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sexta-feira, 18 de julho de 2014

Datafolha: Aécio empata com Dilma no 2º turno; rejeição à presidente cresce; cai a aprovação ao governo, e cresce a reprovação


A pesquisa Datafolha encomendada pela Folha e pela Globo é muito ruim para a presidente Dilma Rousseff, do PT, candidata à reeleição.

 Por Reinaldo Azevedo



Se a disputa fosse hoje, ela teria 36% das intenções de voto no primeiro turno. O tucano Aécio Neves aparece com 20%, e o peessebista Eduardo Campos, com 8%. Há 15 dias, o instituto conferia 38% à petista. Aécio tinha os mesmos 20%, e Campos, 9%.

Mas o que há de tão ruim nisso? A péssima notícia para a presidente não está no primeiro turno, mas no segundo. No levantamento de agora, ela aparece com 44%, e Aécio, com 40%. Como a margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos, há uma situação de empate técnico. Em fevereiro deste ano, há cinco meses, a distância era de 27 pontos: 54% a 27%. Há duas semanas, de 7 (todos os gráficos que aparecem foram publicados pela Folha Online.

Também a distância que separa a petista do peessebista caiu drasticamente. Contra o ex-governador de Pernambuco, ela teria hoje 45% contra 38%, só sete pontos a mais. Em fevereiro, a distância era de 32 pontos: 23% a 55%. Há duas semanas, era de 35% a 48% — 13 pontos viraram sete. É feia a coisa. E pode piorar: a rejeição a Dilma também cresceu 3 pontos em relação ao começo do mês: de 32% para 35%. Em seguida, vem Pastor Everaldo, com 18%, seguido por Aécio, com 17% e por Campos, com 12%.


Observem: como é que um candidato com 8% das intenções de voto, ainda desconhecido por muita gente, como Campos, consegue 38% quando confrontado com Dilma, no mano a mano? Para quem está empatado com a presidente no segundo turno, Aécio mantém um índice ainda modesto no primeiro. Também ele é bem menos conhecido do que ela. O conjunto dos dados parece indicar que cresce a massa de eleitores que não quer mesmo saber de Dilma.






Avaliação do governo


A reprovação ao governo e a aprovação empataram, uma situação sempre temida pelos candidatos à reeleição: hoje, acham seu governo ótimo ou bom 32% dos entrevistados — há duas semanas, eram 35%.

Consideram-no ruim ou péssimo, 29% (26 na pesquisa anterior).

E os mesmos 28% o avaliam como regular.

Dilma, definitivamente, não tem por que se alegrar.

18/07/2014


quinta-feira, 17 de julho de 2014

Lula ordenou aos prefeitos do PT que tirassem Padilha do buraco. Esqueceu de combinar com o eleitorado paulista




Por Augusto Nunes

Há uma semana, Lula convocou os companheiros prefeitos das maiores cidades paulistas para baixar a ordem: todos deveriam entrar imediatamente em ação para resgatar Alexandre Padilha do buraco em que agoniza desde a primeira pesquisa sobre a sucessão estadual.

O resultado da mobilização, divulgado pelo Datafolha nesta quinta-feira, prova que o ex-presidente só esqueceu de combinar com o eleitorado paulista.

O poste que o palanque ambulante queria instalar no Palácio dos Bandeirantes não saiu do lugar: apenas oscilou de miseráveis 3% para esquálidos 4%, dentro da margem de erro.

Paulo Skaf, do PMDB, caiu de 21% para 16% e Geraldo Alckmin subiu de 47% para 54%. O governador tucano nunca esteve tão próximo de uma reeleição sem sobressaltos.

Se Lula convocar os prefeitos com mais frequência, Alckmin nem precisará fazer campanha.
17/07/2014

Congresso ainda respira e dá sinais de que vai cortar as asinhas bolivarianas de Dilma





EXEMPLO – Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, presenteia presidente Dilma Rousseff com uma imagem do falecido coronel Hugo Chávez: foto é do ano passado, mas o alinhamento de ideias segue atual

Por Reinaldo Azevedo


O Congresso brasileiro ainda está vivo também para as virtudes. Essa é uma boa notícia. Avançou a resistência ao decreto bolivariano da presidente Dilma Rousseff, o 8.243, que institui a chamada Política Nacional de Participação Social (PNPS) e busca regular a atuação de conselhos populares na administração federal.

