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quinta-feira, 13 de abril de 2017

Charge



 #Sponholz



Odebrecht cita R$ 451 mi para políticos investigados

 Resultado de imagem para Lista de Fachin



Valor corresponde a pagamentos mencionados por executivos e ex-executivos da empreiteira a investigados; maior parte foi por obras e contratos com o governo federal


Daniel Bramatti e Marcelo Godoy

O Estado de S.Paulo
Os crimes que serão investigados nos 76 inquéritos da lista do ministro Edson Fachin envolvem pagamentos a políticos que chegam a R$ 451,049 milhões. Desse total, os delatores da Odebrecht dizem ter repassado R$ 224,6 milhões por obras e contratos nos governos federal, estaduais e municipais e R$ 170 milhões por medidas provisórias, emendas parlamentares e resoluções legislativas que atendiam aos interesses da empreiteira.

O inquérito que envolve as maiores propinas que a empreiteira afirma ter pago é o da compras das medidas provisórias 470/2009 e 613/2013. A primeira, segundo a acusação da Procuradoria-Geral da República, motivou o pagamento de R$ 50 milhões para a campanha presidencial de Dilma Rousseff, em 2010, e em razão da segunda a empreiteira relatou ter desembolsado R$ 100 milhões para a campanha de reeleição da presidente, em 2014.

A Odebrecht contabilizou ainda o pagamento de R$ 7 milhões no Congresso para a aprovação das MPs. Ao todo, segundo a empreiteira, R$ 4 milhões foram distribuídos aos senadores Romero Jucá (PMDB-RR) e Renan Calheiros (PMDB-AL), mais R$ 2 milhões ao senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) e aos deputados Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA) e Rodrigo Maia (DEM-RJ). Ambas as MPs favoreciam a Braskem, uma das empresas do grupo Odebrecht. A 470 alterava a forma de cobrança do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e a 613 concedia incentivos tributários a empresas químicas.

Custo. Em seu depoimento, o empresário Marcelo Odebrecht disse que não era incomum na edição de MPs o governo deixar “pontas soltas”. “Às vezes, até a Receita colocava de propósito. E a gente tinha de ajustar via relator no Congresso. Isso aumentava o famoso custo Congresso.”



Para aprovar uma resolução no Senado que favoreceria a Braskem, por exemplo, os delatores da Odebrecht afirmaram à Procuradoria da República que pagaram R$ 4 milhões a Jucá e R$ 500 mil a Delcídio Amaral, então senador pelo PT.

Em outro caso, o deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP) recebeu, segundo os delatores, R$ 661,5 mil para apresentar emendas em quatro MPs do interesse do grupo. Por fim, Renan e Jucá teriam recebido R$ 5 milhões pela MP 627/2013, que beneficiava subsidiárias da Odebrecht no exterior.

O segundo maior desembolso relatado pela Odebrecht envolve a obra da usina Santo Antônio, em Rondônia. A empresa diz que foram distribuídos R$ 50 milhões para os deputados Arlindo Chinaglia (PT-SP), Sandro Mabel (PP-GO) e Eduardo Cunha (PMDB-RJ), além de Jucá.

O terceiro maior caso investigado é o de pagamentos relacionados a obras viárias do governo de São Paulo, envolvendo o senador José Serra (PSDB-SP) e o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, cujos pagamentos somados chegam a R$ 36,2 milhões.

Do total de recursos citados nos inquéritos nem tudo saiu dos cofres da Odebrecht. Alguns pagamentos foram feitos em parceria com outras empreiteiras, quando havia interesse em comum em jogo.

Defesas. Os políticos citados nos 76 inquéritos negam irregularidades. Presidente do Senado, Eunício Oliveira afirmou que a Justiça “tem maturidade e firmeza para apurar e distinguir a verdade das mentiras”. Por meio de nota, Renan e Aloysio afirmaram que vão esperar o teor das investigações para se manifestar. Jucá disse que em suas campanhas eleitorais atuou “dentro da legislação”.

Serra afirmou que, com a quebra dos sigilos das delações, será possível demonstrar a correção de sua conduta. Kassab e Maia disseram confiar na Justiça e que depoimentos de colaboradores não são provas. O deputado Carlos Zarattini criticou a “divulgação espetaculosa e midiática” e disse que “inquérito não significa julgamento”.

Os deputados Lúcio Vieira Lima e Arlindo Chinaglia, o ex-parlamentar e atual assessor da Presidência, Sandro Mabel, e o advogado de Cunha, Ticiano Figueiredo, não foram localizados. Dilma não se pronunciou.
COLABOROU JULIANNA GRANJEIA
13 Abril 2017



quarta-feira, 12 de abril de 2017

Lula sai massacrado da delação da Odebrecht



Lula
(Foto: Eraldo Peres / AP)

Lula intermediou negócio da Odebrecht com empresa do seu sobrinho Taiguara Rodrigues, no âmbito de contratos em Angola, com financiamento do BNDES


Ricardo Noblat

Rol das acusações que pesam sobre Lula depois da suspensão do sigilo em torno das delações dos executivos da Odebrecht:

* Lula se comprometeu a melhorar o relacionamento entre a empresa e a ex-presidente Dilma em troca de apoio aos negócios de Luís Cláudio Lula da Silva, seu filho caçula;

* A pedido de Lula, a Odebrecht pagou mesada em dinheiro vivo ao seu irmão José Ferreira da Silva, o “Frei Chico”. Foi ele o responsável pela entrada de Lula na vida política;

* Lula intermediou negócio da Odebrecht com empresa do seu sobrinho Taiguara Rodrigues, no âmbito de contratos em Angola, com financiamento do BNDES. Segundo Marcelo Odebrecht, Taigara criou a empresa sem ter experiência na área de construção e somente para fazer uso da influência de Lula;

* A Odebrecht pagou despesas de Lula com a reforma do sítio de Atibaia, no interior de São Paulo, aquisição de imóveis para seu uso pessoal, instalação do Instituto Lula e palestras;

* Lula e o governador de Minas Gerais Fernando Pimentel (PT) atuaram politicamente para tornar possível a contratação da Odebrecht que construiu obras no Porto de Mariel, em Cuba. O empreendimento foi orçado em US$ 957 milhões – dos quais US$ 682 milhões saíram do BNDES;

* Lula pediu e obteve da Odebrecht dinheiro de Caixa 2 para a campanha de Fernando Haddad (PT) à prefeitura de São Paulo em 2012. O dinheiro pagou o trabalho do marqueteiro João Santana.
12/04/2017


terça-feira, 11 de abril de 2017

EXCLUSIVO: Ministro do STF manda investigar 9 ministros e 3 governadores


EXCLUSIVO:
A lista de Fachin

Estadão teve acesso aos 83 pedidos de inquérito autorizados pelo relator da Lava Jato; 29 senadores e 42 deputados também estão na lista

Ministro relator da Lava Jato, no Supremo Tribunal Federal, coloca o alto escalão político do País sob investigação


Breno Pires, de Brasília

 Estadão
Edson Fachin.
Foto: Nelson Jr/SCO/STF

O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a abertura de inquérito contra nove ministros do governo Temer, 29 senadores e 42 deputados federais, entre eles os presidentes das duas Casas –como mostram as 83 decisões do magistrado do STF, obtidas com exclusividade pelo Estado. O grupo faz parte do total de 108 alvos dos 83 inquéritos que a Procuradoria-Geral da República (PGR) encaminhou ao Supremo Tribunal Federal (STF) com base nas delações dos 78 executivos e ex-executivos do Grupo Odebrecht, todos com foro privilegiado no STF. Os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff não aparecem nesse conjunto porque não possuem mais foro especial.

