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sábado, 7 de dezembro de 2013

O LIVRO-BOMBA – Tuma Jr. revela os detalhes do estado policial petista. Partido usa o governo para divulgar dossiês apócrifos e perseguir adversários. Caso dos trens em SP estava na lista. Ele tem documentos e quer falar no Congresso. Mais: diz que Lula foi informante da ditadura, e o contato era seu pai, então chefe do Dops



Romeu Tuma Júnior conta como funciona o estado policial petista
Romeu Tuma Junior conta como funciona o estado policial petista


Por Reinaldo Azevedo



O “estado policial petista” não é uma invenção de paranoicos, de antipetistas militantes, de reacionários que babam na gravata dos privilégios e que atuam contra os interesses do povo. Não! O “estado policial petista” reúne as características de todas as máquinas de perseguição e difamação do gênero: o grupo que está no poder se apropria dos aparelhos institucionais de investigação de crimes e de repressão ao malfeito — que, nas democracias, estão submetidos aos limites da lei — e os coloca a seu próprio serviço.

A estrutura estatal passa a servir, então, à perseguição dos adversários. Querem um exemplo? Vejam o que se passa com a apuração da eventual formação de cartel na compra de trens para a CPTM e o metrô em São Paulo. A questão não só pode como deve ser investigada, mas não do modo como estão agindo o Cade e a PF, sob o comando de José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça.

As sentenças condenatórias estão sendo expedidas por intermédio de vazamentos para a imprensa. Pior: as mesmas empresas investigadas em São Paulo se ocuparam das mesmas práticas na relação com o governo federal. Nesse caso, não há investigação nenhuma. Escrevi a respeito nesta sexta.

Quando se anuncia que o PT criou um estado policial, convenham, não se está a dizer nenhuma novidade. Nunca, no entanto, alguém que conhece por dentro a máquina do governo havia tido a coragem de vir a público para relatar em detalhes como funciona o esquema. Romeu Tuma Junior, filho de Romeu Tuma e secretário nacional de Justiça do governo Lula entre 2007 e 2010, rompe o silêncio e conta tudo no livro “Assassinato de Reputações – Um Crime de Estado”, publicado pela Editora Topbooks (557 págs., R$ 69.90).

O trabalho resulta de um depoimento prestado ao longo de dois anos ao jornalista Cláudio Tognolli. O que vai ali é de assustar.

Segundo Tuma Junior, a máquina petista:


1: produz e manda investigar dossiês apócrifos contra adversários políticos;

2: procura proteger os aliados.

O livro tem um teor explosivo sobre o presente e o passado recente do Brasil, mas também sobre uma história um pouco mais antiga. O delegado assegura que o sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva — que nunca negou ter uma relação de amizade com Romeu Tuma — foi informante da ditadura.

A VEJA desta semana traz uma reportagem sobre o livro e uma entrevista com o ex-secretário nacional da Justiça. Ele estava lá. Ele viu. Ele tem documentos e diz que está disposto a falar a respeito no Congresso. O delegado é explícito: Tarso Genro, então ministro da Justiça, o pressionou a divulgar dados de dossiês apócrifos contra tucanos. Mais: diz que a pressão vinha de todo lado, também da Casa Civil. A titular da pasta era a agora presidente da República, Dilma Rousseff.
Segue um trecho da reportagem de Robson Bonin na VEJA desta semana. Volto depois.


(…)


Durante três anos, o delegado de polícia Romeu Tuma Junior conviveu diariamente com as pressões de comandar essa estrutura, cuja mais delicada tarefa era coordenar as equipes para rastrear e recuperar no exterior dinheiro desviado por políticos e empresários corruptos. Pela natureza de suas atividades, Tuma ouviu confidências e teve contato com alguns dos segredos mais bem guardados do país, mas também experimentou um outro lado do poder — um lado sem escrúpulos, sem lei, no qual o governo é usado para proteger os amigos e triturar aqueles que sio considerados inimigos.