Nesta terça, a Câmara dos Deputados aprovou o regime de urgência para o Decreto Legislativo (DL) que busca tornar sem efeito a medida presidencial. A partir de agora, havendo quórum, o DL pode ser votado, mas é possível que isso só aconteça depois do recesso branco de julho.

Mais de dez partidos — e isso significa que muitos deles são da base aliada, como o PMDB — pressionaram para que se aprovasse o regime de urgência nesta terça. Só o PT e as legendas de esquerda defendem hoje aquela estrovenga.


Vamos ver. Entre muitas, há três maneiras principais de entender o Decreto 8.243:

a) a apocalíptico-barulhenta;
b) a da Poliana distraída;
c) a realista.


A apocalíptico-barulhenta pretende que, uma vez em vigência, o decreto institui definitivamente o comunismo no Brasil, e nada mais se poderá fazer. Seria o golpe final das esquerdas na democracia representativa. Por intermédio dele, os esquerdistas tomariam conta da administração e ponto final. O passo seguinte seria, sei lá eu, o Armagedom ou a luta armada. É uma tolice. Aliás, os esquerdistas que defendem aquela porcaria vibram quando encontram um caricato desses pela frente porque não é difícil ridicularizar esse delírio.

Há a leitura das Polianas distraídas. Essas insistem em afirmar que o decreto de Dilma, o que é verdade, não cria nenhum conselho novo. E daí? Só faltava, agora, o Executivo criar também os conselhos por iniciativa unipessoal da chefe do Executivo. Aí estaríamos numa monarquia absolutista. Esses distraídos também dizem que a participação popular está prevista na Constituição e que não há nada de errado nisso.

E há a versão realista. O PT não vai instituir, obviamente, o comunismo no Brasil porque, pra começo de conversa, nem comunista é. Mas tem uma visão autoritária do poder e busca, desde que foi criado, tomar conta do estado brasileiro, um processo que, obviamente, está em curso. E, isso sim, não é difícil de demonstrar.

O que o decreto de Dilma faz de estupidificante, em primeiro lugar, é definir o que é sociedade civil. Está lá no Inciso I do Artigo 2º: “I – sociedade civil – o cidadão, os coletivos, os movimentos sociais institucionalizados ou não institucionalizados, suas redes e suas organizações”.

É evidente que o “indivíduo” não existiria nesse contexto. Como se daria a sua participação? Ele teria de, necessariamente, integrar um dos “coletivos” e “movimentos sociais institucionalizados ou não institucionalizados”, ou suas “redes e organizações”, se quisesse ser ouvido. Vale dizer: a chamada participação popular seria monopólio de militantes políticos. Um Congresso escolhido por 140 milhões de eleitores correria o risco de ser menos influente na definição de políticas públicas do que alguns poucos milhares de militantes.


E quem é que vai comandar essa coisa? A Secretaria-Geral da Presidência — hoje, seria Gilberto Carvalho, aquele mesmo que tem conversado com índios, com os resultados conhecidos; com o MST, com os resultados conhecidos, e com os black blocs, com os resultados conhecidos.

Ademais, já chamei a atenção para um aspecto especialmente preocupante do decreto de Dilma. Ele institui uma “justiça paralela” por intermédio da “mesa de diálogo”, assim definida no Inciso VI do Artigo 2º: “Mecanismo de debate e de negociação com a participação dos setores da sociedade civil e do governo diretamente envolvidos no intuito de prevenir, mediar e solucionar conflitos sociais”.

