Lula elegeu Dilma em 2010. Cesar Maia elegeu Luiz Paulo Conde em 1996.
Paulo Maluf fez Celso Pitta prefeito de São Paulo na mesma eleição.
Eduardo Paes também achou que poderia eleger um poste como seu sucessor.
O poste Pedro Paulo não ficou de pé e caiu sobre sua cabeça.
Foi a derrota da arrogância. Há exatamente um ano, em outubro de 2015,
foi publicada a notícia de que Pedro Paulo era acusado de bater em sua
ex-mulher. Era óbvio que deveria ser enterrada ali a então
pré-candidatura do preferido de Paes.
Contra tudo e contra todos, Paes bancou um candidato que sangrava em
praça pública. Paes confiava no seu taco, nas dezenas de obras
transformadoras que entregaria para a Olimpíada (e que, de fato,
entregou). Mas avaliou mal o seu escolhido. O maior problema de Pedro
Paulo, de acordo com pesquisas feitas pelo próprio PMDB, continuou sendo
até o final a encrenca conjugal em que se meteu. Mesmo depois de
arquivado o processo pelo STF, a pecha de espancador pairava sobre sua
cabeça.
Mas não era o único fator que lhe tirava votos. Pedro Paulo mostrou-se
um candidato frágil. Saiu-se muito mal nos debates. Parecia um menino
acuado diante dos adversários. Nos programas eleitorais na TV não
transmitia credibilidade, não exibia estatura para o desafio. Tinha o
maior tempo na televisão. Captou os maiores recursos financeiros.
Contratou o marqueteiro mais experiente. Mas nada disso adiantou. Em
suma, não convenceu.
Assim, os eleitores que naturalmente fluiriam para um candidato apoiado
por um prefeito bem avaliado — e com uma máquina política poderosa na
cidade — se dividiram. Na semana passada, o Ibope constatou que 25% dos
cariocas consideram boa ou ótima a administração de Paes, 41% a avaliam
como regular e 35% aprovam o seu modo de governar.
O prefeito foi incapaz de transferir esse prestígio para o seu
candidato. Da mesma forma que Pedro Paulo não teve condições de pegar
carona nestes percentuais. Marcelo Crivella, então, lhe roubou um bom
naco dos eleitores mais pobres. Carlos Osório e Indio da Costa puxaram
para suas urnas os votos de parte substantiva da classe média que aprova
a gestão de Eduardo Paes.
Pedro Paulo largou com 3% nas pesquisas no início do ano e subiu aos
trancos e barrancos até os 16% de ontem. Do outro lado da ponte-aérea,
Geraldo Alckmin também tirou da cartola um candidato que largou com 3%
de intenção de votos. João Dória tinha também contra si as figuras mais
importantes do próprio partido, mas venceu a partida no primeiro tempo.
Paes, ao contrário de Alckmin, inventou um candidato que não deu certo.
Lauro Jardim é jornalista
03.02.2016
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