O Estado teve acesso a despachos do ministro Fachin, assinados eletronicamente no dia 4 de abril.
Também serão investigados no Supremo um ministro do Tribunal de Contas da União, três governadores e 24 outros políticos e autoridades que, apesar de não terem foro no tribunal, estão relacionadas aos fatos narrados pelos colaboradores.

Os senadores Aécio Neves (MG), presidente do PSDB, e Romero Jucá (RR), presidente do PMDB, são os políticos com o maior número de inquéritos a serem abertos: 5, cada. O senador Renan Calheiros (PMDB-AL), ex-presidente do Senado, vem em seguida, com 4.

O governo do presidente Michel Temer é fortemente atingido. A PGR pediu investigações contra os ministros Eliseu Padilha (PMDB), da Casa Civil, , Moreira Franco (PMDB), da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Kassab (PSD), da Ciência e Tecnologia, Helder Barbalho (PMDB), da Integração Nacional, Aloysio Nunes (PSDB), das Relações Exteriores, Blairo Maggi (PP), da Agricultura, Bruno Araújo (PSDB), das Cidades, Roberto Freire (PPS), da Cultura, e Marcos Pereira (PRB), da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. Padilha e Kassab responderão em duas investigações, cada.

As investigações que tramitarão especificamente no Supremo com a autorização do ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato na Corte, foram baseadas nos depoimentos de 40 dos 78 delatores.

Os relatos de Marcelo Odebrecht, ex-presidente e herdeiro do grupo, são utilizados em 7 inquéritos no Supremo. Entre os executivos e ex-executivos, o que mais forneceu subsídios para os pedidos da PGR foi Benedicto Júnior, (ex-diretor de Infraestrutura) que deu informações incluídas em 34 inquéritos. Alexandrino Alencar (ex-diretor de Relações Institucionais) forneceu subsídios a 12 investigações, e Cláudio Melo Filho (ex-diretor de Relações Institucionais) e José de Carvalho Filho (ex-diretor de Relações Institucionais), a 11.

Os crimes mais frequentes descritos pelos delatores são de corrupção passiva, corrupção ativa, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, e há também descrições a formação de cartel e fraude a licitações.

Imunidade. O presidente da República, Michel Temer (PMDB), é citado nos pedidos de abertura de dois inquéritos, mas a PGR não o inclui entre os investigados devido à “imunidade temporária” que detêm como presidente da República. O presidente não pode ser investigado por crimes que não decorreram do exercício do mandato.

Lista. Os pedidos do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, foram enviados no dia 14 de março ao Supremo. Ao todo, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, encaminhou ao STF 320 pedidos – além dos 83 pedidos de abertura de inquérito, foram 211 de declínios de competência para outras instâncias da Justiça, nos casos que envolvem pessoas sem prerrogativa de foro, sete pedidos de arquivamento e 19 de outras providências. Janot também pediu a retirada de sigilo de parte dos conteúdos.

Entre a chegada ao Supremo e a remessa ao gabinete do ministro Edson Fachin, transcorreu uma semana. O ministro já deu declarações de que as decisões serão divulgadas ainda em abril. Ao encaminhar os pedidos ao STF, Janot sugeriu a Fachin o levantamento dos sigilos dos depoimentos e inquéritos.

A LISTA DOS ALVOS

Senador da República Romero Jucá Filho (PMDB-RR)

Senador Aécio Neves da Cunha (PSDB-MG)

Senador da República Renan Calheiros (PMDB-AL)

Ministro da Casa Civil Eliseu Lemos Padilha (PMDB-RS)

Ministro da Ciência e Tecnologia Gilberto Kassab (PSD)

Senador da República Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE)

Deputado Federal Paulinho da Força (SD-SP)

Deputado Federal Marco Maia (PT-RS)

Deputado Federal Carlos Zarattini (PT-SP)

Deputado Federal Rodrigo Maia (DEM-RM), presidente da Câmara

Deputado federal João Carlos Bacelar (PR-BA)

Deputado federal Milton Monti (PR-SP)

Governador do Estado de Alagoas Renan Filho (PMDB)

Ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República Wellington Moreira Franco (PMDB)

Ministro da Cultura Roberto Freire (PPS)

Ministro das Cidades Bruno Cavalcanti de Araújo (PSDB-PE)

Ministro das Relações Exteriores Aloysio Nunes Ferreira (PSDB)

Ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços Marcos Antônio Pereira (PRB)

Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Blairo Borges Maggi (PP)

Ministro de Estado da Integração Nacional, Helder Barbalho (PMDB)

Senador da República Paulo Rocha (PT-PA)

Senador Humberto Sérgio Costa Lima (PT-PE)

Senador da República Edison Lobão (PMDB-PA)

Senador da República Cássio Cunha Lima (PSDB-PB)

Senador da República Jorge Viana (PT-AC)

Senadora da República Lidice da Mata (PSB-BA)

Senador da República José Agripino Maia (DEM-RN)

Senadora da República Marta Suplicy (PMDB-SP)

Senador da República Ciro Nogueira (PP-PI)

Senador da República Dalírio José Beber (PSDB-SC)

Senador da República Ivo Cassol

Senador Lindbergh Farias (PT-RJ)

Senadora da República Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM)

Senadora da República Kátia Regina de Abreu (PMDB-TO)

Senador da República Fernando Afonso Collor de Mello (PTC-AL)

Senador da República José Serra (PSDB-SP)

Senador da República Eduardo Braga (PMDB-AM)

Senador Omar Aziz (PSD-AM)

Senador da República Valdir Raupp

Senador Eunício Oliveira (PMDB-CE)

Senador da República Eduardo Amorim (PSDB-SE)

Senadora Maria do Carmo Alves (DEM-SE)

Senador da República Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN)

Senador da República Ricardo Ferraço (PSDB-ES)

Deputado Federal José Carlos Aleluia (DEM-BA)

Deputado Federal Daniel Almeida (PCdoB-BA)

