, preferiu agir depois de concluídos os trabalhos de parto de outro dia de cão?




Pela quarta vez neste começo de junho, o Estado de Direito amargou uma derrota humilhante.

Não pelo poderio dos atacantes adversários, mas pela tibieza vergonhosa dos que se comprometeram a defender a normalidade democrática.


13/06/2013

A VERDADE SOBRE JOSÉ DIRCEU


TODAS AS CARAS DE DIRCEU
Veja

Na mais completa e surpreendente biografia do petista, as aventuras, traições, amores e tramoias do líder estudantil bonitão e mulherengo que virou o segundo homem mais poderoso da República — e que agora se encontra a caminho da prisão.

Em 3 de janeiro de 2003 um mineiro nascido em Passa Quatro, ex-líder estudantil e ex-militante de esquerda perseguido pela ditadura militar se tornava o segundo homem mais importante da República. José Dirceu de Oliveira e Silva havia sido nomeado ministro-chefe da Casa Civil do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o operário que chegou ao Palácio do Planalto. Juntos, esses dois homens de biografia extraordinária prometiam mudar o Brasil. O primeiro ato que Dirceu assinou no cargo foi bem menos grandioso, mas revelador de seu caráter. Era uma portaria que mudava a ordem de entrada dos ministros nas solenidades do palácio. Historicamente, depois do presidente da República, vinha o titular do Ministério da Justiça, por ter sido a primeira pasta a ser criada. Dirceu transferiu a prerrogativa para si: quem apareceria caminhando logo atrás do presidente seria ele, o chefe da Casa Civil — que, a partir de então, teria também a primazia no uso de carros oficiais e de aviões da Força Aérea Brasileira.

De autoria do jornalista Otávio Cabral, editor de VEJA, Dirceu—A Biografia (Record; 364 páginas; 39,90 reais, ou 27 reais na versão digital) conta esta e outras tantas histórias definidoras da personalidade do biografado, o que faz do livro um daqueles difíceis de largar. Ao terminá-lo o leitor se pergunta como não adivinhou antes o desfecho. Está lá — revelado na forma de decisões imperiais, arroubos de grandeza e também viagens em jatinhos e noitadas com belas mulheres — o imenso apreço de Dirceu pelo poder e tudo o que dele decorre. Também estão no livro a ojeriza do petista pela imprensa que não se verga à sua vontade e o embrião do herói sem causa em que se transformaria o líder estudantil mulherengo e bonitão o “Ronnie Von das massas”, como era chamado na década de 60. As revelações do autor e a sagacidade com que observa detalhes da conduta e do passado do agora mensaleiro condenado antecipam o que hoje parece evidente: o norte moral de José Dirceu sempre foi regido por outra bússola.

Para escrever a mais completa e surpreendente biografia de um dos mais complexos e enigmáticos personagens da história recente do Brasil, Cabral analisou 15000 páginas de documentos garimpados no acervo de nove arquivos. Entrevistou 63 pessoas, anônimas e públicas, cuja confiança conquistou ao longo dos treze anos em que atua como repórter de política — primeiro pela Folha de S.Paulo e, desde 2004, em VEJA.

O livro começa em Passa Quatro — onde o indisciplinado filho do dono de uma gráfica, terror da vizinhança e contumaz torturador de gatos diz à mãe, Olga, o que ele repetiria pela vida afora: “Um dia serei presidente da República”. Narra sua mudança para São Paulo e os primeiros envolvimentos com a política e as mulheres, duas paixões que o dominariam ora como obsessão, ora como problema. As últimas, se não chegaram a ser a sua ruína, ficaram peno disso. À conhecida história da Maçã Dourada, a bela agente do Dops infiltrada que seduziu o jovem cabeludo e quase encerrou sua carreira de líder estudantil Cabral acrescenta outras, como a da estonteante dançarina chinesa que, nos anos 60, fez o então caipira recém-chegado de Minas Gerais perder a cabeça—além de uma boquinha na TV Tupi como roteirista e ator.

