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domingo, 28 de agosto de 2016

Reunidos para traçar estratégia, líderes da base pedem calma a aliados


Dizem, no entanto, que se a presidente afastada extrapolar, resposta será dada no mesmo tom


Por Maria Lima
O Globo
Reunião dos partidos da base aliada para discutir estratégia para depoimento da presidenta afastada Dilma Rousseff, nesta segunda-feira, no Senado Federal
Ailton de Freitas / Agência O Globo

BRASÍLIA — Reunidos na liderança do PSDB no Senado, líderes e senadores da base aliada ao governo de Michel Temer estão discutindo estratégias para a inquirição da presidente afastada Dilma Rousseff nesta segunda-feira, na penúltima sessão de julgamento do impeachment. A ordem é “tomar maracujina” e não cair em nenhuma provocação que deixe a ré em situação de vitima. Até os mais exaltados, como o líder do Democratas na Casa, Ronaldo Caiado (G), segundo o presidente José Agripino (RN), já está “controlado” e ciente de que não vale a pena cair em provocação. O tom será dado pela depoente, dizem os líderes, mas se ela extrapolar, a reação será no mesmo tom.


— Dilma vai jogar com emoção para tentar conquistar algum voto, mas esse jogo está jogado e só resta a ela a vitimologia, argumentos não existem. A ordem é distribuir maracujina para todo mundo e evitar criação de fatos novos, não mudar o curso já determinado sem cair em provocação. Caiado está sob controle. O episódio de ontem fez com que acordasse que estávamos sendo vítimas de armadilhas e alguns dos nossos estavam caindo. Ele está suficientemente advertido — disse Agripino.

— Vamos fazer perguntas técnicas, mas quem vai dar o tom do interrogatório é a presidente afastada — prometeu Caiado.

O senador Waldemir Moka (PMDB-MS) também promete se segurar, para não cair em provocações.

— Eu também tenho o pavio curto. Mas já falei com o Caiado, vamos ter que ter paciência porque eles vêm aqui amanhã (segunda-feira) para fazer um show — disse Moka.

O fato de o ministro Ricardo Lewandowski ter garantido a Dilma o direito de responder as inquirições sem prazo definido, sem réplica para os senadores, preocupa, mas os líderes acham que não tem mais como mudar esse rito.

— Contamos com o bom senso do ministro Lewandowski para que não permita, a cada pergunta, um novo discurso. Quem deve ter menos interesse em radicalizar é a presidente Dilma. Estamos preparados para o questionamento com absoluto respeito. Ela dará o tom. Esperamos seja a altura do momento difícil porque passa o Brasil. Não é um momento de festa. É um processo que deixará traumas. Acho adequado que ela venha e cabe a nós, como juízes, interrogá-la com absoluto respeito. Que ela responda adequadamente. Se houver exagero, será respondido na mesma forma. Será uma sessão histórica. O afastamento, se ocorrer, significa que Dilma perderá seus direitos políticos — disse o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG)

Sobre a suposta presença do ex-presidente Lula e do cantor Chico Buarque nas galerias, os líderes da base dizem que a presença de seus convidados também será muito “significativa”. Uma das ideias é trazer líderes dos movimentos de rua, que ficarão lado a lado com ex-ministros na galeria, separados apenas por jornalistas.

— Se Lula ou Chico vierem, é um direito deles e não nos preocupa. Vai ser muito significativa presença nossos convidados — disse Aécio.

— Já que que decidiram que vai ser uma sessão transparente, com todos os direitos garantidos a ré, que seja o mais transparente possível — disse o senador Moka.

Na tribuna de honra dentro do plenário, será permitida a presença de apenas cinco convidados de cada lado. Lula não poderá ficar dentro do plenário, informou a segurança da casa. Ao contrário do que acontece na Câmara dos Deputados, onde podem entrar ex-parlamentares — sejam ex-deputados como ex-senadores —, no Senado, só é permitida nessas seções a entrada de ex-senadores, o que não é o caso de Lula, que é ex-deputado, e de outros ministros, como Aldo Rebelo.

Entre os convidados, é esperada a presença de líderes dos principais movimentos de rua, como o ‘Vem pra rua’ e do Movimento Brasil Livre (MBL).

Temer recebe aliados no Jaburu

O presidente interino Michel Temer está no Palácio do Jaburu recebendo aliados e senadores de forma informal para monitorar os votos. As últimas articulações são para garantir dois votos no PDT: Telmário Mota (PDT- RR) e Acy Gurgacz (PDT-RO).

Ao GLOBO, Telmário admitiu que está reavaliando seu voto contra o impeachment por se considerar traído pelo PT nas coligações municipais em Roraima. Já Gurgacz é uma articulação direta de Michel Temer.

— Não há uma reunião formal no Jaburu porque pode ter uma conotação ruim. Mas Michel está recebendo aliados e senadores ao longo do dia — disse um dos ministros palacianos, confirmando as articulações com os pedetistas.

 

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