Deputado Federal Mário Negromonte Jr. (PP-BA)

Deputado Federal Nelson Pellegrino (PT-BA)

Deputado Federal Jutahy Júnior (PSDB-BA)

Deputada Federal Maria do Rosário (PT-RS)

Deputado Federal Felipe Maia (DEM-RN)

Deputado Federal Ônix Lorenzoni (DEM-RS)

Deputado Federal Jarbas de Andrade Vasconcelos (PMDB-PE)

Deputado Federal Vicente “Vicentinho” Paulo da Silva (PT-SP)

Deputado Federal Arthur Oliveira Maia (PPS-BA)

Deputada Federal Yeda Crusius (PSDB-RS)

Deputado Federal Paulo Henrique Lustosa (PP-CE)

Deputado Federal José Reinaldo (PSB-MA), por fatos de quando era governador do Maranhão

Deputado Federal João Paulo Papa (PSDB-SP)

Deputado Federal Vander Loubet (PT-MS)

Deputado Federal Rodrigo Garcia (DEM-SP)

Deputado Federal Cacá Leão (PP-BA)

Deputado Federal Celso Russomano (PRB-SP)

Deputado Federal Dimas Fabiano Toledo (PP-MG)

Deputado Federal Pedro Paulo (PMDB-RJ)

Deputado federal Lúcio Vieira Lima (PDMB-BA)

Deputado Federal Paes Landim (PTB-PI)

Deputado Federal Daniel Vilela (PMDB-GO)

Deputado Federal Alfredo Nascimento (PR-AM)

Deputado Federal Zeca Dirceu (PT-SP)

Deputado Federal Betinho Gomes (PSDB-PE)

Deputado Federal Zeca do PT (PT-MS)

Deputado Federal Vicente Cândido (PT-SP)

Deputado Federal Júlio Lopes (PP-RJ)

Deputado Federal Fábio Faria (PSD-RN)

Deputado Federal Heráclito Fortes (PSB-PI)

Deputado Federal Beto Mansur (PRB-SP)

Deputado Federal Antônio Brito (PSD-BA)

Deputado Federal Décio Lima (PT-SC)

Deputado Federal Arlindo Chinaglia (PT-SP)

Ministro do Tribunal de Contas da União Vital do Rêgo Filho

Governador do Estado do Rio Grande do Norte Robinson Faria (PSD)

Governador do Estado do Acre Tião Viana (PT)

Prefeita Municipal de Mossoró/RN Rosalba Ciarlini (PP), ex-governadora do Estado

Valdemar da Costa Neto (PR)

Luís Alberto Maguito Vilela, ex-Senador da República e Prefeito Municipal de Aparecida de Goiânia entre os anos de 2012 e 2014

Edvaldo Pereira de Brito, então candidato ao cargo de senador pela Bahia nas eleições 2010

Oswaldo Borges da Costa, ex-presidente da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais/Codemig

Senador Antônio Anastasia (PSDB-MG)

Cândido Vaccarezza (ex-deputado federal PT)

Guido Mantega (ex-ministro)

César Maia (DEM), vereador e ex-prefeito do Rio de Janeiro e ex-deputado federal

Paulo Bernardo da Silva, então ministro de Estado

Eduardo Paes (PMDB), ex-prefeito do Rio de Janeiro

José Dirceu

Deputada Estadual em Santa Catarina Ana Paula Lima (PT-SC)

Márcio Toledo, arrecadador das campanhas da senadora Suplicy

Napoleão Bernardes, Prefeito Municipal de Blumenau/SC

João Carlos Gonçalves Ribeiro, que então era secretário de Planejamento do Estado de Rondônia

advogado Ulisses César Martins de Sousa, à época Procurador-Geral do Estado do Maranhão

Rodrigo de Holanda Menezes Jucá, então candidato a vice-governador de Roraima, filho de Romer Jucá

Paulo Vasconcelos, marqueteiro de Aécio

Eron Bezerra, marido da senadra Grazziotin

Moisés Pinto Gomes, marido da senadora Kátia Abreu, em nome de quem teria recebido os recursos – a38

Humberto Kasper

Marco Arildo Prates da Cunha

Vado da Famárcia, ex-prefeito do Cabo de Santo Agostinho

José Feliciano


COM A PALAVRA, O SENADOR ROMERO JUCÁ

“Sempre estive e sempre estarei à disposição da Justiça para prestar qualquer informação. Nas minhas campanhas eleitorais sempre atuei dentro da legislação e tive todas as minhas contas aprovadas”

COM A PALAVRA, A SENADORA VANESSA GRAZZIOTIN

“A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) esclarece que as doações feitas para suas campanhas foram oficiais, declaradas e posteriormente aprovadas pela Justiça Eleitoral”, segundo nota encaminhada pela assessoria de imprensa da senadora.

COM A PALAVRA, O MINISTRO DO TCU VITAL DO RÊGO

Por meio de sua Assessoria de Imprensa, o ministro do TCU afirmou.

“O ministro TCU Vital do Rêgo e sua defesa não tiveram acesso ao conteúdo do pedido de abertura de inquérito mencionado pela imprensa. O ministro está à disposição das autoridades e confia que será comprovada a falta de relação entre ele e os fatos investigados.”


11 Abril 2017



Cabral roubou em todas as áreas do estado, diz procurador


Operação da PF identificou esquema criminoso em licitações da Secretaria da Saúde

Por O Globo


Carros da Polícia Federal levam Miguel Iskin, um dos presos na operação desta terça-feira 
Pedro Teixeira / Agência O Globo

RIO — O procurador da República Eduardo El Hage defendeu que as autoridades vão provar até o fim do ano que o ex-governador do Rio Sérgio Cabral "roubou em todas as áreas" do governo. Segundo ele, o esquema desmontado nesta terça-feira com a operação "Fatura Exposta" é "apenas uma perna" do "crime que se alastrou" pelo estado. Só nestas fraudes, segundo a PF, o político recebeu ao menos R$ 16,4 milhões.

A versão da Lava-Jato no Rio chegou à área da saúde pública e prendeu nesta manhã o ex-secretário Sérgio Côrtes. A ação, que revelou um dos mais profundos e duradouros golpes no setor, também levou à prisão os empresários Miguel Iskin, presidente da Oscar Iskin, e seu sócio Gustavo Estellita Cavalcanti Pessoa. A investigação se valeu da delação premiada do advogado Cesar Romero Vianna e de registros da contabilidade de propinas do operador financeiro Luiz Carlos Bezerra.

A investigação, ainda em curso, focou em fraudes de licitações de próteses e aparelhos médicos. Mesmo sem a identificação completa de partícipes e empresas envolvidas no esquema, a força-tarefa decidiu deflagrar a operação porque há contratos vigentes no estado indicativos de uma corrupção "mais do que nunca" atuante no Rio.