(…)

Segundo o ex-secretário, a máquina de moer reputações seguia um padrão. O Ministério da Justiça recebia um documento apócrifo, um dossiê ou um informe qualquer sobre a existência de conta secreta no exterior em nome do inimigo a ser destruído. A ordem era abrir imediatamente uma investigação oficial. Depois, alguém dava urna dica sobre o caso a um jornalista. A divulgação se encarregava de cumprir o resto da missão. Instado a se explicar, o ministério confirmava que, de fato, a investigação existia, mas dizia que ela era sigilosa e ele não poderia fornecer os detalhes. O investigado”, é claro, negava tudo. Em situações assim, culpados e inocentes sempre agem da mesma forma. 0 estrago, porém, já estará feito.
No livro, o autor apresenta documentos inéditos de alguns casos emblemáticos desse modus operandi que ele reuniu para comprovar a existência de uma “fábrica de dossiês” no coração do Ministério da Justiça. Uma das primeiras vítimas dessa engrenagem foi o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). Senador época dos fatos, Perillo entrou na mira do petismo quando revelou a imprensa que tinha avisado Lula da existência do mensalão. 0 autor conta que em 2010 o então ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, entregou em suas mãos um dossiê apócrifo sobre contas no exterior do tucano.

As ordens eram expressas: Tuma deveria abrir urna investigação formal. 0 trabalho contra Perillo, revela o autor, havia sido encomendado por Gilberto Carvalho, então chefe de gabinete do presidente Lula. Contrariado, Tuma Junior refutou a “missão” e ainda denunciou o caso ao Senado. Esse ato, diz o livro, foi o primeiro passo do autor para o cadafalso no governo, mas não impediu novas investidas.


(…)
Celso Daniel, trens, mensalão…

Vejam o que vai acima em destaque. Qualquer semelhança com os casos Alstom e Siemens, em São Paulo, não é mera coincidência. O livro traz revelações perturbadoras sobre:


a: o caso do cartel de trens em São Paulo:


b: o dossiê para incriminar Perillo;


c: o dossiê para incriminar Tasso Jereissati (com pressão de Aloizio Mercadante);


d: a armação para manchar a reputação de Ruth Cardozo;


e: o assassinato do petista Celso Daniel, prefeito de Santo André;


f: o grampo no STF (todos os ministros foram grampeados, diz Tuma Junior);


g: a conta do mensalão nas Ilhas Cayman…

Tuma - grampo Gilmar


E muito mais. Tuma Júnior está com documentos. Tuma Junior quer falar no Congresso. Tuma Junior tem de ser ouvido. Abaixo, seguem trechos de sua entrevista à VEJA.

(…)


Por que Assassinato de Reputações?


Durante todo o tempo em que estive na Secretaria Nacional de Justiça, recebi ordens para produzir e esquentar dossiês contra uma lista inteira de adversários do governo. 0 PT do Lula age assim. Persegue seus inimigos da maneira mais sórdida. Mas sempre me recusei. (…) Havia uma fábrica de dossiês no governo. Sempre refutei essa prática e mandei apurar a origem de todos os dossiês fajutos que chegaram até mim. Por causa disso, virei vítima dessa mesma máquina de difamação. Assassinaram minha reputação. Mas eu sempre digo: não se vira uma página em branco na vida. Meu bem mais valioso é a minha honra.
De onde vinham as ordens para atacar os adversários do PT?

Do Palácio do Planalto, da Casa Civil, do próprio Ministério da Justiça… No livro, conto tudo isso em detalhes, com nomes, datas e documentos. Recebi dossiês de parlamentares, de ministros e assessores petistas que hoje são figuras importantes no atual governo. Conto isso para revelar o motivo de terem me tirado da função, por meio de ataque cerrado a minha reputação, o que foi feito de forma sórdida. Tudo apenas porque não concordei com o modus operandi petista e mandei apurar o que de irregular e ilegal encontrei.
(…)

O Cade era um dos instrumentos da fábrica de dossiês?


Conto isso no livro em detalhes. Desde 2008, o PT queria que eu vazasse os documentos enviados pela Suíça para atingir os tucanos na eleição municipal. O ministro da Justiça, Tarso Genro, me pressionava pessoalmente para deixar isso vazar para a imprensa. Deputados petistas também queriam ver os dados na mídia. Não dei os nomes no livro porque quero ver se eles vão ter coragem de negar.
O senhor é afirmativo quando fala do caso Celso Daniel. Diz que militantes do partido estão envolvidos no crime.