Como a Soberana já definiu o que é sociedade civil, podemos esperar na composição dessa mesa o “indivíduo” e os movimentos “institucionalizados” e “não institucionalizados”. Se a sua propriedade for invadida por um “coletivo”, por exemplo, você poderá participar, apenas como uma das partes, de uma “mesa de negociação” com os invasores e com aqueles outros “entes”. Antes que o juiz restabeleça o seu direito, garantido em lei, será preciso formar a tal “mesa”…

É o “comunismo”? Não! Mas se trata de uma óbvia agressão à propriedade privada. De resto, não cabe a Dilma Rousseff, por decreto, estabelecer os mecanismos da chamada democracia direta. Isso é tarefa do Congresso Nacional. A governanta está usurpando uma prerrogativa do Congresso. Não é o golpe final das esquerdas, mas é mais um golpe na democracia.


16/07/2014


quarta-feira, 16 de julho de 2014

“Não leio FHC”, diz Lula, que já confessou que a leitura lhe dá sono. Entendo!




Por Reinaldo Azevedo

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso escreveu num artigo que Lula, que o sucedeu na Presidência, promove “baixarias e falsas acusações” em suas andanças políticas e que é incapaz de “fazer autocrítica”.

Afirmou ainda que, na viagem que fizeram juntos ao funeral de Mandela, no avião presidencial, em companhia de Dilma, ele sugeriu ao petista que virasse a página do mensalão. “Mas não, Lula insiste em continuar distorcendo fatos para dizer que todos fizeram algo parecido. Eu não caio nessa cilada.”

Escreveu mais: “Em nenhum momento Lula explicou de forma detalhada os acontecimentos que levaram ao maior escândalo de corrupção da história republicana”.

Nesta quarta, o jornalistas quiseram saber o que Lula pensava a respeito do artigo de seu antecessor. O petista não respondeu. Ou respondeu apenas o seguinte: “Eu não leio o Fernando Henrique Cardoso”.

Huuummm… Se não lesse apenas FHC, não seria tão grave. Eu tenho memória. Em 2009, ele confessou em conversa com jornalistas que lia muito pouco: “Me dá sono”. E o que fazia num tempo livre ou outro? “Vejo bobagens na televisão”. À época, estava lendo, disse, o livro “Leite Derramado”, de Chico Buarque. Concordo: vale por uma cartela de Stilnox, hehe.

Lula não reconhece até hoje o papel central que teve o Plano Real no país. Poderia ser apenas falta de leitura. Mas aí já se trata de algo ainda mais grave: é falta de apreço pela verdade.


16/07/2014

Projeto que derruba decreto bolivariano de Dilma avança na Câmara

Deputados aprovam urgência para votar uma proposta que anula os efeitos do texto da presidente Dilma Rousseff, mas férias na Câmara deverá empurrar votação para agosto

Às vésperas de entrar no chamado “recesso branco”, a Câmara dos Deputados aprovou na noite desta terça-feira o pedido de urgência para votar uma proposta que pode derrubar o decreto bolivariano da presidente Dilma Rousseff, destinado a criar conselhos populares em órgãos da administração pública. Com a aprovação da urgência, o texto ganha prioridade e pode ser votado em plenário desde que haja quórum mínimo de 257 deputados, o que não deverá ocorrer até agosto já que a Casa iniciará férias não oficiais.

Apesar da demora -- o decreto 8.243 foi assinado em 23 de maio –, a resposta da Câmara era esperada. O presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), foi pressionado por mais de uma dezena de partidos para colocar a proposta de urgência em votação na noite desta terça antes do recesso dos deputados. Desde que foi editado pelo Palácio do Planalto, o decreto provocou forte reação no Congresso, que começou nas bancadas de oposição, mas ganhou adesão de mais de dez siglas da Casa.

Diante da ameaça de derrota caso o texto que susta os efeitos do decreto fosse aprovado, PT e PCdoB entraram em obstrução e conseguiram barrar a votação esvaziando o plenário. O pedido de urgência passou com 294 votos a favor e 54 contrários. Houve três abstenções. Foi uma das poucas votações da Câmara desde o começo de junho, quando os deputados deixaram Brasília e teve início a Copa do Mundo.A Medida Provisória 641, que altera a lei de comercialização da energia elétrica, tranca a pauta, mas não impede a votação do Projeto de Decreto Legislativo contra o texto de Dilma. Para pautá-lo, é necessário retirar a MP da pauta ou invertê-la, o que depende de vontade política da Casa.