— O que nós sustentamos, e há quase flagrante delito, é que equipes da Oscar Iskin e da Levfort continuam em contratos com o governo, com OSS do governo e com o governo federal. Mais do que nunca, a corrupção ocorre agora. Vamos chegar aos agentes públicos envolvidos, mas isso é continuidade da investigação — explicou o procurador Rodrigo Timóteo.

O esquema, segundo os procuradores, envolvia companhias multinacionais, cujas representações no Brasil foram intimadas a prestar esclarecimentos. Os agentes suspeitam que empresas tenham formado um cartel e se revezado a ganhar licitações da Secretaria Estadual de Saúde. O esquema serviu não só para licitações do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), mas também para aparelhar unidades médicas Brasil afora por meio do Projeto Suporte. A força-tarefa vai acionar órgãos internacionais.

Em entrevista coletiva, os investigadores ressaltaram que a organização criminosa atua desde 2002, de forma mais incisiva a partir de 2007, quando Sérgio Cabral ascendeu ao governo do estado. No poder, Cabral "adotou procedimentos de direcionar licitações para o grupo de Iskin e Estellita" em troca de propina.

No esquema, Sérgio Cabral recebia 5%; Sérgio Côrtes, 2%; e Cesar Romero Vianna, 1%. Havia ainda 1% destinado a alimentar o esquema, segundo os procuradores, revertido a funcionários subornados na secretaria, e 1% voltado a alguém do Tribunal de Contas do Estado — cujos nome e função o delator não soube identificar.




O ex-secretário de Saúde do Rio Sérgio Côrtes foi preso na manhã desta terça-feira, alvo da Operação Fatura Exposta.
Foto: Pablo Jacob / O Globo



A prisão de Côrtes atraiu curiosos e, inclusive, moradores do prédio. Uma vizinha que não quis se identificar disse ter pedido aos porteiros para que, 'quando esse dia chegasse', avisassem a ela "a hora que fosse'
Foto: Pablo Jacob / O Globo




A Polícia Federal (PF) chegou na residência do antigo secretário, na Lagoa Rodrigo de Freitas, por volta de 6h.
Foto: Pablo Jacob / O Globo




Apesar de os policiais federais terem chegado cedo ao prédio do ex-secretário, só deixaram o edifício com Côrtes às 9h21.
Foto: Pablo Jacob / O Globo




À frente dos policiais — e usando os mesmos trajes —, Côrtes é segurado pelo braço por um PF, enquanto carrega uma bolsa vermelha
Foto: Gabriel de Paiva / O Globo



Em outros tempos, Sérgio Côrtes era acompanhado por Sérgio Cabral, ex-governador do Rio (e também preso), no governo do qual chefiou a secretaria de Saúde entre 2007 e 2013.
Foto: Michel Filho / Agência O Globo



Ao contrário da época em que andava acompanhado por Cabral e pelo atual governador do Rio Luiz Fernando Pezão, atualmente Côrtes já não exercia mais nenhum cargo público.
Foto: Michel Filho / Agência O Globo




Na mesma operação desta terça-feira, a Fatura Exposta, também foi preso o empresário Gustavo Estellita Cavalcanti Pessoa.
Foto: Pablo Jacob / O Globo


Gustavo Estellita, sócio de Miguel Iskin, presidente da Oscar Iskin, tentou se esconder dos fotógrafos ao ser levado preso pela PF.
Foto: Pablo Jacob / O Globo



O empresário foi levado à sede da Polícia Federal, onde deve prestar depoimento.
Foto: Gabriel de Paiva / O Globo



Miguel Skin e seu sócio, Gustavo Estellita, são acusados de comandar um cartel de distribuidoras e fornecedoras de serviços que teria fraudado as licitações da Saúde durante a gestão de Côrtes, entre 2007 e 2013.
Foto: Gabriel de Paiva / O Globo



Levantamentos realizados nos portais da transparência da União e do Estado do Rio, o MPF verificou que, entre 2007 e 2017, duas das empresas ora investigadas, Oscar Iskin e Cia Ltda e Levfort Comércio e Tecnologia Médica Ltda, obtiveram montante aproximado de R$ 368.958.378,18.
Foto: Gabriel de Paiva / O Globo

Ex-secretário da Saúde, Sérgio Côrtes vai responder por corrupção, organização criminosa, lavagem de dinheiro e obstrução da Justiça. Ele foi gravado por um delator do esquema enquanto tentava combinar versões e ressaltava que partes do esquema deixaria de fora de uma eventual colaboração premiada sua.

— O colaborador decidiu passar informações de dentro da secretaria. De alguma forma, Sérgio Côrtes identificou que o esquema estava se desmantelando, procurou o colaborador e tentar embaraçar as investigações, evitar que a delação fosse completa. Já havia acordo de confidencialidade, e ele propõs que os dois combinassem versões de delação premiada — explicou El Hage, segundo quem o ex-secretário até ofereceu pagar pela defesa de Romero Vianna para dissuadi-lo a delatar.

A investigação continua. Segundo o procurador Timóteo, ainda é preciso rastrear pagamentos feitos no exterior. Miguel Iskin repatriou R$ 70 milhões depositados nas Ilhas Virgens Britânicas, o que indicou à força-tarefa que havia repasse em contas não declaradas em bancos estrangeiros. O empresário alegava que o dinheiro era fruto de comissões internacionais. Mas os agentes consideram que os recursos corroboram com a delação de Romero Vianna e evidenciam o superfaturamento nas licitações.

— Apesar da organização se utilizar de técnicas de criptografia, técnicas sofisticadas, pelo menos ele (Luiz Carlos Bezerra) fazia anotações e enviava e-mails para si próprio com toda a contabilidade (do esquema). Lá, ele discriminava a propina de cada setor do governo. É uma investigação complexa, o prejuízo pode ser bem maior — ressaltou El Hage.




ESPECIAL: ESQUEMA DE SÉRGIO CÔRTES DESVIOU ATÉ R$ 300 MILHÕES DA SAÚDE


Comandado pelo ex-secretário de Sérgio Cabral junto ao Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into) e a secretaria estadual, rombo se deu na compra de material hospitalar desde 2002


Por Chico Otavio e Daniel Biasetto
O Globo


A operação Fatura Exposta, versão da Lava-Jato no Rio, chegou à área da saúde pública e prendeu na manhã desta terça-feira o ex-secretário Sérgio Côrtes. A ação, que revelou um dos mais profundos e duradouros golpes no setor, também levou à prisão os empresários Miguel Iskin, presidente da Oscar Iskin, e seu sócio Gustavo Estellita Cavalcanti Pessoa. Eles são acusados de corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Pesa ainda contra Côrtes a acusação de obstrução à Justiça, na tentativa de atrapalhar as investigações ao tentar uma delação combinada com um ex-assessor.