Aquilo foi um crime de encomenda. Não tenho nenhuma dúvida. Os empresários que pagavam propina ao PT em Santo André e não queriam matar, mas assumiram claramente esse risco. Era para ser um sequestro, mas virou homicídio.
(…)

O senhor também diz no livro que descobriu a conta do mensalão no exterior.
Eu descobri a conta do mensalão nas Ilhas Cayman, mas o governo e a Polícia Federal não quiseram investigar. Quando entrei no DRCI, encontrei engavetado um pedido de cooperação internacional do governo brasileiro às Ilhas Cayman para apurar a existência de uma conta do José Dirceu no Caribe. Nesse pedido, o governo solicitava informações sobre a conta não para investigar o mensalão, mas para provar que o Dirceu tinha sido vítima de calúnia, porque a VEJA tinha publicado uma lista do Daniel Dantas com contas dos petistas no exterior. O que o governo não esperava é que Cayman respondesse confirmando a possibilidade de existência da conta. Quer dizer: a autoridade de Cayman fala que está disposta a cooperar e aí o governo brasileiro recua? É um absurdo. (…)

O senhor afirma no livro que o ex-presidente Lula foi informante da ditadura. É uma acusação muito grave.


Não considero uma acusação. Quero deixar isso bem claro. O que conto no livro é o que vivi no Dops. Eu era investigador subordinado ao meu pai e vivi tudo isso. Eu e o Lula vivemos juntos esse momento. Ninguém me contou. Eu vi o Lula dormir no sofá da sala do meu pai. Presenciei tudo. Conto esses fatos agora até para demonstrar que a confiança que o presidente tinha em mim no governo, quando me nomeou secretário nacional de Justiça, não vinha do nada. Era de muito tempo. 0 Lula era informante do meu pai no Dops (veja o quadro ao lado).

O senhor tem provas disso?


Não excluo a possibilidade de algum relatório do Dops da época registrar informações atribuídas a um certo informante de codinome Barba. (…)

Tuma imagem mensalão


Encerro
Encerro por ora. É claro que ainda voltarei ao tema. Tuma Junior estava lá dentro. Tuma Junior viu e ouviu. O deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) quer que o delegado preste depoimento à Câmara sobre o que sabe.
O estado policial petista tem de parar. E parte da imprensa precisa deixar de ser o seu braço operativo.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Nas próximas horas, nas páginas de VEJA, Romeu Tuma Junior, ex-secretário nacional de Justiça, vem com entrevista bombástica e revelações de arrepiar



Política & Cia
Por Ricardo Setti
 
O ex-secretário Romeu Tuma Junior: decisão de “limpar a reputação” e revelações de arrepiar (Foto: Agência Brasil)

Vai ser uma correria, um turbilhão de desmentidos indignados, um grande auê quando, nas próximas horas, começar a circular a edição de VEJA contendo uma longa entrevista do delegado Romeu Tuma Junior, ex-secretário Nacional de Justiça, na qual, entre outras coisas, ele conta que uma figura política de dimensões nacionais era informante do pai, Romeu Tuma, quando chefe do DOPS — a polícia política de São Paulo durante a ditadura.

Delegado concursado da Polícia Civil de São Paulo, Tuma Junior foi demitido a Secretaria Nacional de Justiça em junho de 2010, último ano do governo Lula, pelo então ministro Luiz Paulo Barreto. “Tuminha”, como é conhecido, teve conversas telefônicas gravadas com Li Kwok Kwen, comerciante acusado de ser contrabandista e suposto integrante da máfia chinesa em São Paulo.

Até agora, nada se comprovou de irregular na conduta do delegado, que, pretendo limpar o nome, decidiu escrever um livro, Assassinato de Reputações — Um Crime de Estadogeral da Presidência, Gilberto Carvalho, para “fulminar” um governador da oposição.

Ele conta também um episódio em foi chamado ao Congresso para reunir-se com um deputado e de um senador do PT — este, hoje, é ministro de Dilma — para, supostamente, tratar de projetos de interesse do governo Lula. Na verdade, o encontro se destinava a entregar ao delegado um pendrive que conteria um dossiê contra um eminente senador da oposição “A exigência era que eu plantasse uma investigação em cima dele”, revela Tuma.