O decreto de Dilma instituiu a participação de “integrantes da sociedade civil” em todos os órgãos da administração pública e, feita numa canetada, representa um assombroso ataque à democracia representativa. O texto ataca um dos pilares da democracia brasileira, a igualdade dos cidadãos, ao privilegiar grupos alinhados ao governo. O decreto do Palácio do Planalto é explícito ao justificar sua finalidade: “consolidar a participação social como método de governo”. Um dos artigos quer estabelecer, em linhas perigosas, o que é a sociedade civil: “I – sociedade civil – o cidadão, os coletivos, os movimentos sociais institucionalizados ou não institucionalizados, suas redes e suas organizações”. Ou seja, segundo o texto de Dilma, os movimentos sociais – historicamente controlados e manipulados pelo PT – são a representação da sociedade civil no Estado Democrático de Direito.

“Se não derrubarmos o decreto, o senhor Gilberto Carvalho sozinho vai dizer quem compõe esse sistema de participação social montado sob a ótica de quem está no poder. Todas as ditaduras populistas do mundo tiveram episódios dessa natureza”, disse o deputado Domingos Sávio (PSDB-MG). "A votação de hoje consolidou a derrota e demonstra que a maioria da Câmara rejeita a proposta do decreto", afirmou o líder da bancada do PSDB, Antônio Imbassahy (BA).

“Na Venezuela há conselhos populares para defender essa tática governista de Hugo Chávez. Eu não tolero que esse modelo seja importado para a realidade brasileira. Aqui nós temos diversos partidos, com fidelidade e raízes democráticas. Neste momento o Parlamento oferece uma resposta de que não tem nada a ver com a Venezuela e não está no caminho da estagnação, da ditadura e da opressão”, defendeu o líder do DEM, deputado Mendonça Filho (PE).
15/07/2014

segunda-feira, 14 de julho de 2014

O fim de Tóis


Os guerreiros de Tóis julgavam-se predestinados pelo sangue dos antepassados


POR JOAQUIM FERREIRA DOS SANTOS
O GLOBO

É pau, é pedra, é o fim do caminho da Civilização Tóis, aquela que os guerreiros do condado de Comary inventaram para dominar o planeta futebol e para todo o sempre ser invencível. Ela exigia de seus súditos o cumprimento em que a mão direita fazia o poste enquanto o antebraço esquerdo servia de travessão, formando o T da palavra mágica. “Pelos poderes de Tóis”, gritavam no meio das rodinhas antes das batalhas — e se julgavam mais motivados.

Ninguém sabia onde queria chegar aquela confraria de homens adolescentes, sempre caminhando em fila indiana, as mãos nas costas do guerreiro que seguia na frente. O mundo adulto ria, mas eles vinham de uma civilização na floresta onde o importante era ser fofo. Foi assim que se conheceram no pátio escolar, meninos com alegria nas pernas, e assim caminhariam, uma chuteira de cada cor, a barra da cueca à mostra. Diziam-se uma família.

Os guerreiros de Tóis julgavam-se predestinados pelo sangue vitorioso de seus antepassados e com poderes suficientes para viver isolados na nova civilização de orgulho que fundaram. João Gilberto sussurrou e criou a bossa nova. D. Pedro inventou um país com o “Independência ou morte”. Agora, os canarinhos tropicais fundaram Tóis, abaixo da fortaleza do Dedo de Deus. A rocha energizava seus pés, eles acreditavam, ajoelhados contritos no meio do campo.