Se as mulheres mudaram o destino de Dirceu, ele se vingou do destino sendo cruel com aquelas que o amaram—e não foram poucas. Três dos seus quatro casamentos terminaram com uma traição (da parte dele). Dois de seus quatro filhos foram concebidos fora das cobertas conjugais. E, sobre o período em que, se sabia, ele havia levado uma vida dupla escondendo da primeira mulher, Clara Becker, sua identidade de foragido da ditadura militar, Cabral acrescenta uma informação estarrecedora. Dirceu, naquela época, não levava uma vida dupla, mas tripla. Além do nome real, que não podia ser revelado, e do disfarce de pacato comerciante do Paraná, ele mantinha outra mulher e outra identidade em São Paulo, para onde viajava com frequência a pretexto de comprar roupas para a sua loja, a Magazine do Homem.

Dirceu não traz apenas revelações surpreendentes, mas graves também. Entre os documentos inéditos obtidos pelo autor está o que aponta que, em 1968 partiu do então líder estudantil José Dirceu de Oliveira e Silva a ordem para sequestrar e manter em cárcere privado — com as mãos algemadas, presas ao cano de uma pia e submetido a “inquéritos” intermitentes — o estudante João Parisi . Integrante do Comando de Caça aos Comunistas (CCC), Parisi foi descoberto por militantes do movimento estudantil quando tentava se passar por um deles, em meio à batalha da Rua Maria Antônia, que opôs estudantes da Mackenzie aos de filosofia da USP. Igualmente inédito e importante é o depoimento de uma testemunha que aponta a participação de Dirceu no assassinato de um sargento da Polícia Militar em São Paulo, em 1972. O crime ocorreu em uma das ocasiões em que ele voltou do exílio de Cuba juntamente com outros integrantes do Molipo, o grupo terrorista que mais tarde seria dizimado pela repressão.

O capítulo em que Cabral relata a ascensão de Dirceu na política coincide com a guinada do PT para o pragmatismo, a ávida adesão da sigla ao fisiologismo e o começo do deslumbramento geral. É quando a fumaça dos charutos cubanos começa a exalar das altas rodas do petismo e as festas do partido, antes animadas a cachaça, passam a contar com a alegre presença das “meninas” de Jeany Mary Comer, a cafetina da República. Dirceu bem que desconfia que não vai dar certo. Ao tomar conhecimento de que o seu protegido Silvio Pereira havia contratado quinze garotas de Mary Corner para comemorar com catorze amigos seu aniversário na suíte presidencial de um hotel de Brasília, Dirceu esbraveja: “Sacanagem a gente faz sozinho ou num grupo pequeno. Vocês estão deslumbrados com o poder, vão acabar se f...” . Tendo moldado o PT à sua imagem e semelhança, Dirceu começava a achar feia a imagem no espelho.

O livro de Cabral desnuda a simbiótica e tensa relação entre José Dirceu e Luiz Inácio Lula da Silva, fenômeno crucial para a compreensão do PT e da forma como o partido conquistou o poder no Brasil. Lula, estrela emergente do sindicalismo, e Dirceu, ex-perseguido político recém-saído das trevas da clandestinidade não mais se largaram. Mas a convivência entre os dois titãs do PT nunca foi um passeio no campo — e incluiu até chantagem. Dirceu e Lula caminharam lado a lado por 33 anos sem tirar a mão do coldre. Um jamais confiou inteiramente no outro, mas a relação de mútua destruição assegurada e mútuo sucesso bastante provável amalgamou a dupla. Nesse arranjo, cabia a Lula brilhar no palanque, enquanto Dirceu fazia o serviço pesado — e sujo quando preciso. A divisão de trabalho é ilustrada pela história que o deputado Chico Alencar contou ao autor atribuindo-a a Lula em 1997: “Cansei de rodar minha bolsinha esfarrapada por aí. Para ganhar a eleição, vou precisar de aliança e grana. Dei todo o poder para o Zé Dirceu arrumar isso. Falei: Zé, articula e faz. Pode até contratar o Duda Mendonça. Não quero saber como você fez, só quero que a gente ganhe a Presidência’”. A vitória veio duas eleições depois e, durante os dois anos que se seguiram a ela, Dirceu “fez” à vontade, como atestou o Supremo Tribunal Federal. Lula foi alertado por pelo menos três pessoas dos métodos adotados por seu número 2 (o livro de Cabral acrescenta um quarto peso pesado à lista). Diante do que lhe relataram seus interlocutores, o ex-presidente comportou-se conforme antecipara ao deputado Alencar: oficialmente, nunca soube de nada.