O que Tuma Junior diz saber sobre circunstâncias envolvendo o assassinato do prefeito Celso Daniel vai também dar o que falar…

Como se vê, vale a pena esperar mais algumas horas para ler a entrevista do delegado.
06/12/2013

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Dirceu desiste de emprego em hotel em Brasília


Ex-ministro receberia 20 000 reais mensais para trabalhar como gerente
Laryssa Borges, de Brasília
José Dirceu ( Rocha Lobo/Futura Press)

Condenado no escândalo do mensalão, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu desistiu nesta quinta-feira de trabalhar como gerente administrativo no hotel Saint Peter, em Brasília, com salário de 20 000 reais.

Em nota, o advogado José Luis Oliveira Lima, que defende o petista, atribuiu a desistência a um “linchamento midiático” contra o mensaleiro. “[A proposta de emprego] Foi tratada por setores da imprensa como uma farsa. Essa atitude denuncia a intenção de impedir que o ex-ministro trabalhe, direito que lhe é garantido pela lei e que vale para todos os condenados em regime semiaberto”, disse o defensor.

Nesta quinta, a Cooperativa Sonho de Liberdade, da qual integram oitenta presidiários, formalizou no Supremo Tribunal Federal (STF) oferta de emprego para o trio petista formado por José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares. No caso do ex-ministro da Casa Civil, a proposta é para ser administrador da parte de fabricação de artefatos de concreto, com salário de 508,50 reais, vale-transporte e refeição no local de trabalho.
05.12.2013

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Suposto presidente de hotel que ofereceu salário de R$ 20 mil a Dirceu mora em área pobre do Panamá


Jornal Nacional foi até o Panamá para tentar entrevistar o presidente da empresa que administra o hotel Saint Peter, e o encontrou lavando o carro na porta de casa.


O Jornal Nacional encontrou o suposto presidente da empresa administradora do hotel de Brasília que ofereceu o salário de R$ 20 mil ao ex-secretário da Casa Civil, José Dirceu - condenado do Mensalão.

A reportagem de Vladimir Netto e Salvatore Casella mostra que o homem mora em uma área pobre, no Panamá. E trabalha como auxiliar de escritório em uma empresa de advocacia.

O hotel que ofereceu emprego para o ex-ministro José Dirceu fica no Centro de Brasília, em um prédio de 15 andares e 424 apartamentos. O Saint Peter pretende pagar ao ex-ministro R$ 20 mil por mês para o cargo de gerente-administrativo.

Um dos sócios do hotel, Paulo Masci de Abreu, é irmão de José Masci de Abreu, presidente do PTN - Partido Trabalhista Nacional - que em 2010 apoiou a eleição da presidente Dilma Rousseff.

Mas Paulo Masci de Abreu é apenas um sócio minoritário. Tem uma cota, no valor de R$ 1, como mostra um contrato social. Todas as outras cotas, que somam R$ 499 mil, pertencem a uma empresa estrangeira, Truston International Inc, com sede na cidade do Panamá.

A Truston International Inc está inscrita no registro público do Panamá. O presidente da Truston é um cidadão panamenho, José Eugenio Silva Ritter. O nome dele, abreviado, aparece junto a outros dois nomes: Marta de Saavedra, tesoureira, e Dianeth Ospino, secretária.

José Eugenio Silva Ritter também aparece ligado a mais de mil empresas em um site criado por um ativista anticorrupção. O procurador da Truston no Brasil, como mostra o contrato do hotel Saint Peter, é Raul de Abreu, filho de Paulo Masci de Abreu.

Por telefone, Paulo de Abreu e o advogado de Raul de Abreu disseram que José Eugênio Silva Ritter é um empresário estrangeiro que foi apresentado por meio de um advogado. Também afirmaram que a empresa presta contas a José Eugenio regularmente.

Jornal Nacional
: Quem é o seu sócio majoritário?

Paulo de Abreu
: É a Truston. É uma empresa que investe em hotéis.

Jornal Nacional: Quem é o dono da Truston?

Paulo
: Ah, tem vários acionistas. Precisa ver, até porque as ações são vendidas constantemente, né?.

Jornal Nacional: Quem é José Eugenio Silva Ritter?

Paulo: É o presidente.

Advogado: É o presidente da empresa.

Jornal Nacional: Mas vocês o conhecem?

Paulo: Uma vez nós já estivemos em reunião.

Jornal Nacional
: Ele veio ao Brasil, Dr. Paulo?

Paulo: Não, eu estive lá em Miami.

Jornal Nacional
: Isso foi quando? Foi quando os senhores resolveram fazer uma sociedade para administrar o St. Peter?