Os desvios que levaram à prisão do ex-secretário são equivalentes ao dobro do orçamento anual do Hospital Municipal Souza Aguiar, considerado o hospital com a maior emergência pública da América do Sul.

A fraude, aplicada nas regras de importação, permitiu que uma máfia formada por empresários e gestores públicos desviasse, por pelo menos 12 anos (2003-2014), de 40% a 60% de um total de R$ 500 millhões gastos pela Secretaria Estadual de Saúde do Rio (SES) e pelo Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into) em compras internacionais de equipamentos médicos de alta complexidade, como macas elétricas, monitores transcutâneos, aparelhos cirúrgicos e unidade móveis de saúde.


Como o esquema fraudava as importações

Instituto Nacional de Traumato Ortopedia (INTO)
Márcia Foletto / Agência O Globo


A delação premiada de um ex-aliado, reforçada por três gravações de conteúdo comprometedor entregues à força-tarefa do Ministério Público Federal e da Polícia Federal, provocou a prisão do ortopedista Sérgio Côrtes, ex-secretário estadual de Saúde e braço-direito de Sérgio Cabral, do empresário Miguel Iskin, presidente da Oscar Iskin, uma das maiores distribuidoras de material médico do país, e de seu sócio, Gustavo Estellita Cavalcanti Pessoa.


Na delação, o advogado Cesar Romero Vianna, ex-subsecretário executivo da secretaria e ex-assessor da direção do Into, revelou que a prática de propina contaminou todos os gastos da Secretaria de Saúde . O esquema cobrava 10% de propina dos valores reembolsados. No caso da Secretaria, afirmou Romero, 5% eram reservados ao ex-governador Sérgio Cabral, 2% ao ex-secretário de Saúde Sérgio Côrtes, 1% para os conselheiros do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ) e 1% para a "máquina". Romero levava 1%.

A propina para Cabral era operada pelo ex-assessor Carlos Miranda, também preso na Calicute. Já o 1% para a "máquina" ficava a cargo do ex-secretário de governo do peemedebista, Wilson Carlos, também alvo da Lava-Jato.

O golpe consistia em usar a seu favor uma das leis que regulamentam a importação de material hospitalar. No esquema, o Into e a SES, ao adquirir os equipamentos, repassavam aos vendedores desses materiais o valor do custo e mais os impostos obrigatórios. Porém, por serem órgãos públicos, ambos (Into e SES) são isentos de pagar tributos. O dinheiro de impostos que era cobrado a mais (de 40% a 60% do total) virava propina paga pelos fornecedores, afirmou o delator.

CÔRTES ADMITIU AMIZADE

Além de Sérgio Côrtes, o delator denunciou que a fraude envolve o empresário Miguel Iskin, presidente da Oscar Iskin, empresa distribuidora de material hospitalar, e de seu sócio, Gustavo Estellita Cavalcanti Pessoa. Eles são acusados de comandar um cartel de distribuidoras e fornecedoras de serviços que teria fraudado as licitações da Saúde durante a gestão de Côrtes (2007-2013).

Em levantamentos realizados nos portais da transparência da União e do Estado do Rio de Janeiro, o MPF verificou que, no período de 2007 a 2017, duas das empresas ora investigadas Oscar Iskin e Cia Ltda e Levfort Comércio e Tecnologia Médica Ltda obtiveram em contratos relacionados à área da saúde o montante aproximado de R$ 368.958.378,18. Considerando as declarações do colaborador, que afirmou que ao menos 10% desses valores era desviados ao abastecimento da organização criminosa, poder-se-ia estimar que somente através dessas duas empresas teria havido o desvio de aproximadamente R$ 36.895.837,82 dos cofres públicos.

A força-tarefa vai ouvir os representantes legais das pessoas jurídicas Per Prima Comércio e Representações, Rizzi Comércio e Representações Ltda, Drager Industria e Comercio Ltda, Stryker do Brasil Ltda, Maquet do Brasil Equipamentos Médicos Ltda, bem como dos requeridos Jonas Ferreira Rigo, Michelle Costa Fonseca e Rodrigo Abdon Guimarães.

Outras grandes fabricantes internacionais de material médico foram citados por Cesar Romero como os maiores fornecedores dos equipamentos: Siemens do Brasil Ltda, Philips do Brasil Ltda, e Orthofix do Brasil Ltda.

Côrtes confirmou ao GLOBO que é amigo e médico de Iskin e sua família há mais de 20 anos. Mas negou ter feito qualquer tipo de negócio com o empresário, que também confirmou o laço de amizade.

De acordo com a delação, Estellita atuava como caixa do esquema, providenciando o pagamento da propina e controlando a contabilidade paralela. O grupo contava com uma casa de câmbio, a Folk Travel, para gerar recursos e organizar viagens internacionais.


FRAUDE NÃO POUPOU 'TAXA DE INCÊNDIO'

O delator também citou o então comandante do Corpo de Bombeiros, Pedro Marco Cruz Machado, como envolvido no esquema comandado por Côrtes. Nomeado por Cabral em 2007 para o posto, em cerimônia da qual também participou o ex-secretário de Saúde, o militar liberava recursos do Funesbom (Taxa de Incêndio) para importar materiais hospitalares, segundo a colaboração.
Romero afirmou aos procuradores da República que o esquema de importação começou em 2003, no Into, quando Côrtes era diretor-geral do órgão. Em 2007, migrou para a Secretaria Estadual de Saúde, assim que Côrtes assumiu a pasta, e durou pelo menos até 2014. Com base nos documentos que o delator entregou à força-tarefa, as compras realizadas nestes 12 anos somaram R$ 500 milhões para Into, Secretaria de Saúde e Corpo de Bombeiros.

O ex-coronel do Corpo de Bombeiros Pedro Marco entre Côrtes e Cabral em sua nomeação para comandante, em 2007 - Divulgação

As compras eram feitas por meio do sistema de pregão presencial. A brecha para o golpe foi aberta pela Lei 8666/93, que regulamenta as licitações. No artigo 42 e parágrafo 4º, a lei exige, para fins de julgamento de licitação, que o preço do equipamento oferecido pelo fabricante internacional seja acrescido "dos gravames conseqüentes dos mesmos tributos que oneram exclusivamente os licitantes brasileiros quanto à operação final de venda". O objetivo do artigo é garantir a competitividade da concorrência.

Fraudes na saúde

Esquema envolvendo a importação de material hospitalar permitiu que empresários e gestorespúblicos desviassem, durante pelo menos 11 anos, até R$ 300 milhões.




Definido o vencedor, os valores com os tributos previstos eram pagos por meio de carta de crédito em favor da empresa. Porém, quem importava pelos Portos do Rio de Janeiro e Paraíba não era o fabricante, que teria de recolher tais impostos (Imposto de Importação, Imposto sobre Produtos Industrizlizados, PIS/Cofins e ICMS), mas os próprios órgãos públicos, beneficiados pela isenção, garantida pelo parágrafo 1, do artigo 10 do Decreto Lei 37/66. O ente público não pode cobrar imposto dele mesmo.