Nas páginas de Dirceu, não se verá em nenhum momento o personagem defendendo a fé comunista, discutindo O Capital (que não leu) ou debruçando-se sobre questões da República. Dirceu não perde tempo com ideologias. Trama, conspira, dissimula, confronta. “Faltam a José Dirceu alguns dotes intelectuais”, observou em carta a uma amiga a militante Iara Iavelberg, primeiro grande amor do petista.

O livro termina com a condenação do ex-ministro no julgamento do mensalão e suas preparações para ir para a cadeia. Dirceu está então com 67 anos. Foi sentenciado a dez anos de prisão e ficará inelegível até 2031, quando terá completado 85 anos. Parece irrecorrivelmente perdido o projeto de poder pessoal, a única causa pela qual genuinamente lutou. Dirceu é uma reportagem magistral sobre a vida de um anti-herói sem escrúpulos que, como tantos outros na história política, escondeu a ambição atrás de um falso ideal.
10/06/2013

Charge




“A velha no castelo”, análise do ITV


Não se admite que, sob o manto das boas intenções, Dilma faça o diabo apenas de olho na sua reeleição


Análise do Instituto Teotônio Vilela


Dilma Rousseff acha que tudo de ruim que está acontecendo no país é fruto da imaginação alheia ou, pior ainda, de torcida contrária.

É possível que a vida palaciana e o ar de Brasília estejam lhe afetando seriamente a percepção da realidade. Viver encastelada dá nisso.

A presidente aproveitou solenidade destinada a anunciar um programa que incentiva o consumo num momento em que as lojas já não dão conta de suprir as encomendas – e, com isso, incha ainda mais o balão da inflação – para criticar os críticos de seu governo.

Comparou-os ao Velho do Restelo, personagem de Camões em “Os Lusíadas”.

Segundo ela, seriam eles incorrigíveis pessimistas que enxergam o que ninguém mais vê: um país próspero, estável, equilibrado e sem qualquer entrave ao desenvolvimento e ao aumento de bem-estar de sua população.

Provavelmente, gente que não deve estar assistindo a propaganda do governo nos rádios e nas TVs…

Estes velhos de literatura também devem ser, quem sabe, gente que não consegue comprar tomate na feira porque seu preço mais que dobrou nos últimos meses.

Gente que teve que tirar o filho da escola porque a mensalidade subiu quase 50% nos últimos quatro anos.

Gente que vê sua poupança para a aposentadoria minguar à medida que a desconfiança dos investidores em relação à solidez do país cresce e derruba os rendimentos.

Aparentemente sem antes ter besuntado a face com óleo de peroba, Dilma afirmou: “A situação real em que o Brasil vive é de inflação sob controle, contas públicas sob controle”.
Em que castelo a nossa presidente vive?

Deve ser o mesmo habitado por Guido Mantega, aquele que fica perguntando “onde está a crise?” por aí…

Dilma disse também que “não há a menor hipótese” que o governo dela “não tenha uma política de controle e combate à inflação”.

Pode até ser que a presidente tenha alguma iniciativa para segurar os preços, mas o problema é que ela simplesmente não funciona.

Basta perguntar para o nosso Banco Central por que ele está tendo que arrochar os juros brasileiros na contramão de todo o resto do mundo.

A verdade é que não há rumo nem lógica alguma nas ações da gestão de Dilma.

No mesmo momento em que seu ministro da Fazenda diagnostica – enfim! – que o problema do país é investimento de menos e consumo demais, a presidente decide conceder subsídio para compra de eletrodomésticos e mobília.

Na mesma hora em que investidores e agências de classificação apontam temor com o crescente descontrole das contas públicas, a chefe da nação determina que o Tesouro emita mais títulos e aumente ainda mais sua dívida para que mutuários possam jogar fora o seu fogão, um item presente em 98,5% dos lares brasileiros, e comprem um sofá novo.

