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quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Citado em delação da Odebrecht, assessor de Temer pede demissão


Advogado José Yunes entregou carta de demissão ao presidente, em que diz que tomou a decisão para "preservar" sua dignidade

Por Da Redação Veja
O advogado José Yunes
(Bruno Poletti/Folhapress)



Citado na delação premiada do ex-executivo da Odebrecht Cláudio Melo Filho, o advogado José Yunes, amigo de longa data do presidente Michel Temer e assessor especial da presidência da República, pediu demissão do cargo nesta quarta-feira. Em carta destinada a Temer, Yunes disse que a decisão foi tomada para “preservar” sua dignidade.


“Nos últimos dias, Senhor Presidente, vi meu nome jogado no lamaçal de uma abjeta delação, feita por uma pessoa que não conheço com quem nunca travei o mínio relacionamento e cuja existência passei a tomar conhecimento, nos meios de comunicação, baseada em sua fantasiosa alegação, pela qual teria eu recebido parcela de recursos financeiros em espécie de uma doação destinada ao PMDB”, escreveu José Yunes.

“Como advogado e pai de família, que zela pelo dever de agir como cidadão sob os valores da honra e do zelo pela expressão da verdade, em respeito à minha família, aos amigos e aos concidadãos, não posso ver meu nome enxovalhado por irresponsáveis denúncias de figurantes com quem nunca tive qualquer contato direto ou por terceiros”, diz o agora ex-assessor de Temer.

Segundo Cláudio Melo Filho, Michel Temer pediu 10 milhões de reais em repasses ao PMDB ao ex-presidente da Odebrecht Marcelo Odebrecht. Feito em um jantar em maio de 2014 no Palácio do Jaburu, o pedido do então vice-presidente da República e presidente do PMDB teria sido atendido pelo empreiteiro, que destinou o dinheiro a aliados de Temer.

Melo Filho contou aos procuradores da Lava Jato que 6 milhões de reais foram destinados à campanha de Paulo Skaf ao governo de São Paulo e os outros 4 milhões foram divididos entre três pessoas. Parte do dinheiro, não especificada pelo delator, teria sido entregue em espécie a José Yunes em seu escritório em São Paulo, outra parte ao atual ministro da Casa Civil do governo Temer, Eliseu Padilha, e um milhão de reais teria sido destinado ao ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha.
Amigos há 50 anos

Michel Temer e José Yunes se conheceram na Faculdade de Direito da USP, na década de 1960. O advogado chegou a ter uma carreira política e foi deputado estadual. Nos anos 1980, derrotado na eleição para a Constituinte, abandonou a política – mas não Temer.

Yunes abriu uma construtora e aumentou sua fortuna. A empreiteira está em nome dos filhos e tem 15 bilhões de reais em investimentos – Temer é dono de um escritório em um prédio erguido pela empresa.

Nos últimos dois meses, o advogado articulou desde encontros públicos de Temer, como o que teve com o prefeito eleito João Doria (PSDB), até outros mais discretos, fora da agenda oficial – como um, há dois meses, com empresários do setor de comunicação que queriam se reaproximar do presidente.

Em sua carta de demissão, José Yunes escreveu ao presidente: “tenha em mim o leal amigo que o acompanha há décadas e que o admira por suas incomparáveis qualidades”.
Moreira Franco

Outro que pode deixar o governo por causa das revelações do ex-diretor da Odebrecht Cláudio Melo Filho é o secretário-executivo do Programa de Parcerias de Investimentos, Moreira Franco. Segundo a agência Reuters, ele está com a carta de demissão pronta, mas ainda não a apresentou ao presidente Michel Temer.

De acordo com as fontes da agência, a carta é uma formalidade para ser usada caso o presidente acredite que a presença no governo de Moreira Franco, citado na delação de ex-executivo da Odebrecht, passe a constranger o governo.

Neste momento, no entanto, a avaliação no Palácio do Planalto é que não há razões para a saída de Moreira ou do ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha.
  14 dez 2016

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