Paulo: É, quando formalizamos a parceria. De lá pra cá, a gente manda as informações para lá e ele se dá por satisfeito, enfim, ou pergunta alguma coisa, mas houve essa reunião em Miami quando da formalização do entendimento.

O Jornal Nacional foi até o Panamá para tentar entrevistar o presidente da empresa que administra o hotel Saint Peter. E depois de muita pesquisa, conseguiu encontrar o endereço de José Eugenio Silva Ritter. Ele mora em uma rua de um bairro pobre na periferia da Cidade do Panamá.

Ele estava lavando o carro na porta de casa quando chegamos, e confirmou que é mesmo José Eugenio Silva Ritter.

Jornal Nacional: Você é José Eugenio Silva Ritter?

José Eugenio: Correto.

Ritter disse que trabalha em um escritório de advocacia, o Morgan y Morgan, há mais de 30 anos. E reconheceu que aparece mesmo como sócio de muitas empresas mundo afora.

José Eugenio: Sim, sim, de várias empresas, correto.

Jornal Nacional: Várias empresas. Por que isso?

José Eugenio: Porque eu trabalho na Morgan y Morgan e eles se dedicam a isso.

Pergunto sobre a Truston International Inc, que administra o Hotel Saint Peter, empresa da qual ele é o presidente. Ele disse que não se lembra dela, e não responde mais nada.

José Eugenio
: Eu sequer sei se é o nome de uma sociedade de várias pessoas. Você, por favor, vá lá na Morgan y Morgan, com um advogado, aí eu posso lhe dar a informação de que você precisa. Se me autorizarem, se puder falar, lhe dar as respostas. Porque pode botar em perigo meu emprego.

Ele encerra a conversa.

José Eugenio: Você não está entendendo, eu quis ser amável. É melhor lá no escritório. Tudo que você quiser é lá no escritório.

No órgão que regulamenta e fiscaliza o mercado de capitais dos Estados Unidos, consta que Jose Eugenio Siva Ritter é auxiliar de escritório do Morgan y Morgan.

A Morgan y Morgan fica em um prédio no centro financeiro da Cidade do Panamá. É uma firma que ajuda na fundação e administração de empresas internacionais com sede no Panamá. A legislação do país permite que ações de companhias sejam transferidas de um empresário para outro sem que seja necessário informar as autoridades. Isso faz com que seja muito difícil saber quem é o verdadeiro dono de empresas como a Truston International Inc, proprietária do Hotel Saint Peter.

“Esses países percebem como uma estratégia econômica de trazer recursos para aquele país, justamente flexibilizar as regras sobre tributação, sobre identificação. Então esses países acabam diminuindo essas exigências de identificação de documentação para atrair capitais, para atrair ativos para fomentar a própria riqueza do país”, explica o professor de Direito Penal da Universidade de São Paulo Pierpaolo Bottini

Nós procuramos a Morgan y Morgan para perguntar sobre a propriedade do Hotel Saint Peter, mas ninguém quis atender nossa reportagem.

A advogada de Paulo Masci de Abreu, Rosane Ribeiro, fez, há pouco, duas revelações. A primeira: a sócia majoritária da Truston International é a nora dele, a empresária Lara Severino Vargas.

E a segunda revelação: Nesta segunda-feira (2), a nora vendeu a Paulo de Abreu o controle acionário do hotel Saint Peter.

A advogada lembrou também que seu cliente é dono de 60 % do prédio onde funciona o hotel Saint Peter. Os outros 40 %, ainda segundo a advogada, pertencem ao empresário Paulo Naya.


03/12/2013

Genoino é o 1º da fila; renunciou porque, apesar de toda a encenação de martírio, cassação era certa



José Genoino renunciou.

Deve abrir a fila.

Por Reinaldo Azevedo


Quem vai resistir mais tempo é João Paulo Cunha (PT-SP). Em primeiro lugar, porque ele é o mais chegadito a brincar de luta entre Corisco e Antônio das Mortes (“se entrega, Corisco”; “eu não me entrego, não/ só de parabelo na mão…”). Em segundo lugar, porque seu processo vai demorar um pouquinho mais. O máximo que pode acontecer com ele, no entanto, é se livrar da condenação por lavagem de dinheiro (teve quatro votos de absolvição), caso a nova composição do STF seja sensível à argumentação apresentada nos embargos infringentes. Ele recorreu, na verdade, contra as três condenações. Nas duas outras — por corrupção passiva e peculato —, foi condenado por nove a dois.