Só neste ano, o Tesouro já foi autorizado a emitir mais R$ 45 bilhões em dívida nova em operações sempre escamoteadas pelo governo petista de forma a não aparecerem nos indicadores de endividamento público.

No entanto, a dívida bruta brasileira caminha para superar neste ano 60% do PIB, ultrapassando a marca dos demais Brics e os limites de prudência.

A presidente e seus auxiliares parecem dar de ombros a tudo isso.

A linha de crédito anunciada ontem pelo governo custará R$ 18,7 bilhões, mas nenhuma autoridade federal sabe exatamente de onde o dinheiro virá.

“A explicação do governo sobre o custo do novo programa só aumentou as dúvidas”
, resumiu o Valor Econômico.

Uma parte dos recursos será composta por R$ 8 bilhões em novos créditos concedidos à Caixa Econômica Federal, que, há apenas dois meses, recebera injeção de outros R$ 13 bilhões.

Sabe-se agora que o banco também ficará dispensado de recolher dividendos à União pelos próximos anos, conforme medida provisória publicada ontem à noite.

Com manobras desta natureza, a Caixa já se tornou sócia de frigorífico, fabricante de autopeças, de bens de capital, processador de minério, entre outras empresas privadas, como mostrou ontem O Estado de S.Paulo.


Como um dos principais motores da publicidade oficial, o banco também já é o terceiro maior anunciante do país.

Até onde esta balbúrdia vai?


Como estes montantes não são suficientes para cobrir o valor e as condições camaradas previstas na nova linha de financiamento, uma boa dica é: que tal olhar para o dinheiro dos trabalhadores depositado no FGTS?

É de lá que o governo está tirando recursos utilizados para tocar o Minha Casa Minha Vida, sem que, porém, o Tesouro honre sua parte e ressarça o fundo.

Estima-se que a gatunagem já ultrapasse R$ 4,8 bilhões, e continua subindo.

Ninguém é contra ações que visem melhorar as condições de vida da população brasileira, em especial a mais pobre.

Mas não dá para concordar com iniciativas de governo que busquem, em primeiro lugar, recuperar a popularidade presidencial.

Não se admite que, sob o manto das boas intenções, Dilma faça o diabo apenas de olho na sua reeleição.

Antes de qualquer coisa, a presidente da República deveria reconhecer o momento de dificuldade, que não é exclusivo do Brasil e alastra-se pelo mundo.

Um diagnóstico realista e honesto seria o primeiro passo para superar os obstáculos que dificultam o dia a dia do brasileiro comum, que, ao contrário da presidente, não vive isolado em castelo.
13/ 06/ 2013

Haddad, a voz fina e esganiçada da covardia política




Por Reinaldo Azevedo

O reajuste de ônibus é uma questão municipal, não estadual.

Ao governo do estado, compete manter a segurança pública e tentar coibir os atos terroristas.

O governador Geraldo Alckmin se pronunciou muito duramente ontem contra a violência.

Chamou as coisas pelo nome que elas têm.

E Haddad?

Com a voz distorcida pelo medo, pela covardia política, limitou-se a dizer que cumpriu o seu compromisso de campanha, que era ajustar a tarifa abaixo da inflação.

Parecia pouco se lixar para o rastro de destruição DEIXADO POR ALIADOS SEUS.
Sim, os que promovem o caos em São Paulo – e prometem voltar à carga nesta quinta – contaram com o apoio explícito dos petistas em 2011 e engrossaram a campanha de Haddad em 2012.

São Paulo vítima de uma súcia, e seu prefeito a esganiçar: “Eu cumpri a promessa, eu cumpri a promessa.

Medalha pra mim”.


Supercoxinha!

13/06/2013

quarta-feira, 12 de junho de 2013

O fascismo nas ruas – O protesto analfabeto de seis deslumbrados em Paris



Por Reinaldo Azevedo

Agora é assim: basta que seis analfabetos universitários — uma categoria que cresceu muito (há números a respeito) na era petista resolvam fazer um protesto contra autoridades brasileiras em Paris e pronto!

Isso vira manchete no Estadão Online.