Durante um mês, estes 23 soldados furaram o nevoeiro da serra onde se aquartelavam e, como se fossem entidades divinas surgindo em meio às brumas de Avalon, desciam à várzea para enfrentar os fariseus que ousavam desafiá-los, eles, os autoproclamados reis eternos do futebol mundial. Sentiam-se semideuses, falavam da magia do bigode grosso e da união do grupo. Eram os valores do mundo Tóis. Zero de conversa sobre futebol, pois já de tudo sabiam.

Os guerreiros de Tóis eram os mais tatuados das guerras, todos rabiscados com a miríade de possibilidades inventadas para se imprimir qualquer maluquice na pele de um ser humano. Julgavam que isso seria tática terrível para assustar outras tribos. Pintavam-se de caveiras, dragões, morcegos e hieróglifos. Um desses guerreiros, além da cabeleira em volutas como a Hidra de Lerna, escreveu no braço “Não sou dono do mundo, mas sou filho do dono” — e supunha agora carregar ali a arma mortal de um para-choque de FNM. Morreria mais adiante, atropelado por um jogador alemão.

Antes das pugnas, os meninos de Tóis faziam questão de cantar inteiro o hino de seu condado, num impressionante festival de cenhos franzidos, gargantas arreganhadas e outros exageros da espécie. Seus antepassados, vencedores em cinco torneios, nunca souberam uma frase do tal hino, complicadíssimo. A encenação do canto a capela não tinha nada a ver com o jogo, não marcava gols e deixava os guerreiros emocionalmente exauridos. De onde estavam, no entanto, podiam ouvir o locutor dizer: “Estamos todos arrepiados”. Achavam por isso que estavam com a mão na taça.

Os guerreiros de Tóis chegaram a levar para o campo de batalha a túnica de um soldado ausente, ferido num combate anterior, numa tentativa mediúnica de incorporar as forças dele aos sobreviventes. Achavam possível utilizar a túnica de pano como arma de guerra. Vertiam lágrimas sob qualquer pretexto. Chorava mãe, chorava pai, chorava todo mundo. O mais velho conversava com uma imagem de Nossa Senhora de Caravaggio.

Definitivamente, o ar rarefeito da montanha onde viviam isolados começava a lhes fazer mal. Gol, só de canela. A qualquer contato com o próximo, caíam ao chão, contorcendo-se em dores invisíveis ao mais detalhista dos raios x.

As ordens com que administravam os combates vinham de um velho pajé, gordo de tanto anunciar lasanha na TV. Sua tática era sempre a mesma: “Atacar com motivação, defender com autoajuda”. Ele agora tinha como truque principal a capacidade de se transformar em sósias e espalhar a confusão. Ninguém sabia afirmar com certeza quem era quem, mas diante de algum comentário mais lúcido costumava-se creditar as palavras ao sósia. Na Civilização Tóis todo mundo achou a multiplicação do técnico como uma versão moderna da multiplicação dos pães, o sinal metafísico de que a guerra, ao findar do sétimo passo, estaria ganha.

Os guerreiros de Tóis se achavam acima do bem, do mal e também por cima da carne-seca, o alimento da infância que agora havia sido trocado pelas marmitas mandadas trazer da Espanha, do novo restaurante do chef Ferran Adrià. Alguns pintavam o cabelo todo dia, mas nunca acertavam o corte. A guerra do futebol passou a ser apenas um detalhe, algo transmitido no telão onde avaliavam como lhes ia a beleza.

Não treinavam. Tinham a força, a espada de Grayskull, o grito de Shazan, o apito do japonês, o licor de jurubeba e o pó de pirlimpimpim. Na hora agá, resolveriam. Tóis era a reunião de todos os poderes mais aqueles que os marmanjos adolescentes tinham visto nos videogames da caserna na serra — e, dedicados a se curtirem e se compartilharem nas redes sociais, nem perceberam o bicho vindo pelo meio de campo desocupado. Foram sete dentadas na vaidade, na preguiça, na ignorância e nos pescoços onde estava tatuado “Tudo passa”.

Nada passa, tudo fica — e fez-se o apagão eterno em Comary.

Nunca mais Tóis.

14 de julho de 2014