Ele citou como exemplo do esquema a montagem de dois centros que seriam referência no tratamento e diagnóstico por imagem na realização de exames como ressonância magnética, mamografia, tomografia, Raios X, ultrassonografia e ecocardiografias: O Rio Imagem, inaugurado no Centro do Rio em dezembro de 2011 ao custo R$ 33,5 milhões; e o de Niterói, previsto para ser inaugurado em 2013 e que chegou até a adquirir os equipamentos necessários para seu funcionamento, mas sequer saiu do papel.

PROJETO SUPORTE AMPLIOU O GOLPE

No exterior, os valores pagos indevidamente eram repassados pelos fabricantes a Miguel Iskin em forma de taxa de serviços. Romero garantiu que a propina circulou em contas secretas internacionais. Além de comprar para si, o Into obteve, de acordo com a Portaria nº 401 do Ministério da Saúde (gestão do ex-ministro Humberto Costa, em 2005), o poder de adquirir equipamentos de alta complexidade para unidades federais espalhadas pelo país, ação que foi denominada na época de "Projeto Suporte".

De acordo com a delação, o pregão era viciado porque os requisitos exigidos para as empresas vencerem a disputa da licitação eram combinados e definidos previamente com os fornecedores do material. A partir daí, o diretor de vendas da Oscar Iskin, Marco Antonio Duarte de Almeida e seu irmão, Marco Vinicius, e Gaetano eram responsáveis pela organização da fraude licitatória.

GRAVAÇÃO DE DELATOR COMPLICA CÔRTES

Sérgio Côrtes é acusado de pagar desnecessariamente serviços
Fábio Guimarães / Agência O Globo



Três gravações de conteúdo comprometedor entregues à força-tarefa da Lava-Jato no Rio reforçaram as investigações contra o esquema. As gravações que Romero repassou ao MPF - uma com Sergio Côrtes e duas com Sérgio Vianna Júnior, irmão de Verônica - também mostram como o esquema funcionava. Elas revelam que Côrtes tentou acertar uma delação combinada com Romero, escondendo informações relevantes, e que Sérgio Vianna teria feito uma oferta em dinheiro para o delator, em nome do empresário Miguel Iskin, para que ficasse de boca fechada.



Côrtes procurou Romero em março, no escritório do ex-aliado, no Centro do Rio, após desconfiar que ele estava delatando. A conversa de 10 minutos foi gravada no local. O ex-secretário também tentou negociar com o MPF, mas a oferta foi rechaçada. Em ums dos trechos da gravação, Côrtes propõe a Romero que ambos poupassem o empresário Miguel Iskin nas delações, dando destaque para Arthur Soares, o "Rei Arthur", outro empresário envolvido nos esquemas da Saúde. Também propôs que os dois denunciassem um contrato da Oi, empresa telefônica, com o governo Cabral.

Romero tem duas conversas gravadas. Na primeira, diz que Sérgio Côrtes já sabia da delação de Romero e que pretendia procurá-lo, colocando fim a um afastamento de quase sete anos, desde que romperam. Na segunda, Côrtes ofereceu dinheiro para Romero ficar de boca fechada.

LICITAÇÕES ERAM VICIADAS

Fachada do prédio da Oscar Iskin, no Humaitá, zona sul do Rio
Ana Branco / O Globo

O delator garantiu que as licitações na compra de equipamentos, entre os quais tomógrafos, aparelhos de Raio-X, órteses, próteses e outros produtos médicos, eram viciadas. Os vencedores eram previamente escolhidos pelo cartel liderado por Miguel Iskin, que também coordenava a caixinha da propina. De acordo com a delação, os pagamentos eram feitos pelo sócio de Miguel, Gustavo Estellita, a Carlos Miranda (em nome de Cabral), Côrtes e Romero. A cada dois meses, Romero se encontrava com Miranda para checar a planilha de repasses.

Romero contou que o ex-secretário de Saúde é sócio oculto do empresário Miguel Iskin. O delator confessou que tinha uma conta conjunta com Sérgio Côrtes na Europa, vinculada a uma das empresas de Iskin, na qual ambos guardariam US$ 16 milhões, mas Romero garantiu que depois do rompimento com Côrtes não soube mais do destino desse dinheiro. A força-tarefa já rastreou mais de uma conta secreta no exterior pertencente a Iskin.

Cesar Romero também denunciou o pagamento de propina nas prestação de serviços continuados (alimentação, limpeza, vigilância, laboratórios, transportes, coleta e tratamento de lixo), estimadas em R$ 300 milhões mensais e na construção de 264 mil metros quadrados de UPAS, no valor de R$ 631 milhões.

Parte do dinheiro desviado, segundo o delator, era entregue a Carlos Miranda, apontado como o coletor de propinas do ex-governador Sérgio Cabral. Outra parte seria rateada entre Côrtes e Cesar Romero, que agora irá devolver o dinheiro.

Romero, na condição de subsecretário executivo, foi braço-direito de Sérgio Côrtes até ambos romperem em 2010, quando a Justiça do Rio abriu processo para julgar por improbidade administrativa o ex-subsecretário executivo, além de dois funcionários da secretaria e as empresas Toesa Service, Scar Rio e Multi Service. Eles foram acusados pelo Ministério Público estadual de fraudar a licitação que contratou, em 2009, a Toesa para a manutenção de 111 ambulâncias.

SOCIEDADE OCULTA

Romero contou que o ex-secretário de Saúde é sócio oculto do empresário Miguel Iskin. O delator confessou que tinha uma conta conjunta com Sérgio Côrtes na Europa, vinculada a uma das empresas de Iskin, na qual ambos guardariam US$ 16 milhões, mas Romero garantiu que depois do rompimento com Côrtes não soube mais do destino desse dinheiro.

A força-tarefa já rastreou mais de uma conta secreta no exterior pertencente a Iskin. Romero citou ainda o nome de uma agência de turismo usada por Iskin para a compra de passagens aéreas, reservas de hotéis e outras despesas de viagens internacionanis para membros da equipe de Côrtes na Secretaria de Saúde. As despesas seriam pagas por Iskin.

A convite de uma empresa fabricante de mamógrafos e tomógrafos móveis interessada em vender aparealhos médicos, os casais Sérgio Côrtes e Verônica Vianna e Miguel Iskin e mulher viajaram para a cidade de Oneonta, em Nova York, em 2010.