Genoino, o deputado-mártir, só pediu para sair porque constatou que não teria chances na Câmara, especialmente com voto aberto. Seria cassado, sim — o que constituiria uma humilhação adicional. Até porque existe um novo processo contra Natan Donadon, que hoje é deputado do PPP, o Partido do Presídio da Papuda. Por mais que a Câmara seja um lugar de homens com, como direi?, uma enorme elasticidade ética, haver um núcleo da Casa vigiado por carcereiros vai um pouco além do aceitável. É a desmoralização do Poder Legislativo.

De todo modo, noto que o processo iniciado pela Mesa para decidir sobre o futuro de Genoino já era ilegal. O mandato dele já foi declarado cassado pelo STF. Ele renunciou. Mas pensemos por hipótese: e se a coisa segue e não se conseguem os 257 votos para cassá-lo? A questão iria parar de novo no STF.

Agora terá sequência a novela da aposentadoria. Fora da Câmara, o pleito, digamos, econômico tramita com mais facilidade.
03/12/2013

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Os candidatos na Globo: Dilma, 64 minutos. Campos, 8 minutos. Aécio, 1 minuto


Blog do Josias

O PSDB decidiu medir o espaço dedicado aos presidenciáveis nos telejornais da TV Globo. Monitorou o ‘Bom Dia Brasil’, o ‘Jornal Nacional’ e o ‘Jornal da Globo’. Os tucanos ficaram de bico aberto com o grau de exposição da presidente-candidata Dilma Rousseff na emissora de maior audiência do país.
Nos últimos dois meses, constatou a legenda, as reportagens protagonizadas por Dilma ocuparam 64 minutos nos três telejornais da Globo. No mesmo período, as notícias estreladas pelo tucano Aécio Neves preencheram 1 minuto e 30 segundos. O noticiário envolvendo Eduardo Campos, opção presidencial do PSB, durou 8 minutos e 40 segundos.

É natural que Dilma apareça mais nos meios de comunicação. Da vitrine do Planalto, um espirro dela chamará mais a atenção das manchetes do que uma pneumonia dos rivais. Ainda assim, o PSDB espantou-se com a superexposição da candidata do PT. Atribui o fenômeno a atos de campanha camuflados na agenda da presidente como eventos oficiais.

Eduardo Campos roçou os 9 minutos na tela da Globo por causa do rebuliço provocado por sua aliança com Marina Silva, um fato de alta relevância jornalística. Aécio só não teve menos de um minuto porque virou notícia ao criticar a ação do ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) no inquérito da PF sobre o cartel suspeito de fraudar licitações de trens e do metrô em São Paulo.

Foi contra esse pano de fundo que Aécio disse ao blog no último domingo, ao comentar a liderança de Dilma no Datafolha, que “a presença da presidente nas mídias de massa é avassaladora”. Na sua definição, há hoje “um monólogo”, não uma disputa real. Acha que a coisa tende a ficar menos desigual só partir de março de 2014.

Também no domingo, em artigo veiculado em vários jornais, Fernando Henrique Cardoso, grão-mestre do PSDB, também realçou a desigualdade da contenta. “A candidata oficial, pela posição que ocupa, tem cada ato multiplicado pelos meios de comunicação. Como o exercício do poder se confundiu, na prática, com a campanha eleitoral, entramos já em período de disputa.” Para complicar, anotou FHC, as oposições estão “berrando pouco''.

A expectativa de Aécio, compartilhada por Eduardo Campos, é a de que os eleitores que anseiam por mudanças prestarão mais atenção à oposição quando os fatos e a legislação eleitoral elevarem a taxa de holofotes dos contendores de Dilma. Segundo o Datafolha, 66% dos brasileiros preferem que o próximo presidente tome decisões majoritariamente diferentes das que Dilma adotou.

Os antagonistas do PT atribuem mais importância a esse dado do que aos índices de intenção de voto: 47% para Dilma, contra 19% atribuídos a Aécio; e 11% a Campos. Os antipetistas recordam que faltam mais dez meses para a eleição. E invocam precedentes. Em 2009, nessa mesma fase do ano, o tucano José Serra liderava todas as pesquisas eleitorais.


