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segunda-feira, 21 de setembro de 2015

19ª fase da Operação Lava-Jato: Escândalos teriam começado na Casa Civil do governo Lula, diz procurador do MPF





‘Mensalão, petrolão e Eletronuclear’ são conexos, afirma procurador Carlos Fernando dos Santos Lima; um dos donos da Engevix foi preso na 19ª fase da Operação Lava-Jato

Por Thaís Skodowski*, especial para O GLOBO, e Renato Onofre / Jaqueline Falcão


CURITIBA e SÃO PAULO - Após a prisão de um dos donos da empreiteira Engevix na manhã desta segunda-feira, durante a 19ª fase da Operação Lava Jato, o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, do Ministério Público Federal (MPF), disse que os escândalos de corrupção “mensalão”, do “petrolão” e da Eletronuclear são conexos e que “tudo começou na Casa Civil, durante o governo Lula”.

— Não tenho dúvida nenhuma de que todos ligados à Casa Civil do governo Lula. Não há neste momento provas concretas, mas trabalhamos com a hipóteses de que tudo foi originado dentro da Casa Civil - disse o procurador.

Lima, que entrega a força tarefa da Lava-Jato, reafirmou que as investigações agora são concentradas no esquema financeiro usado para a compra de apoio político-partidário. A tese é defendida desde agosto pelo MPF.

— Quando falamos que hoje estamos investigando esquema de compra de apoio político partidário para o governo federal através de corrupção, estamos dizendo que os casos mensalão, petrolão e Eletronuclar são todos conexos porque dentro deles está a mesma organização criminosa e no ápice estão as pessoas ligadas aos partidos políticos — concluiu Lima.

A 19ª fase da Operação Lava Jato, batizada de “Nessun dorma” — ninguém dorme, em italiano — revela a participação de um novo operador do PMDB no esquema de pagamento de propina na Eletronuclear. A PF pediu a prisão temporária de João Augusto Rezende Henriques que, na avaliação dos investigadores, pode ser um dos “maiores operadores” da Lava-Jato. Durante a operação, foi preso preventivamente o empresário José Antunes Sobrinho, sócio-diretor da Engevix.

Segundo o procurador, Sobrinho é suspeito de ter pago propina para a obtenção de contratos na Eletronuclear. O valor que teria sido pago a agentes públicos e políticos, no entanto, não foi revelado, mas pode chegar a R$ 140 milhões.

De acordo com os investigadores, Sobrinho ainda teria procurado testemunhas da Lava-Jato após a deflagração da 16ª fase da operação, batizada de “Radiotividade”. A ação reforçou o pedido de prisão contra o empresário. O empreiteiro foi preso em sua casa, em Florianópolis. O executivo da Engevix será levado ainda hoje à Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba.

O nome da 19ª fase, “Nessun Dorma”, é um "alerta" para os envolvidos em corrupção, de que as autoridades estão acordadas e trabalhando, de acordo com o delegado Igor de Paulo, que coordena o trabalho da PF na Lava-Jato:

— Não paramos de investigar.

A operação desta segunda é um "rescaldo" de fases anteriores. A investigação está "seguindo" a trilha do dinheiro desviado da Petrobras, por meio dos operadores. Ele disse que parte da informação ainda está sob sigilo porque envolve conteúdo de delação premiada.

Nesta etapa da operação serão cumpridos 11 mandados judiciais: sete de busca e apreensão, um de prisão preventiva, um de prisão temporária e dois de condução coercitiva nas cidades de Rio, São Paulo e Florianópolis.

José Antunes Sobrinho é investigado por pagamento de propina da empresa para a Eletronuclear. Sobrinho já é réu num processo por suspeitas de participação no esquema de corrupção da estatal.

A nova etapa é decorrência das 15ª, 16ª e 17ª fases da operação. Em um dos focos, informa a PF em Curitiba, tem-se a continuidade da investigação da 15ª, envolvendo empreiteiras já investigadas.

“Apura-se que pessoas tenham intermediado pagamento de vantagens indevidas a agentes públicos e políticos no exterior, em decorrência de contratos celebrados da Diretoria Internacional da Petrobras”, diz nota da PF divulgada na manhã desta segunda-feira.

Foi verificado que uma das empresas sediadas no Brasil recebeu cerca de R$ 20 milhões, entre 2007 e 2013, de empreiteiras já investigadas na operação sob a acusação de pagamento de propinas para obtenção de favorecimento em contratos com a estatal.

Em outro foco, cumprem-se mandados de busca e de prisão preventiva de executivo relacionado à 16ª fase – Operação Radioatividade e 17ª fase – Operação Pixuleco, a partir dos elementos que o apontam como tendo realizado pagamentos de vantagens indevidas a agentes públicos já investigados nessas fases.


21/09/2015


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