A delação também cita o nome de Pedro Henrique Di Masi Palheiro, ex-subsecretário Jurídico da Saúde. Ele teria viajado com a mulher para Nova York com todas as despesas pagas por Miguel Iskin. Pedro é filho do ministro Antonio Saldanha Palheiro, do Superior Tribunal de Justiça.
Ascensão e queda de Côrtes

Sérgio Côrtes (primeiro à esquerda), ao lado de Georges Sadala, Wilson Carlos e Fernando Cavendish
Reprodução


Indicado por Cabral (PMDB), na época um forte aliado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o médico e ex-secretário estadual de Saúde do Rio Sérgio Côrtes não é filiado a partido político e iniciou sua carreira como cirurgião ortopedista do Into, onde se tornou diretor-geral em 2002. Ganhou notoriedade ao assumir o cargo de interventor federal nos hospitais federais do Rio na gestão do ex-prefeito Cesar Maia, rival político do PMDB, começando assim a sua escalada na vida pública.


Nessa época, em 2005, Côrtes teve como principal missão colocar ordem na rede pública, o que teria lhe rendido ameaças e supostos atentados por conta das ações promovidas na saúde justamente contra fornecedores que fraudavam licitações e pagamentos superfaturados nas secretarias de saúde. Depois de pedir reforço em sua segurança, ele passou a receber escolta constante da Polícia Federal. Já Romero diz, em sua delação, que os atentados foram forjados.

A indicação de Côrtes para se tornar o interventor federal em hospitais municipais do Rio partiu do ex-ministro sa Saúde Humberto Costa (PT-PE).

Por ser o idealizador das Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs) na primeira campanha de Cabral ao governo do Estado, em 2006, Côrtes foi convidado para assumir a Secretaria de Saúde, tornando-se homem de confiança de Cabral. Seu projeto foi ainda estendido para o Ministério da Saúde na gestão de José Gomes Temporão e usado por Eduardo Paes (PMDB) em sua primeira campanha para prefeito.

Meses após a eleição de Dilma Rousseff para presidente da República, Cabral chegou a participar de uma reunião na Granja do Torto que teria tratado do nome de Côrtes para o Ministério da Saúde. Durante uma viagem à Argentina, Cabral chegou a dizer aos repórterees que ele seria o ministro da Saúde do próximo governo. O ex-governador viajou para Buenos Aires para inaugurar, ao lado de Côrtes, a primeira Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Argentina.


O ex-secretário de Saúde do Rio Sérgio Côrtes foi preso na manhã desta terça-feira, alvo da Operação Fatura Exposta.
Foto: Pablo Jacob / O Globo

A prisão de Côrtes atraiu curiosos e, inclusive, moradores do prédio. Uma vizinha que não quis se identificar disse ter pedido aos porteiros para que, 'quando esse dia chegasse', avisassem a ela "a hora que fosse'
Foto: Pablo Jacob / O Globo

A Polícia Federal (PF) chegou na residência do antigo secretário, na Lagoa Rodrigo de Freitas, por volta de 6h.
Foto: Pablo Jacob / O Globo

Apesar de os policiais federais terem chegado cedo ao prédio do ex-secretário, só deixaram o edifício com Côrtes às 9h21.
Foto: Pablo Jacob / O Globo

À frente dos policiais — e usando os mesmos trajes —, Côrtes é segurado pelo braço por um PF, enquanto carrega uma bolsa vermelha
Foto: Gabriel de Paiva / O Globo

Em outros tempos, Sérgio Côrtes era acompanhado por Sérgio Cabral, ex-governador do Rio (e também preso), no governo do qual chefiou a secretaria de Saúde entre 2007 e 2013.
Foto: Michel Filho / Agência O Globo


Ao contrário da época em que andava acompanhado por Cabral e pelo atual governador do Rio Luiz Fernando Pezão, atualmente Côrtes já não exercia mais nenhum cargo público.
Foto: Michel Filho / Agência O Globo

Na mesma operação desta terça-feira, a Fatura Exposta, também foi preso o empresário Gustavo Estellita Cavalcanti Pessoa.
Foto: Pablo Jacob / O Globo

Gustavo Estellita, sócio de Miguel Iskin, presidente da Oscar Iskin, tentou se esconder dos fotógrafos ao ser levado preso pela PF.
Foto: Pablo Jacob / O Globo


O empresário foi levado à sede da Polícia Federal, onde deve prestar depoimento.
Foto: Gabriel de Paiva / O Globo



Miguel Skin e seu sócio, Gustavo Estellita, são acusados de comandar um cartel de distribuidoras e fornecedoras de serviços que teria fraudado as licitações da Saúde durante a gestão de Côrtes, entre 2007 e 2013.
Foto: Gabriel de Paiva / O Globo



Levantamentos realizados nos portais da transparência da União e do Estado do Rio, o MPF verificou que, entre 2007 e 2017, duas das empresas ora investigadas, Oscar Iskin e Cia Ltda e Levfort Comércio e Tecnologia Médica Ltda, obtiveram montante aproximado de R$ 368.958.378,18.
Foto: Gabriel de Paiva / O Globo


A escolha de Sérgio Côrtes causou polêmica no PMDB. O presidente do partido e então vice-presidente eleito, Michel Temer, chegou a dizer que a escolha de Côrtes era da cota pessoal de Dilma e que não entraria na cota de cinco ministérios do partido.


Com o fortalecimento do nome de Côrtes na gestão Cabral também vieram as primeiras denúncias. O ex-secretário passou a ser alvo de uma série de investigações e acusações nos contratos de manutenção de ambulâncias suspeitos de superfaturamento no valor de de R$ 2,6 milhões. A denúncia envolvia também Romero. Em 2013, o então secretário de Saúde do Rio chegou a ser condenado pela Justiça por desvio de verba pública. A sentença da juíza Simone Lopes da Costa, da 8ª Vara de Fazenda Pública, teve como objeto a ação pública movida pelo Sindicato dos Médicos do Rio e citava movimentações de R$ 100 milhões.

A Polícia Federal chegou a indiciar Côrtes e outras três pessoas, após encontrar falhas em contrato do Into com a empresa Toesa Service, celebrado em 2005. O contrato sofreu dois aditivos em setembro. No total, o Into pagou R$ 2 milhões à Toesa. As acusações encaminhadas ao Ministério Público Federal incluem peculato (desvio por servidor público), concurso de pessoas (cometimento da infração penal por mais de um pessoa) e comunicação ao particular da elementar do crime (quando as circunstâncias do crime são atribuídas a todos os envolvidos) no contrato para manutenção de 72 ambulâncias do Samu, que, segundo a PF, custou R$ 1 milhão a mais do que deveria.

Atualmente Côrtes exerce o cargo de vice-presidente Médico da Rede D´Or.

Côrtes: Tristeza por Cabral


Côrtes diz que responsabilidade por processos era de subsecretarias
Marcos Tristão - 24/03/11 / O Globo


Em entrevista por email, há três semanas, Sérgio Côrtes disse que viu com tristeza a prisão do ex-governador Sergio Cabral, a quem serviu durante oito anos. Ele admitiu ser amigo pessoal e médico da família de Miguel Iskin há 20 anos.