Charge






Sponholz

Oba! Maluf vai se juntar a Padilha. Podemos esperar uma nova teoria de Marilena Chaui




Por Reinaldo Azevedo

Esta foto, convenham, é inesquecível.

Lula e Fernando Haddad se encontram com Paulo Maluf nos jardins da mansão do ex-prefeito e ex-governador de São Paulo. Não se tratava, como fica claro agora, de uma aliança episódica; é coisa mais profunda, de pele mesmo. Marina Dias informa na Folha desta terça que o PP malufista “trocou Alckmin por Padilha”.

Reproduzo trecho:
“O PP do deputado federal Paulo Maluf (SP) deixou o cargo que ocupava no governo de São Paulo em um movimento de aceno ao PT no Estado, que no ano que vem irá lançar a candidatura do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes. No último dia 19, Antônio Carlos do Amaral Filho, presidente da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano), anunciou seu desligamento da companhia após um embate interno com o secretário-geral do PP, Jesse Ribeiro. A ação foi interpretada por aliados do governador Geraldo Alckmin (PSDB) como um sinal do desembarque dos pepistas da gestão tucana e do alinhamento da sigla ao PT. A pedido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Padilha tem se empenhado pessoalmente nas negociações com os partidos que podem integrar sua chapa. O ministro já se reuniu em Brasília com o presidente nacional do PP, Ciro Nogueira, para acertar os detalhes do apoio.”

Os petistas, como sabemos, consideram o governador Geraldo Alckmin um conservador, né? Os petralhas arriscam até um “direitista”, certo? Progressista é o PT. Por isso mesmo, deve se aliar a Maluf também na esfera estadual. Aí o petralhinha tira os membros dianteiros do chão e tenta raciocinar com a coluna ereta: “E se Maluf estivesse com Alckmin? Aí ele seria bacana?”. Bem, não nesta página. Nunca foi. O homem até já me processou. E perdeu. Quem transforma aliados em heróis, quaisquer que sejam eles, e adversários em bandidos, quaisquer que sejam eles, é o PT, não eu. É no petismo que vale a máxima de que os amigos são sempre inocentes, mesmo quando culpados (não é, mensaleiros?), e os inimigos são sempre culpados, mesmo quando inocentes.

Quem sai por aí pespegando a pecha de “direitista” em adversários são os patriotas petistas. Eles são sempre progressistas, mesmo quando aliados a Maluf. Esse estranho modo de pensar tem até um dos lances mais patéticos, creio, jamais produzidos por uma “sedizente” intelectual. Durante a campanha eleitoral para a Prefeitura, em 2012, Dona Chaui participou de um evento em favor de uma candidata a vereadora do PT e produziu a seguinte pérola:
“Os candidatos Celso Russomanno (PRB) e José Serra (PSDB) representam duas vertentes da direita paulista igualmente prejudiciais à democracia, à inclusão e à cidadania”.

Ah, tá! Bem… Se eles prejudicavam a democracia, deveriam ser banidos, então, da política, né? Mas e Paulo Maluf, aquele que esta lá no alto trocando afagos com Lula e Haddad? O site petista que dava a notícia explicou o pensamento de Marilena. Leiam (em vermelho):

“Para Marilena, o ex-governador Paulo Maluf, cujo partido (PP) está aliado ao PT não eleições paulistanas, não se enquadra na tradição política representada por Russomanno, mas na do ‘grande administrador’, que ela identifica com Prestes Maia (prefeito de São Paulo de maio de 1938 a novembro de 1945) e Faria Lima (prefeito de 1965 a 1969).”

E Marilena mandou bala naquele encontro:
“Afinal, Maluf sempre se apresentou como um engenheiro”.
Entenderam? Se o capeta se juntar ao PT, Marilena começará a chamá-lo de anjo incompreendido…

O tempo na TV
Se Alckmin mantiver o apoio do DEM, do PSB, do SDD, do PPS e do PRB, terá 4min35 segundos na TV. Com 1min18s do PP, teria 5min53s. Antes do PP, Padilha contava com as adesões de PR, PDT, PCdoB e PROS, o que somava 5min3s. Acontece que o PP mudou de lado, e Padilha tem agora 6min21s. Entenderam? A segunda começou, e o tucano tinha 50 segundos a mais do que o petista. O dia terminou, e o petista tem 1min46s a mais do que o tucano.