Se for contra o governador Geraldo Alckmin (PSDB), então, aí é mel na sopa.

Abro o Estadão Online e encontro lá os seguintes título e texto:


Alckmin e PT são alvo de protesto em Paris

“O governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o PT foram alvo de um protesto de estudantes brasileiros em Paris. Com cartazes nos quais se lia (sic) frases como “Alckmin, o vândalo é você” e “PT de mãos dadas com o facismo (sic) tucano”, os jovens pediam a libertação dos presos no protesto de terça-feira à noite, entre os quais um jornalista detido entre os manifestantes.
(…)”


Já falo sobre o jornalista”. Mais adiante, a gente lê:

“A manifestação em Paris reuniu menos de dez brasileiros que se concentraram em frente ao Hôtel de Matignon, a sede do primeiro-ministro da França, Jean-Marc Ayrault, com quem Alckmin se encontrou às 18h.”


Menos de dez?
Quanto é menos de dez?
Informo: SEIS!


Já contei aqui que a minha primeira providência quando fui chefe de jornal foi proibir a palavra “esposa”. A segunda foi exigir o uso adequado do “cerca de”. Havia textos que diziam coisas como “cerca de 37 pessoas…” Pois é: “menos de dez” se insere entre as coisas contáveis, não?


Personalizando ou não?

Outra coisa notável no texto e na edição do Estadão é que, no caso do tucano, há a personalização: “Alckmin” foi alvo do protesto. Já Fernando Haddad — que é, afinal, quem reajustou a passagem — é poupado. Nesse caso, o protesto foi contra o… PT!


Quem são os espancadores da língua?

Vejam esta foto.



Informa ainda o texto do Estadão:

“A ideia [do protesto] foi da jornalista Jaqueline Nikiforos, mestranda em Literatura da Sorbonne.

‘Foi em solidariedade às pessoas presas, às manifestações e às reivindicações contra o aumento da tarifa de transporte em São Paulo’, justificou.

‘Nós somos contra todas essas prisões. O esforço de se manifestar dessas pessoas não pode ser reduzido a vandalismo.’
Bia Barbosa, mestranda e jornalista que colabora com o portal de esquerda Carta Maior, também participou da manifestação e protestou contra a prisão do também jornalista Pedro Ribeiro Nogueira, detido entre os manifestantes. ‘Ele defendeu uma menina e está sendo acusado de formação de quadrilha, para você ter uma ideia’, argumentou. (…)”

Retomo

Ah, bom! A “Carta Maior” é aquele site de esquerda financiado pela Petrobras, onde brilham a sabedoria e a destreza ortográfica e sintática de Emir Sader. Olhando um dos cartazes do protesto, faz sentido…

Quanto à tal Jaqueline Nikiforos… Fiz uma pesquisa rápida e descobri que a moça tinha sido assessora do ex-deputado Raul Marcelo, do PSOL. Seria filiada? Recorri ao site de consulta do TSE e batata! Trata-se de uma militante do PSOL em… Paris! Convenham! Ninguém é de ferro! Socialismo com liberdade é o tipo de casamento só possível às margens do Sena. Duro é encarar esse troço na periferia de Diadema..


Analfabetismo


Vejam a foto. Uma das moças segura um cartaz que diz: “PT de mãos dadas com o facismo tucano”.

Sim, “fascismo” está escrito sem “s”. Alguém diria: “Pô, Reinaldo, é que eles já estão confundindo a sua língua de origem com a do país estrangeiro”.

Bem, só para lembrar, também o idioma de Voltaire inclui o “s” em “fascisme”. É claro que ainda não existia tal vocábulo no tempo de Voltaire, mas estupidez já havia… Sim, resta a hipótese do analfabetismo nos dois idiomas — além do analfabetismo político.


É impressionante que a selvageria a que se assistiu nas ruas de São Paulo seja chamada de direito de manifestação pela elite deslumbrada que estuda em Paris.


É impressionante que essa elite deslumbrada não saiba escrever “fascismo”, embora o pratique com grande destreza.


É impressionante que uma manifestação de seis — SEIS — militantes políticos ganhe destaque na imprensa brasileira.

Eis o estado geral das artes.

12/06/2013