O senhor tinha um prazo de 30 dias dado pelo TCE para apresentar a sua defesa em relação ao processo que apura irregularidades na contratação e prestação de serviços de oito cooperativas ligadas à Secretaria Estadual de Saúde. O senhor apresentou a defesa no prazo?

Sim, minha defesa foi entregue.

Se o senhor já apresentou, pode nos falar como ela foi fundamentada?

Minha defesa encontra-se nos autos do processo.

O senhor já foi um dos principais secretários do governo Cabral. Como vê hoje o fato de alguns integrantes de sua gestão serem acusados de desvios em contratos públicos, incluindo o próprio governador?

Com muita tristeza.

O senhor era amigo íntimo do ex-governador, viajava com ele em agendas privadas, esteve com Sérgio Cabral em 2006 quando o então candidato eleito fez uma viagem a Nova York para comemorar a vitória nas urnas. Quais foram as outras viagens?

Era amigo pessoal do ex-governador Sérgio Cabral, tinhamos convívio social e viajamos algumas vezes juntos.

É sabido que o ex-vice-presidente da Odebrecht Infraestrutura Benedicto Junior é um dos principais delatores da empreiteira. O senhor é amigo pessoal de Benedicto Junior, fez negócios com o mesmo, ou frequentava sua casa na Praia de São Braz, no condomínio PortoBello?

Sou amigo pessoal de Benedicto e frequentamo-nos socialmente. Não fiz negócios com ele.

O senhor poderia explicar qual a sua função hoje na Rede D`Or, se tem empresas em seu nome ou em sociedade no Brasil ou no exterior?

Sou Vice-Presidente Médico da Rede DOr. A única empresa em meu nome é minha clínica privada - Sérgio Côrtes Cirurgia Ortopédico LTDA. Não tenho nenhuma empresa no exterior.

Levantamentos indicam que a empresa Oscar Iskin firmou durante o período e depois de sua gestão no Into contratos para o fornecimento de material hospitalar. O senhor conhece a empresa e o seu proprietário Miguel Iskin? É amigo dele? Tem negócios privados com ele?

Sou amigo pessoal, medico dele e de sua família há mais de 20 anos. Nunca tive negócios com o Miguel.

O senhor poderia citar o nome dos principais fornecedores de material hospitalar e o volume de compras dessas empresas junto à Secretaria Estadual de Saúde durante a sua gestão?

Sai da SES em 2013 e não tenho esta informação. As compras públicas são feitas por licitação, sendo possível levantar os nomes desses fornecedores consultando os sistemas de informação do governo do estado.
          Iskin: 'Fernando Baiano é meu amigo'

 

O presidente da Oscar Iskin, Miguel Iskin, durante a CPI do Senado que investigou irregularidades em cirurgias para implate de próteses - Senado Federal


O empresário Miguel Iskin, em respostas dadas por email, em março, disse que nunca teve relações profissionais com Sérgio Côrtes. Ele admitiu ser amigo de Fernando Antonio Falcão Soares, o Fernando Baiano, que frequentava a sua empresa no Humaitá, Rio de Janeiro.


O senhor é amigo pessoal do médico e ex-secretário de Saúde Sérgio Côrtes?

Sim, sou.

Já fez viagens ao exterior ou participou de eventos privados no exterior com Sérgio Côrtes?

Não.

Quando o senhor conheceu o ex-secretário Sérgio Côrtes?

Há mais de 25 anos.

Desde quando, as empresas do seu grupo, entre as quais a Oscar Iskin e a Sheriff, fornecem material médico ou derivados, para o INTO? O senhor poderia mostrar um histórico dos negócios com o INTO (volume de vendas, tipo de material etc)?

Constamos como um dos principais fornecedores, participando de licitações desde a sua fundação, há mais de 40 anos.

Alguma das empresas do grupo foi fornecedora de material médico, entre 2006 e 2014, para a Secretaria Estadual de Saúde? Que tipo de material? Teríamos algum dado sobre o volume de negócios?

No período mencionado, nas licitações em que participamos e saímos vitoriosos, o volume total de negócios foi de R$ 2 milhões.

O senhor teve negócios na área de petróleo? Conheceu o ex-presidente da Transpetro Sergio Machado? Em algum momento, ele lhe cobrou algum tipo de pagamento ilícito?

Não, nunca tivemos negócios na área de petróleo. Nunca nos foi solicitado e não fizemos pagamentos ao ex-presidente da Transpetro Sergio Machado.

O senhor tem relações profissionais com algum parente direto ou indireto de Sérgio Côrtes?

Não, nunca tive.

Fernando Baiano, que cumpre prisão domiciliar como colaborador da Lava Jato, era frequentador da sede da Oscar Iskin no Humaitá?

Fernando é meu amigo e, nessa condição, esteve algumas vezes na empresa.

OUTROS LADOS

A Philips do Brasil informa que tomou conhecimento na data de hoje sobre a citação da empresa em matérias veiculadas na imprensa sobre a compra de equipamentos médicos por instituições públicas no Rio de Janeiro. A Philips possui processos de compliance devidamente estruturados e está à disposição para prestar esclarecimentos quando requisitados.

A Oscar Iskin ainda não teve acesso aos autos da investigação promovida pelo Ministério Público Federal, mas nega o envolvimento em práticas ilícitas. No decorrer das investigações ficará comprovado que nenhuma irregularidade foi cometida pelo seu sócio-controlador ou por qualquer outro representante da empresa. Com reputação construída ao longo de mais de sete décadas, a Oscar Iskin seguirá à disposição das autoridades para prestar todas as informações necessárias ao esclarecimento dos fatos.

Diretor da Rizzi, Vladimir Rizzi disse que não tem informações sobre a operação da Polícia Federal e, por isso, não vai comentar.

A MD Internacional foi comprada pela Welch Allyn, que afirmou não ter informações sobre o caso até o momento.

A companhia Rede D´Or esclarece que diante dos fatos ocorridos na data de hoje foi decidido pelo desligamento imediato do Dr. Sérgio Côrtes. A instituição ressalta ainda que não procede a informação sobre repasse de valores.

Sérgio Cortes passou a integrar a diretoria da companhia, em junho de 2014, atuando na área médico-assistencial. Os fatos e eventos citados em investigação dizem respeito ao período anterior a sua contratação.

Procuradas, as empresas Maquet, Per Prima, Drager e Indumed não se manifestaram até o momento. Não foram localizados representantes da Aka Trade, Comercial Médica, DBS3 Comercial Científica, Helo Med, Dixtal, New Service, Ultra Imagem, M&M Lopes, Stryker, Macromed, Multimedic e Aga Med.


11/04/2017