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domingo, 17 de abril de 2016

Governo admite derrota em votação do impeachment na Câmara; Dilma vai dizer que lutará até o fim


Antes de votação, petistas estimavam ter apenas 130 votos

Por Jorge Bastos Moreno / Júnia Gama / Simone Iglesias / Tiago Dantas
As poucas ausências no plenário frustram expectativas do governo
Ailton de Freitas / Agência O Globo


BRASÍLIA — O governo já admitiu derrota na votação da Câmara que define a autorização para a abertura do processo de Impeachment realizada neste domingo. Segundo fontes do Palácio, as chances de mudar o resultado "são zero". Às 20h28m, o placar mostrava 213 votos a favor do impeachment. São necessários 342 para a aprovação. A informação foi antecipada pelo colunista Jorge Bastos Moreno em seu blog. A presidente Dilma deverá fazer um pronunciamento à imprensa, não em rede, condenando a decisão e advertindo que vai lutar até os últimos momentos pela preservação de seu mandato no julgamento do Senado. (TEMPO REAL: acompanhe a discussão e a votação do impeachment na Câmara).



Líderes do governo se desentenderam sobre chances de evitar o impeachment da presidente. Quando a oposição tinha 206 votos a favor do impeachment, o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) admitiu que a oposição iria ganhar devido ao efeito manada. Ao saber da declaração, o deputado Silvio Costa (PTdoB-PE) afirmou que ainda está no jogo e que Orlando errara na conta.

- Esse resultado sinaliza que oposição vencerá. Deputados do PP, PR e PMDB não cumpriram sua palavra e votaram contra (o governo). Dificilmente haverá uma reversão - disse Orlando, quando o governo tinha 53 votos e 3 abstenções de um total de 262 deputados.

Orlando diz que fez uma projeção com base nos votos que ele esperava ter contra o impeachment e que mudaram de lado a partir do Paraná. No estado, segundo suas contas, pelo menos 5 parlamentares trocaram de lado, provocando um "efeito manada" que atraiu o voto de deputados que não querem estar do lado derrotado:

- Em vez de analisar o mérito, quer estar bem do lado vencedor e não pensa nas consequências desse ato. Infelizmente esse é o parlamento brasileiro, presidido por alguém como Eduardo Cunha.

Segundo Orlando, Temer prometeu "mundos e fundos" para ter votos a favor do impedimento. O comunista afirmou, ainda, que o governo deve acolher o resultado "com humildade" e se preparar para o julgamento no Senado:

- Aqui foi uma análise meramente política. O Senado vai fazer o julgamento do mérito. E acredito que no Senado dá pra reverter.

Ao saber das declarações de Orlando Silva, Silvio Costa saiu correndo do plenário para desmenti-lo:

- Orlando, você está louco? Admitir derrota? A gente ainda está no jogo - gritou na direção do colega.

- Calma, Silvio. Vamos ganhar - respondeu Orlando.

Para as câmeras de TV, ainda exaltado, Costa afirmou:

- Não perdemos nada. Se ele admitiu a derrota, o deputado Orlando Silva não sabe fazer conta.


GOVERNO PROJETOU 130 VOTOS

Antes da votação, integrantes do governo contabilizavam apenas 130 votos contrários à abertura do processo na Câmara. Com a baixa contagem de votos pró-governo, na reta final, a principal aposta do Palácio do Planalto passou a ser as abstenções e ausências de deputados, mas apenas dois deputados não registraram presença na votação e só houve três abstenções até 20h28m. Para o governo, o ideal era que esse número fosse mais significativo.

— A situação está muito difícil. O efeito manada está acontecendo e estamos perdendo votos. Nossa última conta já estava em 130. Agora é trabalhar pelas abstenções e faltas — afirmou um governista que articula o placar do impeachment no início da votação.

Com isto, o clima no Palácio do Planalto passou a ser de pessimismo. A lista de apoios tem reduzido sensivelmente desde a manhã deste domingo. O governo, que chegou a contabilizar sábado cerca de 180 votos, hoje, amanheceu com 140 e nas últimas horas não conseguia superar a marca de 130 deputados. Ainda tentando reverter votos, o sentimento é de que não há mais como convencer e o que oferecer aos parlamentares.

— É uma votação grotesca — disse um auxiliar presidencial.

Prevendo o pior cenário, o governo projeta o andamento do processo no Senado.

— No Senado, o processo se dará dentro de bases jurídicas, não como essa votação arbitrária da Câmara — avaliou um interlocutor do governo.

17/04/2016


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