Eis aí o peso da máquina federal. Padilha, com um latifúndio na TV, tem hoje apenas 4% das intenções de voto, segundo a pesquisa Datafolha. Com 43%, Alckmin tem menos tempo.

Fiquem atentos

Há dois outros candidatos. Paulo Skaf (PMDB), garoto-propaganda eleitoral da Fiesp, tem 2min28s. Não está coligado a ninguém. Gilberto Kassab tem 1min53s. Há quem aposte que o ex-prefeito, que sabe não ter chances para o governo, possa se juntar ao peemedebista, disputando o Senado. A união daria a Skaf 4min21s — quase o mesmo tempo do candidato tucano.

A vida de Alckmin não será fácil. Ele será o alvo dos demais candidatos, sejam dois ou três. E sabe que todos eles estarão unidos num eventual segundo turno. Se depender dos “marineieros” — que, em São Paulo, objetivamente, fazem o jogo do PT —, Alckmin não terá também os 58 segundos do PSB.

É uma gente que não brinca em serviço.




03/12/2013

Dirceu cumprirá pena até 2021; Valério estará livre em 2051




 
Guias de recolhimento publicadas pelo STF informa datas em que os réus do mensalão terão direito à progressão de regime, livramento condicional e liberdade, com base apenas nas condenações transitadas em julgado

Felipe Recondo
O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - As guias de recolhimento dos 11 condenados por envolvimento do mensalão mostram que o ex-ministro José Dirceu só terminará de cumprir a pena pelo crime de corrupção no dia 15 de outubro de 2021. E que o empresário condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) como operador do mensalão - Marcos Valério - só terminará de cumprir a pena em abril de 2051.

Os documentos disponíveis no site do STF apontam a data das prisões - 16 de novembro - e os cálculos de quando os condenados terão direito à progressão de regime, quando podem pedir livramento condicional e quando terminarão de cumprir as penas.

Os documentos só levam em consideração as penas pelos crimes cujo julgamento já terminou. Em vários casos, como de Dirceu e do ex-presidente do PT José Genoino, parte da condenação ainda pode ser alterada. Por isso, a pena por esses crimes não é considerada nos cálculos.

Abaixo, os dados constantes das guias de recolhimento:
José DirceuPena total: 7 anos e 11 meses
Progressão de regime: 12/03/2015
Livramento condicional: 05/07/2016
Término da pena: 15/10/2021


Cristiano Paz
Pena total: 17 anos e 8 meses e 20 dias
Progressão de regime: 29/10/2016
Livramento condicional: 11/10/2019
Término da pena: 05/08/2031


Katia Rabello
Pena total: 14 anos e 5 meses
Progressão de regime: 09/04/2016
Livramento condicional: 04/09/2018
Término da pena: 15/04/2028


Jacinto Lamas
Pena total: 5 anos
Progressão de regime: 14/09/2014
Livramento condicional: 15/07/2015
Término da pena: 15/11/2018


Romeu Queiroz
Pena total: 6 anos e 6 meses
Progressão de regime: 15/12/2014
Livramento condicional: 14/01/2016
Término da pena: 15/05/2020


Marcos Valério
Pena total: 37 anos 5 meses e 6 dias
Progressão de regime: 10/02/2020
Livramento condicional: 07/05/2026
Término da pena: 21/04/2051


Delúbio Soares
Pena total: 6 anos e 8 meses
Progressão de regime: 25/12/2014
Livramento condicional: 04/02/16
Término da pena: 15/07/2020


José Genoino
Pena total: 4 anos e 8 meses
Progressão de regime: 25/08/2014
Livramento condicional: 04/06/2015
Término da pena: 15/07/2018


Ramon Hollerbach
Pena total: 19 anos, 9 meses e 20 dias
Progressão de regime: 06/03/2017
Livramento condicional: 21/06/2020
Término da pena: 05/09/2033


José Roberto Salgado
Pena total: 8 anos e 2 meses
Progressão de regime: 25/03/2015
Livramento condicional: 04/08/2016
Término da pena: 15/01/2022


Simone Vasconcelos
Pena total: 10 anos e 10 meses
Progressão de regime: 04/09/2015
Livramento condicional: 25/06/2017
Término da pena: 15/09/2024

                 02 de dezembro de 2013